Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

TRANSLATE

Busque arquivos antigos

31 de outubro de 2007

Frida Kahlo

FUGINDO DA ROTINA
Pessoas e PESSOAS
Às vezes nos deparamos com pessoas que até parecem que são perseguidas pela sorte. Tudo o que há de ruim e catastrófico acontece para elas: perdas familiares, doenças graves, acidentes pessoais...
Observamos que algumas vivem como derrotadas, são tristes, pessimistas e depressivas. Vivem desanimadas, procuram ocupar-se o mínimo possível, consideram-se inúteis e são comodistas ao extremo, esperam que tudo aconteça por mãos alheias, através da bondade de alguém. Perguntam a si próprias: “Por que sofro tanto?” Essas pessoas nunca se movem pois aguardam a sorte. Não fazem nada por si mesmas.
Em contraposição, outras não se deixam abater. Lutam contra qualquer adversidade. Conseguem superar grandes tragédias, abraçam grandes causas em benefício da humanidade. Quando analisamos, descobrimos que estas pessoas se destacam das demais e são vitoriosas porque estão alicerçadas na fé, no esforço pessoal, no pensamento positivo e, principalmente, no desejo de superação e na alegria de viver. De suas vidas podemos tirar grandes lições.
Dentre estas pessoas, merece um destaque especial Frida Kahlo, pintora mexicana (1913-1957). Teve tudo que precisava para ser uma derrota, mas não se deixou abater. Sua vida pode ser comparada a um martírio. Doente e com problema físico, Enfrentou também outras controvérsias, ainda assim procurou ser útil à sociedade e a si própria.
Leia sua biografia e veja que exemplo de garra e determinação.
Terezinha Bordignon
FRIDA KAHLO
Em 6 de julho de 1913, em Coyoacán, México, após violenta guerra civil, nasceu Magdalena Carmen Frida Kahlo e Calderón. A terceira de quatro filhas do casal Matilde Calderón e Guillermo Kahlo, pintor e fotógrafo oficial do Governo.
Moderna para seu tempo e até para os tempos atuais. De incrível criatividade, recebeu de biógrafos inúmeros adjetivos: feminista, ativista, mexicanista, surrealista, pioneira...
Aos 6 anos teve poliomielite o que provocou o emagrecimento de sua perna direita. As crianças zombavam dela. Para superar o sofrimento, circulava pelas ruas e jardins fazendo verdadeiras acrobacias em bicicletas e patins. Quando jovem tentava esconder as seqüelas debaixo das calças masculinas, usando duas ou três meias para engrossar a parte mais fina. Ficou coxa. Chegou a usar roupas de homem. Mais tarde disfarçou usando compridas saias mexicanas. Mas era bonita e delicada.

Teve várias ligações amorosas e rompimentos; vivenciou traições; buscou amores; entregou-se à Arte; identificou-se com marginalizados e com o dramas humanos; viveu constantemente rodeada de pessoas, foi narcisista...
Em 1922 iniciou Medicina, mas não pode terminar o curso. Entre 1922 e 1925 assiste aulas de desenho e modelado. Conhece Diego Rivera.
Em 1924 2 1925 tem aulas de desenho e cobiça a caixa de tintas do pai.
Em 1925 aprende a técnica da gravura; No mesmo ano, com apenas 20 anos sofreu um grave acidente com muitas lesões que causaram dores e problemas por toda sua vida. Uma batida com um bonde. Tem o corpo atravessado pelo corrimão. O ferro entrou na região pélvica e saiu pelas costas, atravessando a coluna vertebral. Passa um mês no hospital e três meses na cama.
No ano de 1926 os médicos detectaram uma vértebra quebrada o que exigiu o uso de colete durante nove meses. Durante a convalescença recebe de presente a cobiçada caixa de tintas do pai. Começa a pintar deitada na sua cama, através de um cavalete. Tinha um espelho perto e assim começou a pintar auto-retratos.
Em 1928, Frida, com 21 anos, ingressa no Partido Comunista Mexicano. É ativista. Reencontra Diego Rivera, mexicano, com 24 anos, pintor muralista que estudou na Europa.
Rivera conheceu o cubismo em Paris. Estudou Goya e El Greco. Na Itália conheceu os afrescos de Giotto. Estudou pintura no México. Era alto, gordo e feio, mas inteligente. Com 42 anos era o dirigente do Partido Comunista e foi apresentado a Frida por Tina Modotti, fotógrafa americana ativista do partido. Rivera viu os quadros de Frida, ficou impressionado e afirmou que ela tinha uma personalidade artística própria. Estimulou Frida a continuar pintando.
Apaixonam-se e se casam em agosto de 1929.
Em 1930, ocorre o primeiro aborto espontâneo de Frida. Seu desejo de ser mãe nunca será realizado. Em novembro desse ano partem para os Estados Unidos, onde Diego realizará algumas obras.
Entre 1931 e 1934 passa a maior parte do tempo em Nova Iorque e Detroit com o marido. Conhece Dr. Leon Eloesser, que diagnostica escoliose e achatamento de disco de sua coluna. Nesse período aumentam as dores, assim como a deformidade da perna direita.
Sofre intensamente devido a uma ferida que tem no pé, suspeita de sífilis.
No ano seguinte, 1932, ocorre seu segundo aborto. Poucos meses depois morre sua mãe.
Em 1934 tem uma terceira gravidez, seguida de novo aborto e a realização de cirurgia para amputação de vários dedos de seu pé direito e ainda a descoberta do romance vivido por Diego com Cristina, irmã mais nova.
Magoada, separa-se de Diego e tem um caso de amor com o escultor Isamu Noguchi.
Em fins de 1935, início de 1936, volta para o México, reconcilia-se com Diego, após o término do romance com a irmã Cristina. Submete-se a nova operação no pé direito.


