Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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21 de junho de 2015

Xilografia e Cordel




A literatura de cordel nordestina é proveniente da Península Ibérica, onde imperou o trovadorismo. Até 1808, não se permitia a impressão de obras literárias no Brasil, mas isso não foi um problema, pois ela já existia na forma oral ou manuscrita. Essa literatura adquiriu características brasileira, principalmente nordestina. Escrita em versos de cinco, sete e dez sílabas, destaca-se por sua qualidade, sua sátira e sua crítica social. O poeta cordelista, antes de mais nada, precisa ser um observador sensível da vida pública, da política e necessita de uma imaginação inesgotável, pois seus versos influenciam outras gerações de poetas sucessores. Eles também exercem um grande fascínio popular. Além da irreverência da linguagem coloquial e dos temas que chamam a atenção do leitor, o cordel está junto do seu leitor. Ele é vendido em formato de livrinhos nas feiras livres e praças no nordeste.
Segundo Isaias Gomes da Silva, cordelista, o que caracteriza a literatura de cordel é o gênero literário e não o fato dos livrinhos serem expostos em cordas ou cordéis. Isaias afirma que antes do nome cordel esse tipo de literatura já existia. Esse nome era usado em Portugal no Século XVII. No Brasil, essa nomenclatura só se popularizou na década de 60. Foi um nome dado aos romances e folhetos que se vendiam na feiras livres do Nordeste sobre malas, mesas ou no chão, e não pendurados em barbantes ou cordas, conforme afirmam alguns historiadores. Os folhetos só passaram a ser pendurados em cordéis na década de 70 pelos vendedores, dentro dos estabelecimentos comerciais.
Uma curiosidade é que esse tipo de literatura popular também tem suas raízes fixadas em outros países: México, Chile, Nicarágua e Argentina. Até a gravura que ilustrava os textos mexicanos e chilenos apresentam características parecidas com a do cordel brasileiro.
O cordel brasileiro não ficou limitado ao Nordeste. No Estado do Pará ele também se desenvolveu. Cordelistas nordestinos, fugindo da seca e com o desejo de enriquecimento, em pleno auge da borracha, ali se estabelece. Junto com eles veio as tradições e valores culturais do Nordeste, mas ali no Pará os cordelistas usam pseudônimos, O razão é que o cordel está ligado à classe popular e os cordelistas exercem outras profissões e não querem se associar a pessoas de uma cultura mais simples.
O Brasil tem grandes cordelistas: O precursor foi Leandro Gomes de Barro, que chegou ser comparado a Olavo Bilac.
Isaias Gomes da Silva também afirma que a xilogravura não é o único meio de ilustração do cordel. Ela se tornou popular a partir dos anos 40, e que até 1920 o cordel era publicado com capa sem ilustração alguma. Aos poucos começaram a surgir cordéis com capas ilustradas com fotos de artistas do cinema, ou de seus autores, e até de alguns personagens do folheto.
Antes da popularização das xerocadoras, os cordéis eram impressos em papel jornal para baratear os custos. A partir das máquinas de xérox, das pequenas gráficas, das impressoras a jato de tinta, o papel ofício e A4 foram substituindo o papel jornal, mas o poeta cordelista vive da renda de seus folhetos, para ele não importa o papel.
A xilografia se popularizou a partir de 1940. Começou a ser usada para baratear os custos dos livretos, uma vez que o poeta não mais precisava se deslocar de sua cidade para fazer a capa. Ele mesmo poderia confeccioná-la. No início elas não eram muito bem feitas, mas com a prática do artista, elas foram sendo aperfeiçoadas. Surgiram então grandes artistas da xilogravura. Eles passaram a divulgar suas xilogravuras junto com os folhetos e a defender a xilogravura como única forma válida para ilustrar a literatura de cordel, porém nem todos os artistas acataram a idéia.
Portanto, a literatura de cordel e a xilogravura nasceram e trilharam caminhos diferentes, até se encontrarem. A xilogravura nunca foi muito aceita no meio popular, mas, por decisão da Academia ficou estabelecido que ela deve fazer parte da ilustração do cordel, apesar de não ser ela quem determina o que é ou deixa de ser cordel, mas o seu texto.


REFERÊNCIAS




CORDEL DA COPA 2014 NAS ONDAS DO HUMOR

Autor: Antonio Barreto- Santa Bárbara/BA

A respeito dessa Copa
Já foi tudo comentado
Não podemos contestar
O sucesso alcançado
Mas agora o que importa
É humor pra todo lado!
           
              2
A torcida foi chamada
Para dar sua opinião
A respeito do Brasil
Treinado por Felipão,
Então veja a voz do povo
Dessa sofrida Nação:
 ....................................


Xilogravura feita com isopor(tampa de marmitex) e tinta guache. 

