4 de outubro de 2006

O rato do campo e o rato da cidade

TEATRO

PERSONAGENS:

Rato do campo – vestir-se como caipira: sapatão, chapéu de palha, roupa velha – usar máscara ou pintura no rosto, orelhas e rabo de rato, cigarro de palha na orelha...
Rato da cidade – usar roupas e calçados finos, óculos de sol, gravata, gel nos cabelos...
Gato: Máscara ou pintura no rosto, orelhas e rabo de gato, gravata borboleta. Vestir-se de preto ou branco ou pintar uma camiseta velha como um gato rajado.
Unhas compridas de papel, ou luvas ...

Pintura no rosto
ou máscara
. Orelhas e rabos do gato e do rato

CENÁRIO:
Montar no palco duas casas, a do gato e a do rato.
Casa do rato
– Uma mesa simples. Sobre a mesa, milho, caneca de alumínio, caldeirão velho, moringa com água. Como fundo musical,.
Casa do Gato
_ Mesa com toalha nova, queijo, prato bonito, castiçal com vela, garrafa de shampagne, taças, bolo.


DESENVOLVIMENTO:

Gato – (Entra no palco Miando) – Miauuuuu, miauuuuu. Hoje é meu grande dia. Vou tirar a barriga da miséria. Fiquei sabendo que o Rato da Cidade convidou seu compadre Rato do Campo para um jantar à luz de velas. Vou pegar os dois. Vejam as minhas unhas: estão afiadíssimas (mostrar as unhas para o público). Miauuuuuu, vou me esconder. Com licença pessoal. (esconder-se atrás da mesa, ou cortina).

Rato da Cidade – (Entra no palco com ares de superioridade, vai para sua casa) _ Oh! Que saudade do meu compadre. Hoje vou lhe oferecer um jantar a luz de velas. Quero mostrar para ele como eu vivo na fartura. Isto sim é que é vida, não aquela da roça. Meu compadre é um bobo. Poderia muito bem viver no luxo, freqüentar festas, comer presunto e pão-de-ló todos os dias. Eu é que sou feliz, quer dizer, mais o menos feliz. (Pega um jornal cruza as pernas e fica lendo, enquanto isso...)

Rato do Campo – (Entra vagarosamente no palco e cantando, vai para sua casa): _ “Não há ó gente, ó não, luar como este do sertão”... É, pois é. Hoje vô visita meu cumpade Rato da Cidade. Ele mi cunvidô prum janta a luis de vela. Já ta na hora di ir.Quero vê cum meus próprio zói si é verdade u qui ele dis: Qui vivi num luxo danado, isso i aquilo outro, etc e tar. Inté vô leva uma ispiga de miio di presente. Bem, já to ino lá, qui vô dia pé. Num tenho dinhero mais sô feliz aqui nu sertão. (Vai para a casa do rato da cidade. Bate palmas) Ô di casa! Ô di casa!

Rato da Cidade – Entra compadre do campo. ( dois se abraçam)

Rato do Campo –Óia aqui cumpadi, um presente pro ocê. Miiu deste ano. Nossa, cumpadi, qui luxo, qui fartura. Quanta coisa linda i gostosa. Que belezura sô.

Gato –(O gato, sem aparecer mia ao longe)

Rato da Cidade – (Treme de medo)

Rato do Campo – (Treme de medo e diz) Que arripiu na ispinha e no bigodi. Que chero forte.

Rato da Cidade – Amigo, por favor, sente-se. (Acende a vela)

Gato –(O gato mia outra vez)

Rato da Cidade – (Esconde-se embaixo da mesa depois sai) Num é nada não compadre. Por favor sente-se, vamos continuar o jantar. ( Serve o champanhe) Os estão bebendo

Gato –(O gato mia mais alto)

Rato do Campo – (Esconde-se embaixo da mesa) Cuidado compadre!

Rato do Campo – (Esconde-se embaixo da mesa) O que é isso Cumpadre da Cidade? È o Demo?

Rato da Cidade – Não, Compadre do Campo. É o Gato, que mora aqui também. É preciso muito cuidado para não cair em suas garras. Ele é muito traiçoeiro. Você tem que ficar sempre atento. Cuidado, mas cuidado mesmo.

Gato – (O gato mia)

Rato do Campo – Qui que é isso? Isso lá é vida de rato? Sabi di uma coisa? Pra que te todo esse conforto, essa luxuria i essa fartura? Aqui num tem pais. Vô mimbora agora memo. Fique aí cum seu luxu i seus quituti. Isso tudu pode sê bunito, mais num mi servi.Adeus cumpadi, qui aqui num vorto nunca mais.

Rato da Cidade – Espera um pouco amigo, não terminamos nosso jantar a luz de vela!

Gato – (O gato vem se aproximando dos dois de mansinho)

Rato do Campo – Num terminamo nem vamo termina. Adeus. Sai correndo (Sai do palco)

Gato – Agarra o Rato da Cidade

Rato da Cidade – (Grita) _ Não pelo amor de Deus, Tenho esposa e filhos.

Gato – Arrasta o rato ( Os dois saem do palco)

TODOS VOLTAM AO PALCO, CURVAM-SE PARA OS APLAUSOS.
Fábula de Monteiro Lobato
Adaptação para teatro infantil- Terezinha Bordignon

2 comentários:

A humanidade é um oceano. Se algumas gotas estão sujas, isso não significa que ele todo ficará sujo. (Mahatma Gandhi)