Em 1936 pinta “Mis abuelos, mis padres y yo”. Dispõe os rostos dos avós maternos sobre uma paisagem montanhosa e dos paternos flutuando sobre o oceano.
Entre 1937 e 1939 vive um romance em sua casa de Coyoacán com Leon Trotski, a quem presenteia com o “Autorretrato”. Frida e Diego divorciam-se em 1939. No mesmo ano expõe em Paris.
Vivendo um período de crise depressiva, Frida passa a alcoolizar-se com freqüência, mas pinta em 1939 “Lãs dos Fridas”, uma das suas telas mais famosas, exposta em 1940 na “Exposição Internacional do Surrealismo”. Retrata as emoções envolvidas na crise e na separação. As duas Fridas se encontram sentadas de mãos dadas; uma delas veste uma roupa tipicamente mexicana, a outra usa vestido branco, de estilo vitoriano. As suas mãos se tocam, mas a verdadeira ligação entre ambas é a artéria que as une, saindo de um coração da Frida mexicana e correndo em direção ao coração da européia. Uma artéria desce do coração da Frida vestida de branco e seu sangue goteja na roupa. O conjunto mostra as duas sociedades distintas; o México que está representado com a fonte da vida e a Europa puritana que se esvai em sangue. A sexualidade de Frida mexicana está bem enfatizada pelas suas pernas mais abertas.

Nessa mesma época pinta o “Autorretrato com collar de espinas y colibri”. Além dos problemas com a perna e com a coluna, Frida tem uma infecção de fungos na mão direita. O símbolo cristão do sofrimento continua na coroa de espinhos.
Em 1940 sofre freqüentes crises depressivas, dores, um novo tratamento em São Francisco mas, traz o reconhecimento público e o segundo casamento com Diego Rivera.
Após a morte do pai, em 1941, passa a morar na casa da família.
Em 1942, início de seu “Diário”, seu estado de saúde piora e ela passa a dar aulas em casa. Segue pintando retratos que lhe são encomendados, dentre eles: “Diego em mi pensamiento” e “Pensando em la Muerte”.
A partir de 1943 dá aulas na escola La Esmeralda.
Em 1944 pintou “La columna rota”. Quando sua coluna se agravara muito e precisou usar um colete de aço. Esse quadro é um grito de dor. Uma coluna jônica, fraturada em vários pontos, substitui sua própria coluna dorsal fraturada e nos fala da dor. A rachadura e as profundas gretas na árida paisagem compõem o cenário interno/externo dessa dor. Os cravos espalhados pelo rosto e pelo corpo lembram o martírio de São Sebastião. Lágrimas vertem do rosto que sofre, mas mantém o corpo rigidamente ereto.

Em 1945 dá aulas, em casa; É desse ano o quadro “La máscara”.
Em 1946 vê com esperança a possibilidade de uma viagem a New York para um enxerto ósseo na coluna. Pinta “La venadita” ou “El venado Herido”, onde representa-se com o corpo de um jovem veado e com sua cabeça coroada com uma enorme galhada.


