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12 de março de 2014

Cândido Portinari

OS RETIRANTES


Os Retirantes _ Cândido Portinari – 1944 - Óleo s/ Tela. 190 x 180 cm
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.

            Cândido Portinari nasceu em 1903 em Brodosqui, Estado de São Paulo. Desde criança trabalhou na lavou de café, fato que influenciou sua obra. Aos 9 anos entrou em contato com a pintura, auxiliando na restauração da Igreja Matriz local. Aos 15 foi sozinho para o Rio de Janeiro onde trabalhou durante o dia e estudou  Artes à noite. Começou a expor seu trabalho e em 1925, com 23 anos,  atraiu a atenção dos críticos. Tornou se uma artista admirado no Brasil e na Europa, onde conheceu vários países e obras de pintores famosos.  Voltou para o Brasil e encontrou sua maneira de pintar. O café passou a ser seu tema favorito. Pintou grandes painéis em locais públicos e passou a expressar a realidade vivida pelos trabalhadores: Cansaço, sofrimento e temas políticos. Numa viagem a Nova York visitou o museu de Arte Moderna e conheceu a pintura cubista de Picasso, Guernica e se Surpreendeu. Neste momento de sua vida era grande admirador do Partido Comunista, o que fez com que suas obras fossem  rejeitadas até pela Igreja e assim ele o passou ele passa a ser visto como um perigo à sociedade. Naquele momento histórico, a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto aconteciam na Europa, No Brasil, o nordeste é dizimado pela seca, e Getúlio Vargas é o Presidente da República.
Portinari pintou “Os Retirantes”  sob esses acontecimentos. 

Numa análise estética percebe-se que sua obra recebeu influências de Pablo Picasso, pois tem traços do cubismo, algumas roupas têm formas geométricas. Não existe perspectiva, é com se fosse uma escultura. O fundo distante tem umas poucas montanhas bem claras. As cores são escuras e dão um ar pesado à tela.
Portinari empenhou-se em mostrar a falta de uma política sem preocupação com a situação do nordestino brasileiro. Mostrou a situação de trabalhadores rurais que eram penalizados sempre que a miséria atingia, como acontecia no país naquele momento.  A pintura “Os Retirantes”, acentua as desigualdades sociais: a pobreza e consequentemente  a fome. São nove personagens que olham para o expectador. A tela mostra a necessidade que o nordestino tem de abandonar sua terra em busca de uma vida melhor em outra parte do país. Duas famílias, duas gerações. Analisando dessa forma, é possível perceber que Portinari foi realmente um homem voltado para as questões sociais, pelo fato de ter presenciado isso no Brasil, um pintor que procurou retratar pessoas reais, famílias numerosas, o homem, preso ao campo e o Brasil, essencialmente rural, e isso o incomodava.

            Esses argumentos são imprescindíveis  quando se quer observar a obra do ponto de vista poético. Portinari foi influenciado desde pequeno pelo que presenciou. Para atingir seu objetivo de atrair a atenção da situação brasileira, Portinari lançou mão da dramatização. Procurou criticar o sistema de governo para chamar a atenção e provocar uma mudança. Mostrou-os paupérrimos  e em pleno êxodo, tudo o que têm, cabe numa pequena trouxa: A pé, descalços,sem o mínimo de segurança e bem estar, duas famílias com filhos pequenos fogem da seca. A miséria e o perigo iminente de morte. os igualou. Todos são mostrados desfigurados, cadavéricos, com ar de tristeza e solidão, esfarrapados, nus ou seminus buscando apoio encontrando proteção uns nos outros, já que não podem contar com ninguém mais, como Portinari estava habituado a ver.  Usou cores escuras, como se as pessoas estivessem sujas.  Portinari também mostrou um grave problema de saúde: uma criança seminua com aparência de portadora de esquistossomose, uma doença acarretada geralmente quando há falta de saneamento básico. Não há nenhuma vegetação. Avista-se ao longe o cume de algumas montanhas. O céu também foi pintado para chamar a atenção. Além de escuro, muitos pássaros negros, abutres, esperando o momento em que o grupo não resistir mais e sucumbir. O cajado do senhor mais idoso e uma ave formam uma imagem que lembram o cajado da personagem morte. O sofrimento desta família mostra a situação de inúmeras famílias brasileira. Portinari não poupou esforços para fazer uma crítica social.

            Ao retratar a realidade brasileira,  Portinari atingiu seu objetivo e eternizou a obra. Mesmo sendo uma pintura da década de 40, ainda pode ser considerada uma pintura atual”. Ele mostra  problemas sociais que apesar da critica, continuam requentes, embora atualmente existam muitos programas sócias.