16 de abril de 2007

Invasão


Eu não podia deixar de escrever este fato. Aconteceu na última quinta-feira (12 de abril de 2007) nos Município de Alto Piquiri e de Brasilândia do Sul. Pode ter se repetido em outros locais vizinhos a estes municípios, porém não é de meu conhecimento. Não citarei nenhum nome para não constranger ninguém, já que não tem investigação científica e baseia-se em relatos.

Havia chovido à tarde, mas no início da noite a chuva parou. A noite chegou. Nas ruas as luzes se acenderam. Tudo ainda estava úmido e o céu estava encoberto por nuvens baixas. Mesmo assim as pessoas se animaram para comprar verduras e alimentos na feira dos produtores rurais que é montada uma vez por semana entre a praça pública e a Igreja Católica. Nas ruas pessoas que voltavam para casa, estudantes atrasados indo para a escola, pessoas nos bares e jovens chegando para o habitual encontro no calçadão da avenida principal, em frente às lanchonetes. Nas casas pessoas terminado seu jantar.

O Telefone tocou. Ela atendeu. Era uma amiga dizendo que saísse de dentro de casa, que fosse para o quintal e olhasse para o céu. A amiga que ligou acabara de chegar da feira onde com outras pessoas havia visto aquele fenômeno: Luzes no céu, que davam a impressão de que estavam sobre o estádio de futebol. Recomendou que apagasse as luzes da casa e que se escondesse atrás de uma árvore ou coluna se por acaso alguma lâmpada de poste atrapalhasse a visão.

Muito curiosa Ela saiu ao quintal, procurou um bom local e avistou o fato extraordinário. Do lugar escuro, viu a novidade: No céu, apesar de nublado, enxergou na direção descrita um grande circulo de luz, não muito claro. O círculo aumentava e diminuía de tamanho. Também emitia raios muito longos e estes raios giravam. Imediatamente argumentou consigo mesma: “Quem afirma ter visto discos voadores teriam visto algo semelhante? Seria aquele circulo enorme um disco voador?” Como estava escuro, a imagem não era nítida, parecia ser algo grandioso. No momento não existia uma explicação. Imediatamente deu alguns telefonemas avisando outras pessoas. Essas pessoas se juntaram a Ela e ficaram observando. Muitas opiniões: “Parece luz de boate. É uma luz de carro. É um holofote aceso no estádio de futebol. É uma luz sinalizando para o avião da usina de álcool que trabalha a todo vapor. Disco voador não é. É um disco voador, ... ”

Enquanto isso, nas ruas e nas casas as pessoas se telefonavam, ligaram até para o Padre. Por todos os lugares havia curiosidade, especulações, suposições, medo: “Chegou o fim do mundo! É uma invasão de extra-terrestre! Isto vai trazer doenças! Isto é um balão! É uma luz que vem do interior da Terra! Todo mundo vai morrer hoje! Isto é um sinal de Deus, que usou um círculo simbolizando um abraço, para que as pessoas entendam que precisam se unir, Deus está pedindo paz! ...” Nas casas houve quem se recolheu para rezar, quem se ajoelhou e pediu perdão dos pecados, quem chorou, criança que se escondeu embaixo da cama. Outras pessoas afirmaram tratar-se de uma luz de refletor! ... Vários corajosos foram de carro até o estádio e não viram nada, as luzes estavam apagadas, não acontecia nenhum jogo. Nas ruas principais muitas pessoas. Quem soube o que estava acontecendo deu um jeito de olhar para o céu.

O espetáculo não se limitou ao estádio de futebol. Num clube local, alguns sócios estavam reunidos e alguém recebeu um telefonema: Havia luzes numa fazenda da região. Entenderam que a fazenda estava sendo invadida por ladrões e que as luzes seriam do carro da polícia. Imediatamente foram para a fazenda e voltaram rindo por não encontrarem nada que justificasse a notícia.

No Município de Brasilândia do Sul parece que muita gente também ficou assustada e até os policiais foram comunicados.

As luzes continuaram no local, não sei até que horas da noite. Não aterrissou nenhuma nave espacial. Ninguém teve a felicidade ou infelicidade de ver um extra-terrestre. Para alívio geral, o mundo não acabou, não aconteceu o armagedon. As pessoas se recolheram. Penso algumas não tiveram uma noite muito tranqüila. Alguém que se levantava de madrugada para trabalhar numa cidade da região faltou ao serviço afirmando que as luzes eram um sinal da proximidade do fim do mundo.

No dia seguinte chegou a explicação: No Município de Iporã, distante aproximadamente vinte quilômetros em linha reta, aconteceu na noite anterior um rodeio de peão boiadeiro. Para que o espetáculo fosse mais atraente e fosse freqüentado por muitos expectadores, foi usado um potente canhão luminoso. Eram luzes que giravam. Somadas às condições climáticas, provocaram o fenômeno que conseguiu atrair a curiosidade e também assustar grande número de habitantes da região. Vejam como um acontecimento físico pode sugerir algo inexplicável.

Terezinha Bordignon




3 comentários:

  1. Olá!
    Amei a história! hahaha... essa é a nossa cidade!
    Você também é ótima cronista. Tendo história pra contar a gente sempre desenvolve!
    Beijos, adoro seu blog;)

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  2. Que história!!Parabéns!

    Seguuuura peão!!


    Beijinhos

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  3. Interessante tratamento a um fato trivial que pode ser interpretado de forma fantasiosa. Acontece, às vezes, o contrário: um fato insólito é interpretado de forma banal. A crônica é agradável. Parabéns à prima. Moacir Antônio Bordignon.

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A humanidade é um oceano. Se algumas gotas estão sujas, isso não significa que ele todo ficará sujo. (Mahatma Gandhi)