Viola Spolin




            Viola Spolin nasceu em Chicago, Illinois, EUA, em 1906 e faleceu em Los Angeles, Califórnia, EUA. Foi uma importante professora de teatro no século XX por criar jogos teatrais para auxiliar a concentração e o treinamento de atores. Escreveu livros para teatro nos quais publicou técnicas de improvisação, hoje considerados como importantes fontes de informação. Viola é tida como a mãe do teatro de improviso. Seu trabalho influenciou a televisão, o teatro e o cinema americanos, fornecendo técnicas que ainda hoje são usadas por diretores, atores e escritores teatrais.
            Durante sua vida, Spolin percebeu a necessidade de um sistema de fácil treinamento teatral e desenvolveu jogos que desencadearam a criatividade e ajudaram a desbloquear a capacidade do indivíduo para a autoexpressão criativa. A sua técnica originou-se no período da Grande Depressão, quando estudou com Neva Boyd. Além de professora, escreveu diversos textos sobre improvisação. Seus escritos também são respeitados fora do círculo teatral por diretores, educadores e psicólogos, afetando principalmente o comportamento humano. O pai de Spolin era policial e fazia parte do esquadrão vermelho, dessa forma prendia imigrantes que suspeitava de atitudes antiamericanas. Spolin escolheu esses imigrantes para ajudar com seus jogos. Essas pessoas precisavam aprender a se comunicar na nova língua e absorver os costumes cultuais e étnicos do novo país.
            Em 1946, Viola Spolin criou a Companhia de Jovens atores de Hollywood, treinando crianças a partir do seis anos com jogos teatrais. Exerceu este trabalho até 1955, quando retornou para Chicago e até 1969 exerceu atividades variadas: dirigiu teatro, realizou oficinas de jogos, trabalhou com seu filho, Paul Sills, publicou “Improvisações para Teatro” e foi co-fundadora do teatro de Jogos. No teatro, buscou a participação do público, eliminou a separação convencional entre atores e audiência. Não obtendo o sucesso esperado, fechou o teatro após alguns meses. Entre 1970 e 1991 foi consultora do teatro Sills Story em Los Angeles, Nova York e na televisão. Também realizou workshops para empresas e atuou como atriz no filme de Paul Mazursky Alex em 1970. Em 1975 publicou o jogo “Theater” abordando o ensino aprendizagem exclusivo para professores que atuavam em sala de aula. Em 1976 criou o Spolin Game Theater Center em Holywood onde foi diretora artística e professora. Em 1979 recebeu um doutorado honorário da Universidade de Michigan. Em 1985 publicou o livro “Manual de um diretor.
            Os jogos teatrais escritos, ensinados e aplicados por Viola Spolin eram simples e descomplicados, construídos em cima de um foco ou problema técnico. Sua reprodução era natural e espontânea, com efeitos libertadores. Havia jogos para libertar a tensão do ator, para limpá-lo de preconceitos subjetivos, jogos de relacionamento, de concentração., que além de proporcionarem prazer, aumentavam a sensibilidade, a auto-consciência e a comunicação interpessoal.  Considerados uma técnica de auto-conhecimento e de comunicação não-verbal, esses jogos não eram do tipo que se ganha ou se perde. Suas regras permitiam aos participantes interagir igualmente uns com os outros. Eram democráticos, pois qualquer pessoa podia participar, fossem jovens ou velhas, de qualquer etnia. Neles usavam-se a linguagem, os gestos, a mímica, a imaginação, o contato físico. Eles tinham um efeito libertador para os jogadores.
            O currículo de Spolin tem uma lista extensa de palestras, demonstrações, workshops para estudantes, profissionais de teatro, ensino fundamental e médio, escolas para superdotados, com problemas de saúde mental , psicologia e centros de realbilitação de delinqüentes. A autora ensina que esses jogos teatrais podem ser aplicados em qualquer campo, disciplina ou assunto.
            Viola Spolin não fez carreira como atriz, mas passou a maior parte de seu tempo estudando como se fosse uma atriz. Não participou de nenhum grupo teatral, mas foi atraída pela visão em conjunto. Sem dúvida, Spolin transformou a teatro americano e universalizou a comunicação. Seu pensamento escrito foi usado no teatro e na escola. Sem saber, ela reinventou o teatro. Seu trabalho foi árduo. Não teve medo de inovar, de mudar, de recomeçar, de assumir cargos, de ensinar. Foi arrojada, sempre tinha novos projetos. Com seus jogos teatrais fez algo essencial para o desenvolvimento humano: ajudou as pessoas a  desenvolverem habilidades e a cooperarem umas com as outras, além de ensinar a se ouvirem mutuamente e a se imaginarem em circunstâncias semelhantes às outras.. Seu grande legado foi não guardar para si o conhecimento, mas ensinar, escrever e formar líderes, foi acreditar no potencial das pessoas, acreditar que elas fariam o melhor trabalho,  foi também estimular essas  pessoas. Foi formadora de talentos notáveis do mundo do teatro e do cinema, com sua genialidade se tornou conhecida internacionalmente.
            Em suma, Viola Spolin foi uma educadora teatral que sempre acreditou no ser humano e não mediu esforços para fazê-lo crescer como pessoa. Spolin foi útil.
           


Referências