Após a operação, pinta “Arbol de la esperanza mantente firme”. Os corpos contrastam profundamente entre si: um enfraquecido, violado, mutilado, sangrando, as feridas do corpo misturando-se às fendas da paisagem, o olhar dirigido para o abismo; o outro, altivo, vigoroso, ereto, olhando para o futuro. Novamente a dualidade presente nas duas protagonistas e também no dia e na noite. Ao sol é atribuído o corpo ferido, à lua a mulher altiva.
Do mesmo ano é outra obra, um desenho, em que ela se retrata mais uma vez, com o brinco dado por Picasso, um colibri incorporado ao seu rosto e, mais uma vez, com lágrima nos olhos.
Em 1947 sofre mais um aborto, mais uma frustração.


No ano seguinte reingressa no Partido Comunista Mexicano. Nesse período passa a centuar traços masculinos em si mesma, como o buço claramente delineado em “Autorretrato com medallon”.

Em 1949 cria o quadro “El abrazo de amor de El Universo, la tierra”.
O ano de 1950 e parte de 1951 são de sofrimento. Passa nove meses no hospital com sucessivas infecções, submetendo-se a sete cirurgias. Usa sucessivos coletes de gesso, que pinta com vários motivos e cores. Pinta outras obras, um quadro sobre sua família que nunca terminará. Recebe alta, mas passa utilizar cadeiras-de-rodas.

Toma regularmente comprimidos para amenizar as fortes dores e cria dependência química. Produz várias naturezas mortas e um auto-retrato “Autorretrato com el Dr. Juan Farril”, pintado com seu próprio sangue, tendo o coração como palheta.

Nesse ano de 1951 faz um desenho “Ala rotas”, é um anjo em chamas, no qual retrata a si mesma parada no meio de uma fogueira. As chamas a envolvem e chegam até suas asas.
Em 1952 engaja-se em movimento pela paz.
Em abril de 1953 tem sua primeira exposição individual no México. Muito fragilizada, comparece deitada em sua cama. Segue fazendo naturezas mortas, acrescentando-lhes mensagens afixadas em bandeirolas ou “talhadas” nas próprias frutas.
Em 27 de julho de 1953, com 46 anos teve complicações circulatórias. Amputam sua perna direita até a altura do joelho. Em seu diário, encontra-se o desenho da perna amputada com uma coluna rodeada de espinhos com a legenda:
“Pies para qué los quiero
Si tengo alas pa´volar.”
Em fevereiro de 1954 escreve no diário:
“Amputaram-me a perna há seis meses, deram-me séculos de tortura e há momentos em quase perco a razão. Continua a querer me matar (...) nunca sofri tanto em toda minha vida. Vou esperar mais um pouco...
Em abril de 1954 é internada, provavelmente por tentativa de suicídio, mas seu fervor político é tal que convalescendo de uma pneumonia, onze dias antes de sua morte, sai às ruas, na cadeira-de-rodas, empunhando cartazes em manifestação de protesto pela intervenção norte-americana na Guatemala.
Ao que tudo indica, seu último quadro é “Viva la vida”: rubras melancias e a mensagem de vida talhada em uma de sua fatias.
O último desenho no diário é um anjo negro acompanhado da seguinte frase: “Espero alegre la salida Y espero no volver jamás.”
Em 13 de julho de 1954, aos 47 anos, adoeceu de pneumonia e morreu de embolia pulmonar. Seu corpo foi cremado. No seu diário a última frase causou muitas dúvidas: “Aguardo contente a saída e espero nunca mais voltar”.
Rivera morre três anos depois, em 24 de novembro de 1957.
Quatro anos após sua morte, sua casa familiar transforma-se no Museu Frida Kahlo.
Pesquisadores mexicanos descobriram que Frida Kahlo poderia ter sido envenenada por uma das amantes de Diego Rivera. Diego teria mandado uma de sua amantes colocar veneno de rato na comida de Frida. Essas pesquisas foram feitas com base na autópsia de Frida Kahlo.
A pintura de Frida Kahlo retrata a dor da solidão, o sangue de seu monólogo interior, sua força biológica, sua sensualidade, sua sensibilidade finíssima, sua inteligência explendorosa.
Seus quadros têm o fantástico, que muitos procuram enquadrar como surrealista, o que é um erro. Enquanto os surrealistas pintavam o subconsciente, o escondido, o sonho, o irreal, Frida pinta as emoções que passou em sua vida. A doença sempre esteve presente em sua obra. O fantástico em Frida é o real, o consciente. A sua pintura é única, é quase uma biografia de paixão e dor. Frida impressiona! A sua frágil figura contrasta com a força de sua procura por liberdade. A sua fraqueza física não a impediu de lutar contra a doença dos povos, a opressão dos mais fracos. Kahlo é considerada ainda hoje a mais importante artista latino-americana, seus quadros são vendidos por milhões de dólares.
Bibliografia
Wikipédia, a enciclopédia livre
FRIDA KAHLO: PERSONAGEM DE SI MESMA
Por Lígia Assumpção Amaral
Instituto de Psicologia/USP
SUGESTÕES DE ATIVIDADES:
a) Imprimir o texto (quantidade para trabalhar em grupo)
b) Leitura do texto em grupo.
c) Dar algum tempo para que os alunos comentem entre si sobre a biografia de Frida e discutsam sobre as pinturas
d) Troca de idéias
e) Produção de textos: Cada aluno escreve sua auto-biografia
f) Expressão artística: (Fazendo o uso de espelho), cada aluno desenha seu auto-retrato numa folha de cartolina tamanho A4. Colorir com lápis de cor.
g) Exposição coletiva dos textos e dos auto-retratos dos alunos.

