1 de março de 2007

Furto de flor


Carlos Drumond de Andrade

Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava e eu furtei a flor.

Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.

Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.

Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.

Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:

_ Que idéia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!

(Contos Plausíveis. RJ, José Olympio)

SUGESTÃO DE ATIVIDADES:

INTERPRETAÇÃO:

1- Leitura oral

2- Dar os sinônimos de – furtar – restituir – contemplar;

3- Quais as personagens do texto?

4- Quando e onde o fato aconteceu?

5- O que aconteceu?

6- Numerar as linhas do textos e destacar equilíbrio, desequilíbrio e novamente equilíbrio;

7- Destacar do texto: situação – complicação – clímax – desfecho;

8- Comentar as atitudes do porteiro e de quem depositou a flor no jardim.

9- O autor do furto arrependeu-se? Exemplifique.

10- Qual a cor da morte?

11- Como uma flor demonstra sua felicidade?

12- De que forma uma flor pode agradecer?

13- Que novidades você pode encontrar numa flor?

GRAMÁTICA:

1- Conjugue os verbos furtar, assumir e desabrochar no pretérito mais-que-perfeito;

2- No presente do indicativo os verbos: haver – sentir – temer

3- Os verbos: colocar – ir – cochilar no pretérito perfeito do indicativo;

IDENTIFIQUE PESSOA, TEMPO E MODO VERBAL:

1- Eu a furtara.

2- O porteiro estava atento e repreendeu-me.

3- Que idéia a sua de jogar lixo de sua casa neste jardim?

4- Passei-a para o vaso.

ANALISE AS FUNÇÕES SINTÁTICAS DAS PALAVRAS DESTACADAS:

1- Notei que ela me agradecia.

2- Passei-a para o vaso.

3- Ela não estava feliz.

4- O porteiro estava atento.

IDENTIFIQUE A METONÍMIA DA FRASE:

1- O copo destina-se a beber.

PRODUÇÃO DE TEXTO:

1- Transformar o texto numa história em quadrinhos:

3 comentários:

  1. Fiquei muito feliz por ter encontrado o seu blog, professora. Esteja certa de que a acompanharei sempre a partir de agora...
    Desejo-lhe tudo de bom!

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  2. Professora...
    Qual a moral dessa crônica de Drummond?

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    1. Penso este texto é riquíssimo de significados
      Poderíamos dizer que a importância das coisas variam entre as pessoas, de acordo com seu mundo interior e com seu encantamento.
      A flor foi furtada e levada para casa. O autor a tratou bem, a flor agradecia, mas assim mesmo ela morreu. Essa morte causou sofrimento e arrependimento. Depois de morta, não foi abandonada, foi devolvida ao seu origem.
      Para o porteiro não foi a mesma coisa. Ele não a vigiou, adormeceu, e ela foi roubada. Ele não a reconheceu, não sofreu por ela. Para ele, uma flor morta não tinha beleza e era vista como um lixo, sem valor algum, nem como adubo.

      Outro ponto de vista é: devemos sempre ser responsáveis por nossos atos.
      O poeta assumiu a culpa, ele disse “Furtei uma flor daquele jardim;
      O porteiro não cumpriu com seu dever de cuidar, estava ali para isso e fracassou, só que não se apontou como culpado de sua morte. Se tivesse cuidado, a flor talvez não tivesse morrido.

      Uma outra possibilidade ainda poderia ser a finitude e a transitoriedade de todo ser vivo. A pesar do nosso amor, depois da morte não há mais o que fazer, não importa amor que sentimos e a intimidade que temos.

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A humanidade é um oceano. Se algumas gotas estão sujas, isso não significa que ele todo ficará sujo. (Mahatma Gandhi)