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21 de abril de 2015

Análise e comparação de obras de arte




            Antes de se iniciar a análise de uma obra de arte, é extremamente importante sua identificação, pois são esses elementos identificados que irão contribuem com detalhes enriquecedores e facilitar a sua compreensão.
            Numa breve leitura e análise comparativa de duas pinturas produzidas no século XX, uma, produzida entre 1900 e 1950 e a outra de 1951 a 2001 vamos ver a principal diferença entre as duas obras.   



            Esta obra, com o título de Marguerite, foi realizada pelo pintor francês Willian Adolph Bouguereau, que tinha preferência por temas mitológicos, crianças e mães. Foi executada em óleo sobre lona e concluída no ano de 1903. Mede 117,5 X 73,7 cm. e pertence a um colecionador particular. Seu fundo superior, situado num plano mais elevado e distante, é composto por luzes e sombras, dando a impressão de árvores.  Um pouco mais próximo do espectador, na parte interna de uma construção, esta uma escada aparentemente de pedras. Sobre os degraus estão espalhadas algumas pequenas flores colhidas. Do lado esquerdo do observador entra a luz tanto do ambiente interno quanto do externo. Mais próximo ainda do espectador, no centro da tela, sentada num dos degraus está uma criança. É uma menina vestindo blusa branca e saia azul escuro. Seu contorno é bem nítido, sua pela é clara, seus cabelos longos estão amarrados no alto da cabeça com um laço azul escuro também. Pela simplicidade no vestir e por estar descalça, parece ser de classe social menos abastada. Ela tem a fisionomia serena, aparentado estar em paz. A criança, de pernas cruzadas e pés descalços, segura duas pequeninas flores na mão esquerda, como se as estivesse mostrando. Com o braço direito ela cobre o rosto, fazendo sombra sobre os olhos. A impressão que se tem é que ela observa seu espectador, fazendo com ele uma troca de olhar.



La Carta é uma pintura feita por Fernando Botero, pintor colombiano, cuja característica marcante é a pintura de figuras com proporções maiores e características de gordas. Concluída no ano de 1976, La carta encontra-se no Museu Botero, em Bogotá, Colômbia. Mede 149 X 194 cm.  e foi pintada em óleo sobre tela. Ao fundo, no centro, vê-se uma parede azul clara. Trata-se de um quarto pequeno, suas duas paredes laterais são visíveis. Na parte superior desta parede, está o fundo de uma tela pendurada, mas não se vê figura alguma, deixando um enigma para o observador. Apesar da parede clara, nota-se que a luz vem do canto superior esquerdo do observador, supostamente uma janela aberta. No centro do quarto fica a cama de madeira, com a cabeceira revestida de tecido, formando um encosto macio. Os lençóis e o travesseiro harmonizam com o tecido que recobre a cabeceira. Sobre uma parte da cama, em colorido contrastante, está estendida uma coberta vermelha com bordas de cor amarelo ouro. Do lado oposto, estendido também, um outro tecido, de cor verde, aparentando ser uma peça de roupa. Sobre esses elementos, no centro do quadro, destaca-se a imagem desproporcional de uma mulher gorda, nua. Ela encontra-se deitada e com uma das mãos apoiada no rosto, segura a cabeça, com a outra, segura um papel, a carta. A luz que penetra no ambiente ilumina todo o seu corpo. Sua pele é clara e seus longos cabelos ondulados são ruivos, combinando com seu tom de pele. Os olhos, contrastando com o rosto, são pequenos e estão olhando o vazio, como se ela não estivesse enxergando nada concreto, apenas as imagens que passam em seu pensamento. Apesar de seu tamanho ser de uma pessoa gorda e grande, sua boca e seus seios são pequenos, o que deixa a impressão de uma mulher solitária, sem uma vida sexual ativa. Os pelos pubianos à mostra são poucos e discretos, pois são cobertos por sua perna direita que se dobra sobre a outra perna. À sua frente estão a metade de uma laranja madura e alguns pedaços espalhados. Nenhum deles foi degustado pela mulher.
Comparando-se as duas pinturas, observa-se que:
A pintura de Bouguereau traduz a realidade, a perfeição das formas, tanto do cenário quanto da figura da criança, como se fosse uma fotografia. Suas cores são harmônicas, os gestos são delicados, a natureza se faz presente e o ambiente é de serenidade. A criança interage com espectador, mostrando as flores e trocando olhar, portanto ela não está só.
Em Botero, a imagem da mulher encontra-se sozinha, isolada num quarto, não há cumplicidade com o espectador. Observa-se melancolia, solidão. Tanto o ambiente quanto a imagem não são reais. Em Botero o espaço é apertado, pois foi inundado pela figura da mulher.
Portanto a principal diferença está nas características de cada pintor. Cada um tem seu tempo, seu estilo, suas características, e suas pinturas retratam isso.


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