Coma pizza



Esta pizza é uma delícia. Massa bem é fininha, macia, borda recheada com queijo catupiri e você pode variar o sabor.
Acesse o link Ponto de encontro


30 de outubro de 2007

Felicidade Clandestina


Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.

Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".

Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E, completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.

Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança de alegria: eu não vivia, nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.

Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra.

Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.

Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre ia ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

Clarice Lispector




Sugestões filmes de curta metragem. Assista aos filmes, leia os comentarios e veja as sujestões para trabalhar com os alunos. Clik no link, digite o nome do filme e assista Felicidade Clandestina de Clarice Lispector

http://www.portacurtas.com.br/busca.asp




EXPLORAR:


ENREDO: de seqüência linear com grande carga psicológica.

ÉPOCA E DURAÇÃO: não são precisas

PROTAGONISTA: a narradora que sofre sozinha. Daí o nome felicidade clandestina

ANTAGONISTA: a dona do livro

PERSONAGEM SECUNDÁRIA: a mãe

TEMPO ÉPOCA: o ontem - 25 anos atrás, As Reinações de Narizinho - cortiço e pobreza em oposição a riqueza e bens.

TEMPO DURAÇÃO: algumas semanas

ESPAÇO: Recife, o portão da casa da menina rica

NARRADOR: em 1ª pessoa – a protagonista – mostra seu sofrimento interior por não conseguir seu objeto de desejo, o livro. Esse sofrimento se expressa fisicamente, pelas olheiras. Depois mostra seu prazer em tê-lo pelo tempo que quisesse.

CLASSES SOCIAIS: duas, a rica e a pobre

PRECONCEITO: contra pessoas gordas – contra pessoas pobres

ATÉ O 3° PARÁGRAFO: apresenta a descrição das personagens

RELACIOMENTO: a mãe da menina rica não conhecia a filha que tinha

EXPRESSÕES DE TEMPO: até que, no outro dia, no dia seguinte

DESENHO DO TEXTO: em história em quadrinhos. LEITURA - Reinações de Narizinho - (monteiro Lobato)

29 de outubro de 2007

Aliteração com P

Só a letra P...

APENAS A LÍNGUA PORTUGUESA NOS PERMITE ESCREVER ASSIM...



Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor Português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar Panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se, principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profunda privação passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... - Preciso partir para Portugal por que pedem para prestigiar patrícios Paulo. - Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir. Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: - Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia.


Porque pintas porcarias?

- Papai, - proferiu Pedro Paulo - pinto porque permitistes, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal. Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeito: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaus, piabas, piaparas, pirarucus. Partiram pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo pereceu pintando...

Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar.

Pensei. Portanto, pronto: Pararei!

E há quem se ache o máximo quando consegue dizer: "O Rato Roeu a Rica Roupa do Rei de Roma."!


