9 de outubro de 2006

Dia dos mortos


A MORTE COMO TEMA

Aos vinte anos, Alexandre da Macedônia chorava porque não mais existiam reinos para conquistar; aos setenta, Joseph Stalin, do alto de sua onipotência terrena, era obrigado a admitir: “no fim a morte sempre vence”. Já o filósofo espanhol Miguel de Unamuno reconhece: “o homem é um animal doente porque sabe que vai morrer”.

No Dia de Finados, no lugar da pressa, de todos os dias, o silêncio, a tranqüilidade, a meditação. No lugar dos projetos terrenos e ambiciosos, a recordação do mistério a cerca da morte. Sem dúvida, é um dia marcado pela saudade dos que já partiram: mas é também uma interrogação sobre nosso futuro. Em lugar do hoje, surge a inevitável pergunta sobre o depois...


Impossibilitados de vencer a morte, tentamos esquece-la. Nossa sociedade exilou a morte. Nas cidades maiores, tão logo alguém morre, é levado para uma impessoal câmara mortuária, isto é, longe de casa, longe do mundo dos vivos. Não mais aceitamos carregar luto e tentamos esquecer quem já partiu. Afinal, argumentamos, a vida continua. Todos somos mortais, nos ensina a experiência. Na prática, agimos como se não devêssemos morrer. A morte é sempre algo que acontece com os outros...


O Dia de Finados é a recordação de que, num dia qualquer, a indesejada marcará encontro conosco. Não sabemos o lugar, nem as circunstâncias, temos porém certeza de que este encontro acontecerá. É possível que aconteça mais rapidamente do que imaginamos. Ninguém tem garantia de chegar ao ano dois mil. Nem mesmo temos garantia de chegar ao fim do ano, ou mesmo ao fim do dia...


O Dia de Finados pode também trazer um lado alegre. Para o cristão, a morte não é o fim, é o começo. Para o cristão, a morte não terá a última palavra. Depois da morte, a alegria da Ressurreição. Francisco de Assis, porque tinha certeza na Ressurreição e no amor de Deus, chamava a morte de “irmã”. Para o filósofo a morte pode ser até bela. E explica: “ a morte é bela, quando a vida foi bela”.

(Correio Riograndense)


QUANDO FALECE

Veja as analogias feitas a certos profissionais quando estes falecem.

A notícia pode ser dada assim:

O bombeiro - apagou-se

O alfaiate - abotoou o paletó

O açougueiro - desencarnou

O locutor - saiu do ar

A telefonista - cortou a ligação

O político - renunciou

O futebolista - foi expulso de campo

O árbitro - trilou o apito final

O jornalista - colocou ponto final

O humorista - ficou sério


ALGUNS PENSAMENTOS SOBRE A MORTE

Assim como um dia bem ocupado nos dá satisfação ao adormecer, uma vida bem vivida nos dá tranqüilidade ao morrer. (Leonardo da Vinci)

A morte despe-nos dos nossos bens para nos vestir de nossas honras.
(Provérbio popular)

Na morte e na boda verás quem te honra. (Provérbio popular)

Vivemos uma vida mortal. A morte não vem no último dia da nossa existência. Morremos a cada dia, na medida em que se desgastam as nossas energias, a nossa saúde, o nosso tempo na história. (Frei Beto)

Ao nascer, a criança... passa por uma violenta crise: é apertada, empurrada de todos os lados, e por fim lançada no mundo. Ela não sabe que a espera um mundo mais vasto que o ventre materno, cheio de largos horizontes e de ilimitadas possibilidades de comunicação. Ao morrer, o homem passa por uma crise semelhante: enfraquece, vai perdendo o ar, agoniza e é como que arrancado deste mundo muito mais vasto que aquele que acaba de deixar e que a sua capacidade de relacionamento se estenderá ao Infinito. (Leonardo Boff)


SUGESTÕES PARA REFLEXÃO:

No início de novembro temos o Dia de Finados. É um dia para meditação: Tudo passará, e o depois, como será?

Todos gostaríamos de ser imortais, de que a morte não existisse. Gostaríamos de jamais morrer, de nunca ter fim. Ocorre o contrário: todos somos mortais. Tudo neste mundo é material e vai terminar: o ouro, o átomo.

O fato de sermos mortais nos leva à certeza de que passaremos, e ninguém quer ser passageiro. Comparada à vida do Universo, nossa existência, provavelmente, não passa de um milésimo de segundo. Todos seremos pó: rico, pobre, branco, preto, jovem,velho, criança... Somos matéria orgânica e matéria orgânica apodrece. “Tu és pó e ao pó hás de tornar” Gn. 3,19

Nós existimos em um corpo. Ele nos serve como instrumento de comunicação e guarda uma vida que iniciou, mas que para muitas crenças, não acabará. Isso nos conforta. Quase todos temos medo da morte. Ela é fria e invencível. Tentamos esquecê-la, evitamos falar seu nome, evitamos pensar, mas é difícil aceitá-la. Para tentar esquecê-la, agimos como se fôssemos imortais.

Há uma certeza inquestionável: Todos morreremos. Não sabemos o dia, a hora, o lugar e as circunstâncias. Somos mortais. A mortalidade acaba com nosso orgulho. A terra é para a todos. Não adianta dinheiro, posição social, conta bancária, palácio de ouro, jeitinho brasileiro. “De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?” Mt. 16,26

Para aquele que acredita em Cristo, a morte deve ser motivo de alegria. O texto afirma que para o cristão a morte não é o fim, mas o início de uma vida plena de felicidade, porque um dia ressuscitará como Cristo ressuscitou. Nosso corpo tem um destino eterno.

ATIVIDADE:
1- Escrever um texto: TÍTULO: A vida
2- Desenhar o que escreveu.

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A humanidade é um oceano. Se algumas gotas estão sujas, isso não significa que ele todo ficará sujo. (Mahatma Gandhi)