16 de janeiro de 2010

O Beija-Flor


Tobias Barreto


Era uma moça franzina,

Bela visão matutina

Daquelas que é raro ver,

Corpo esbelto, colo erguido,

Molhando o branco vestido

No orvalho do amanhecer.



Vede-a lá: tímida, esquiva...

Que boca! é a flor mais viva,

Que agora está no jardim;

Mordendo a polpa dos lábios

Como quem suga o ressábio

Dos beijos de um querubim!



Nem viu que as auras gemeram,

E os ramos estremeceram

Quando um pouco ali se ergueu...

Nos alvos dentes, viçosa,

Parte o talo de uma rosa,

Que docemente colheu.



E a fresca rosa orvalhada,

Que contrasta descorada,

Do seu rosto a nívea tez,

Beijando as mãozinhas suas,

Parece que diz: nós duas!...

E a brisa emenda: nós três! ...



Vai nesse andar descuidoso,

Quando um beija-flor teimoso

Brincar entre os galhos vem,

Sente o aroma da donzela,

Peneira na face dela,

E quer-lhe os lábios também.



Treme a virgem de surpresa,

Leva do braço em defesa,

Vai com o braço a flor da mão;

Nas asas d’ave mimosa

Quebra-se a flor melindrosa,

Que rola esparsa no chão.



Não sei o que a virgem fala,

Que abre o peito e mais trescala

Do trescalar de uma flor:

Voa em cima o passarinho...

Vai já tocando o biquinho

Nos beiços de rubra cor.



A moça, que se envergonha

De correr, meio risonha

Procura se desviar;

Neste empenho os seios ambos

Deixa ver; inconhos jambos

De algum celeste pomar! ...



Forte luta, luta incrível

Por um beijo! É impossível

Dizer tudo o que se deu.

Tanta coisa, que se esquece

Na vida! Mas me parece

Que o passarinho venceu! ...



Conheço a moça franzina

Que a fronte cândida inclina

Ao sopro de casto amor:

Seu rosto fica mais lindo,

Quando ela conta sorrindo

A história do beija-flor.



SUGESTÃO:

1- Leitura individual do texto.

2- Leitura do Professor.

3- Leitura coletiva.

4- Descrição oral: da moça, do local, do pássaro, da rosa.

5- Pesquisa de sinônimos no dicionário.

6- Escrever o poema em prosa.

7- Dividir a sala em grupos: Cada grupo copia e desenha uma estrofe.

8- Produção de convites para outras turmas visitarem a exposição.

9- Exposição dos trabalhos.

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A humanidade é um oceano. Se algumas gotas estão sujas, isso não significa que ele todo ficará sujo. (Mahatma Gandhi)