COMENTÁRIO:



Há algum tempo postei um texto escrito por mim com o título aliteração. Nele uso a letra “d” em todas as palavras. Recebi o texto acima, escrito de forma semelhante, agora com a letra “p”, muito interessante. Você pode pedir apenas uma leitura do texto, os alunos irão, sozinhos, arriscar algumas criações. como o texto fala sobre pintor e pintura, você também pode comentar sobre a importância de manter as paredes da escola preservadas, sobre os gastos para se fazer uma pintura nova. Outro assunto que pode ser comentado é sobre os vandalismos que algumas pessoas cometem contra muros e paredes. Depois peça desenhos sobre o texto e estes, posteriormente serão coloridos com pétalas e folhas de flores ou lápis de cor.... Para finalizar, faça uma exposição das pinturas.

Natal antecipado



Produção de texto:

Quando o Natal se aproxima, os alunos em sala de aula são escassos. Apenas alguns mais necessitados, e o professor dificilmente explora um assunto tão rico. Há muitas atividades que podem ser feitas, como por exemplo: leitura, textos, desenhos, cartões, enfeites de porta, cartas para Papai Noel, árvores, presépios de sucata..., mas a necessidade de reforçar alguns conteúdos e encerrar as avaliações, não permitem muita variação. Que tal adiantar-se um pouco, enquanto todos estão motivados, e dar uma atividade rápida? Com o desenho acima, proponha a seguinte produção de texto:

Numerar os alunos em 1, 2 e 3: Os alunos nº 1, escrevem sobre as delícias e vantagens de um chester assado na ceia de Natal: Os alunos nº 2 escrevem contra, propondo as vantagens de um Natal vegetariano. E os alunos nº 3 escrevem a partir do ponto de vista do chester, propondo o peru para a Ceia de Natal. Terão de argumentar as razões.


Não há necessidade de recolher os textos e fazer a correção. Os alunos deverão de
fazer a leitura para a classe ouvir e comentar.

Paulo Coelho



escritas por Chuang Chu, há três mil anos:
A fé antes de entrar numa batalha, é preciso acreditar no motivo da luta.
O Companheiro escolha os seus aliados e aprenda a lutar acompanhado, porque ninguém vence uma guerra sozinho.
O tempo uma luta no inverno é diferente de uma luta no verão; um bom guerreiro presta atenção ao momento certo de entrar em combate.
O espaço não se luta num desfiladeiro da mesma maneira que numa planície. Considere o que existe à sua volta, e a melhor maneira de se mover.
A estratégia o melhor guerreiro é aquele que planeja o seu combate.
Paulo Coelho
Do livro “Manual do Guerreiro da Luz”

Desenhos para colorir


Dia de Finados




Quando chega o mês de novembro não há quem fique alheio a uma data marcante: “Dia de Finados”. A maioria das pessoas, de muitas religiões, de uma forma ou outra, fazem orações e visitam os túmulos de seus entes queridos, acreditando que seus corpos morreram, mas estão vivos em outra dimensão.
Nesta datas, ficamos mais sensíveis, porque recordamos as pessoas que muito amamos, mas que não estão mais ao nosso lado. São pessoas que partiram há muitos anos, outras recentemente. O fato de visitar os cemitérios confirma a certeza de que um dia, apesar de não desejarmos, iremos também desvendar esse grande mistério que é a morte.
Às vezes a morte vem de surpresa, outras vezes precedida por longa enfermidade. Não poupa ninguém: pobres e ricos, jovens e velhos, de todos os lugares, de todos os tempos. É para todas as criaturas. Quando chega, todos somos abalados emocionalmente, inclusive os animais. É o que podemos ver no texto abaixo, que recebi do leitor deste Blog “Eduardo Sales”.: Um pássaro demonstra seu sentimento de impotência, de tristeza e de dor diante da morte.


A Morte - A Dor de uma perda

Aconteceu numa praça, no Japão. Não se sabe como o pássaro morreu. Ele estava ali no asfalto, inerte, sem vida. Seria um fato corriqueiro, mas o fotógrafo fez a grande diferença.

A Solidariedade

Segundo o relato do fotógrafo, uma outra ave permanecia próxima àquele corpo sem vida e ficara ali durante horas. Chamando pelo companheiro, ela pulava de galho em galho, sem temer os que se aproximavam, inclusive sem temer ao fotógrafo que se colocava bem próximo.
A Solicitação

Ela cantou num tom triste. Ela voou até o corpinho inerte, posou como querendo levantá-lo e alçou vôo até um jardim próximo. O fotógrafo entendeu o que ela pedia e, assim, foi até o meio da rua, retirou a ave morta e a colocou no canteiro indicado. Só então a ave solidária levantou vôo e, atrás dela, todo o bando.
A Despedida

As fotos traduzem a seqüência dos fatos e a beleza de sentimentos no reino animal.Uma Questão de Amor e Carinho.

