Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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5 de dezembro de 2009

Os sapos

Os sapos

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.

O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas..."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei!"- "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- "A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo".

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas,
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Veste a sombra imensa;

Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio...

Manuel Bandeira in "Estrela da Vida Inteira"


SUGESTÃO:

1- Leitura em forma de jogral.

9 de outubro de 2006

jogral

O NORDESTINO E A SECA













Aluno A – Deixando para trás a roça e a casa,

Aluno B – Fugindo à seca numa luta imensa,

Aluno C – O nordestino, sob um sol que abrasa,

Aluno D – Guarda no olhar a luz de eterna crença.

Aluno E – A mansa voz dos córregos calou;

Aluno A – A passarada já não canta em festa;

Aluno B – De tudo enfim, de tudo que ele amou,

Aluno C – Uma saudade amarga apenas resta.

Aluno D – E, em procissão de dor e de amargura,

Aluno E – Em busca d’água pela estrada em fora,

Aluno A – Ele ainda crê na sede que o tortura,

Aluno B – No milagre da chuva que demora.

Aluno C – E quando finda toda essa tormenta,

Aluno D – E a chuva cai num hino de esperança,

Aluno E – Na fé sublime e forte que o sustenta,

Aluno A – Ele retorna certo da bonança.

Heitor Barret

4 de outubro de 2006

jogral - as árvores

Aluno A - Como as árvores são boas;

Todos - seguem-nos a vida inteira,
B - desde o instante em que nascemos
C - até a hora derradeira.


Todos - Quase tudo o que nós temos,
D - o banco, a mesa, a cadeira,
E - o lápis e as nossas camas,
F - quase tudo é madeira.

Todos - Os frutos que nós comemos,
A: com tanta satisfação,
B: são as árvores benditas
C: que humildemente nos dão.

D: Elas ainda fornecem
E: Tintas, borracha, papéis,
F: a sombra e o lenho sagrado
A: que anima a fé dos fiéis.

Todos - Derrubem todas as árvores
B: de nosso Estado e, por certo,
C: em pouco tempo teremos
Todos: um horroroso deserto.

Heli de Campo Melger