Segundo o relato de testemunhas, dezenas de aves, antes de partirem, sobrevoaram o corpinho do companheiro morto. As fotos mostram quanta verdade existiu naquele momento de dor e respeito.
Um grito de dor e lamento

Aquela ave que fez toda a cerimônia de despedida, quando o bando já ia alto, inesperadamente voltou ao corpo inerte no chão e, num grito de não aceitação da morte, tenta novamente chamar o companheiro à vida. Desesperada, mas com amor e carinho, ela se despede do companheiro, revelando o seu sentimento de dor.
Colaboração: Eduardo Sales

Palavras de sabedoria


Acho que a morte é que faz a vida ser tão boa. Já imaginou que horror viver eternamente? Para sempre? Não poder morrer, não poder acabar? E é por isso que viver é tão bom, é tão impressionante, é tão prazeroso.”

Paulo Autran

Encontro Marcado


Uma antiga lenda árabe conta a seguinte história de um pajem do sultão de Bagdade.

Um dia, um jovem pajem apresentou-se ao seu senhor e, muito nervoso, pediu-lhe um dos seus melhores cavalos, dos mais velozes.

_ Vi a morte no jardim _ disse _ e ela fez-me um gesto estranho. Quero fugir imediatamente para Bassorá para me esconder no mercado. A morte nunca irá dar comigo naquele lugar...

O sultão deu-lhe o seu melhor cavalo e o jovem afastou-se rapidamente, a galope. O sultão mais tarde desceu ao jardim e vendo a Morte que ainda estava por ali, perguntou-lhe porque tinha ameaçado aquele jovem.

_ Não o ameacei _ respondeu a Morte. Simplesmente, muito admirada, levantei o braço e perguntei-me: “Como é possível que ele ainda ande por aqui, se dentro de quatro horas tenho um encontro marcado com ele no mercado de Bassorá?

Paulo Coelho

COMENTÁRIO:

Todos nós temos um encontro marcado com a morte, só que não sabemos quando isso vai acontecer. É um encontro que nos dá medo, porque nunca vivemos a experiência. Fugimos dele constantemente, até em pensamento. Quando involuntariamente da morte nos recordamos ou quando, num diálogo, tocamos no assunto sentimos um arrepio, batemos três vezes numa madeira, dizemos alguma frase para afugentá-la. Esta parábola exemplifica muito bem nosso comportamento. Podemos adiar esse encontro cuidando de nossa saúde, evitando viver perigosamente, fugindo de ambientes perigosos, colocando alarmes, tomando remédios, fazendo exercícios físicos, enfim, procuramos preservar e prolongar, de todas as formas nossa vida, pois é o maior bem que possuímos. Um dia a morte chegará, ou de surpresa, ou através de alguma doença, ou de velhice. “Onde será nosso mercado de Bassorá?”

"Terezinha Bordignon"

Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, pois cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra. Cada um que passa em nossa vida, passa sozinho, mas quando parte, nunca vai só nem nos deixa a sós. Leva um pouco de nós, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito, mas há os que não levam nada”

Nascimento

Quando olhamos para uma pessoa idosa, dificilmente imaginamos que ali existiu um bebê, um adolescente, um jovem.

A gestação é apenas uma primeira etapa do nascimento. Fora do útero, nosso corpo continua o processo de nascer. Depois que saímos do ventre de nossa mãe, continuamos nascendo. Nosso corpo vai sendo transformado todos os dias, quer queiramos ou não.

Somos semelhantes a uma planta, que germina dentro da terra de onde retira os nutrientes, depois nasce muito frágil, parece que não vai suportar a chuva, o sol, o vento, mas vai crescendo e atinge a maturidade. Uma frágil planta transforma-se numa árvore forte, bonita, frondosa e inicia outra vez o processo de reprodução, formando novas sementes. O tempo passa, seu tronco continua engrossando, crescendo. Quanto mais velha, maior.

Quando bebês, nossa pele é tenra, delicada, clara, sem mancha. Tornamos-nos crianças, jovens, adultos. Vamos crescendo, cicatrizes vão deixando sua marcas: um corte, uma queimadura, um osso que se quebra, isso faz parte do nascimento físico. Podemos comparar essa mudança física revendo fotos tiradas em anos anteriores. Esse nascimento é progressivo. Nossas experiências vão nascendo e crescendo também. É por isso que quanto mais velha a pessoa, mais experiências acumuladas: esse é o nascimento intelectual.

A mudança intelectual e natural e aceita. É procurada. A mudança do corpo nos incomoda. Gostaríamos de acumular experiências sem acumular mudança física. Gostaríamos de ter o nariz arrebitado, pele lisinha... Isso não acontece: O nariz e as orelhas, partes cartilaginosas de nosso corpo, continuam crescendo, por isso os velhos têm nariz e orelhas grandes. Contrariando o que dizem por aí, orelhas grandes não é sinal de burrice, mas de sabedoria.

Nosso nascimento para a velhice muito nos preocupa. Deveríamos ficar felizes com o nascimento dos cabelos brancos, das orelhas e nariz maiores, da barriga acentuada, do andar lento... Esse nascimento, um dia terminará. Enquanto isso desfrutemos sabiamente cada segundo de nossa vida...

Terezinha Bordignon

28 de outubro de 2007

Pensando

Felizes os que atravessam a vida tendo sempre mil razões para viver
Dom Helder Câmara


O homem que acha a própria vida sem sentido não é apenas um infeliz, mas é quase um indigno de viver. Albert Eintein - físico alemão


Cada fracasso ensina ao homem algo que ele precisa aprender
Charles Dikens - escritor ingleês (1812-1870)

26 de outubro de 2007

Medos e vergonhas




Folheando um livro de meu armário, encontrei um poema de Rute Rocha com algumas sugestões de trabalho. Gostei, só não sei quem é o autor das sugestões.
1- Avise que vai ler uma poesia falando sobre o medo. Comente que todos têm medo, mas às vezes, por vergonha, não admitem.
2- Distribuir um sulfite para o aluno e pedir que, sem se identificar, escreva bem grande qual é seu maior medo.
3- Recolher os papéis sem olhar e embaraça-los.
4- Leia o texto de Rute Rocha em voz alta.
QUEM TEM MEDO DO RIDÍCULO? Rute Rocha
Todo mundo tem seus medos
De escuro ou de furacão.
De cachorro ou de galinha.
De polícia ou de ladrão.
Mas o medo mais terrível
É de fazer, de repente,
Um papel muito ridículo
No meio de toda gente.
Ridículo dá mais medo
Do que cair de avião,
Do que dar trombada em avião,
Do que tiro de canhão.
Dá mais medo que fantasma,
Mais medo até que dentista.
Mais que cair de cabeça,
Que trombar com terrorista!
Imagine ir numa festa
Com a turma lá da escola.
Sua mãe bota em você
Sua roupa mais frajola...
Calça comprida, sapato,
Cabelo bem penteado.
Camisa com colarinho
E um paletó alinhado!
Quando você chega e vê
A turma do jeans rasgado.
De camisa e boné
E tênis bem desbotado...
É coisa de apavorar,
A vida da gente estraga...
Dá vontade de matar!
Que mico que a gente paga!
Outra coisa que apavora,
Que nos dá muita aflição,
É em dia de sabatina
Não sabermos a lição...
A gente em frente da classe,
Com uma cara de bocó...
Sem saber coisa nenhuma...
Ridículo de dar dó!
Mas as vezes dá mais medo
De saber uma lição
Que a classe inteira não sabe.
Você banca o caretão!
E veja se não dá medo,
De vez em quando, na escola,
Todo mundo está falando,
Não está dando a menor bola...
No meio do barulhão
De repente a gente fala.
E neste mesmo momento
A classe inteira se cala.
Sua voz sai esquisista,
Com um jeito muito infeliz,
E quase sempre é besteira
Aquilo que a gente diz.
Quando a gente está com a turma
E a mãe da gente aparece,

Às vezes é o maior mico
Que a gente paga e não esquece!
A gente gosta do irmão
Ainda mais pequenino.
Mas às vezes dá vergonha
Carregar nosso irmãozinho!
No meio de uma conversa
Causa grande sofrimento
Não conseguir segurar,
Soltar um pum barulhento...
Soltar um pum é natural
Que qualquer pessoa faz.
Mas conforme a situação
É ridículo demais!
Se pensarmos um bocado
Chegamos à conclusão
Que ridículos são todos:
Depende da ocasião!
Por isso cada um de nós
Será ridículo quando
Ficar muito preocupado
Com que os outros estão pensando!
5- PRODUÇÃO DE TEXTO:
a- Em pequenos grupos: pedir que imaginem uma situação ridícula e a descrevam.
b- Trocar os textos entre os grupos para leitura.
c- Preparar o cenário e dramatizar algumas situações engraçadas.

6- PRODUÇÃO DE TEXTO EM GRUPO:
a- Usar os dois primeiros versos das três primeiras estrofes do poema e escrever dois versos diferentes para cada estrofe.
b- Usar o primeiro verso da 4ª, 5ª e 6ª estrofes e escrever mais três versos diferentes para cada uma das estrofes.
c- Uma palavra da 7ª, 8ª e 9ª estrofes e escrever quatro versos para cada estrofe.
d- Escrever novas estrofes
e- Reunir as novas estrofes, colar em papel craft e expor o poema coletivo.

POR QUE SOLTAMOS PUM?
Quando o cheiro empesteia o ar, todo mundo reconhece na hora! E antes que o odor desapareça, alguém faz a clássica pergunta: quem soltou pum? É fácil descobrir o culpado quando o pum é barulhento. Mas quando ele é discreto e apenas o cheiro denuncia, a busca torna-se mais difícil! Afinal, todos os suspeitos capricham na cara de não-fui-eu-não. De qualquer forma, ninguém pode negar: não existe vexame maior do que ser identificado como o dono de um pum fedorento!
O pum nada mais é do que a saída de gases produzidos e acumulados no tubo digestivo, processo chamado flatulência. Durante a digestão, o alimento passa pela boca, pela faringe, pelo esôfago, pelo estômago e pelo intestino. Ele é quebrado em unidades menores para ser absorvido pelo organismo. Os restos dos alimentos são atacados por bactérias no intestino grosso. A ação desses microorganismos forma gases – como o metano, o gás carbônico e o hidrogênio – que se acumulam, principalmente, na parte final do intestino grosso. Também gera compostos como o sulfeto de hidrogênio, mercaptanos e indol. Os gases e os compostos são responsáveis pelo mau cheiro do pum!
Há alimentos que produzem mais gases do que outros. Então fique de olho no cardápio! Repolho, couve-flor, cebola e feijão produzem resíduos que não são digeridos pelo nosso organismo e mais gases do que outros alimentos. O feijão, por exemplo, tem um carboidrato que não é transformado pela digestão. Ao ser atacado por bactérias, esse resíduo produz mais gases do que outros alimentos com pouco ou nenhum carboidrato desse tipo.

Os gases e as fezes são resíduos da digestão e ficam armazenados na parte final do intestino, que funciona como um reservatório e é chamada ampola retal. A saída dos resíduos é controlada pelo ânus ou esfíncter anal, um anel muscular que se encontra na porção final do intestino e possui duas partes. Uma funciona de forma involuntária, ou seja, abre independentemente de nossa vontade. A outra, podemos controlar.
Quando a ampola retal está muito cheia, o cérebro é avisado e ordena que o esfíncter se abra. Seja sincero: quando a vontade de fazer cocô ou soltar pum é enorme, o que você faz? Aposto que tenta prender! Pois está contraindo a parte do esfíncter sobre a qual tem domínio.
Às vezes, a artimanha não tem resultado. Se estivermos sozinhos, não há problema. Mas, se houver alguém por perto... Melhor torcer para não ter exagerado na cebola ou na couve-flor no almoço e para que o pum saia silencioso! Sei que nessa hora é difícil pensar em algo, mas saiba que o som do pum é produzido porque os gases saem semi-apertados pela contração parcial do esfíncter. Ah! Uma dica final: se foi você quem soltou o pum, não titubeie em mostrar a mão. Ela não fica amarela!

ATIVIDADES
1- Cite outros odores produzidos pelo nosso corpo.
2- Qual o sentido utilizado para sentir o cheiro?
3- Cite cheiros desagradáveis.
4- Cite ambientes que podem apresentar mau cheiro.
5- O médico pode usar o cheiro para detectar doenças. Cite uma doença que pode ser detectada com o auxílio do cheiro.
6- Existem cheiros que ficam registrados em nossa memória
7- O que você acha do “arroto”? Afinal, ele também sai por uma abertura do tubo digestivo, é formado de gases, faz barulho e também tem cheiro. É diferente do pum? Em quê?
8 Procure no dicionário:
Peido – suor – chulé – hálito – espirro – flatulência – coceira – olfato
Colaboração M. I. Frison