Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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13 de fevereiro de 2008

Narcisismo

A palavra é derivada da Mitologia Grega. Narciso era um jovem e belo rapaz que rejeitou a ninfa, que desesperadamente o desejava. Eco trancou-se em seu quarto sem comer nem beber. Assim foi se consumindo lentamente de dor, até que desapareceu e somente podia-se escutar sua voz nas paredes do quarto. Daí a palavra “eco”. Eco. A deusa Némesis, a deusa da vingança, escutou as preces de Eco e como punição, amaldiçoou Narciso de forma a apaixonar-se incontrolavelmente por sua própria imagem refletida na água. Incapaz de levar a termos sua paixão, Narciso suicidou-se por afogamento.

A palavra narcisista descreve a característica de alguém que se preocupa demasiadamente por si mesmo, considerando-se superior a todos, incluindo seus amigos e sua família.

ALGUNS COMPORTAMENTOS DO NARCISISTA:

Grandiosidade, exagero nos seus feitos nem sempre verdadeiros;

Auto-importância (usa sempre a 1ª pessoa do singular).

Obsessão pelo sucesso, busca fama e poder;

Considera-se especial e exige tratamento especial;

Necessidade de estar junto a pessoas de status social elevado;

Busca de adulação e admiração;

Não aceita discordância e fica raivoso quando confrontado;

Explora as pessoas para conquistar seus objetivos;

Sofre de falta de empatia, não se importa com as pessoas à sua volta;

Invejoso e desconfiado arrogante e orgulhoso.


www.planetanews.com

www.wikipedia.org

SUGESTÃO DE ATIVIDADE:

1- Criar um monólogo de uma das personagens com a sua imagem refletida a partir das características do narcisista.


A beleza e seus infelizes



Ao ocupar o lugar dos valores morais e éticos, a busca da perfeição corporal é confundida com felicidade e realização, gerando grandes frustrações. Quem lucra com essa inversão das prioridades humanas é a milionária indústria da beleza

Toda mulher pode ser bonita. Bastam 15 minutos diários e 5 dólares ao ano em creme facial." Helena Rubinstein fez esta afirmação em 1902, ao lançar na Austrália seu Crème Valaze, produto que inaugurou o primeiro e um dos maiores impérios do setor de beleza, consolidado a partir de 1915, quando a empresária mudou-se para Nova York, onde viveu milionária numa cobertura decorada com obras de Dalí, Matisse e Picasso.

Já vai um século desde que Rubinstein fez essa propaganda enganosa. Desde então, a milionária indústria alimentada pelo sonho da beleza só fez crescer. É um negócio que movimenta bilhões de dólares por ano em todo o planeta.

A obsessão pela aparência é hoje uma das principais causas de estresse e ansiedade, tornando infelizes e deprimidas pessoas saudáveis que não atingem o padrão de beleza que a sociedade exige.

A historiadora Mary Del Priore resume o desatino dessa cultura narcisista. "Com a tirania da perfeição física, todos querem participar da sinfonia do corpo magnífico, quase atualizando a intolerante estética nazista. Numa sociedade de consumo, a estética surge como motor do bom desenvolvimento da existência, e a feiúra é vivida como um drama."

A bulimia e a anorexia são doenças próprias de um mundo devotado à superficialidade. O bulímico ingere grande quantidade de comida para depois provocar o vômito que o livrará da nutrição indesejável. O anoréxico é dominado por um medo intenso de engordar mesmo estando extremamente magro, e por isso se submete à fome contínua.

Uma pesquisa sobre a revista Nova, realizada pela antropóloga Lara Deppe, ajuda a entender o crescimento vertiginoso da indústria da beleza. Mostra como se construiu socialmente a legitimação das preocupações com o corpo e a beleza. O que antes era futilidade, virou causa de vida e morte. "Na década de 70, médicos e cientistas mostravam nas páginas da revista a importância da beleza física para manter a saúde mental. O cuidado com a aparência foi cientificamente justificado, migrando do terreno da vaidade para o da necessidade física e mental".

Antes atributo da natureza, agora a beleza deve ser conquistada, e é necessário gastar muito para isso. Exemplo dessa mudança de mentalidade é a gaúcha Juliana Borges, que passou por dezenove cirurgias plásticas antes de tornar-se miss Brasil 2001.

A indústria da beleza vive e prospera num vácuo emocional e espiritual É o culto ao invólucro tornando-se o próprio sentido da vida. Vencido o ideal de busca de equilíbrio entre corpo e mente, restou apenas o corpo, instaurando-se a corpolatria.

Segundo a cientista e psicóloga Nancy Etcoff, a busca da beleza não é uma construção cultural, tampouco uma invenção do mundo da moda, mas parte essencial da natureza humana, fato pelo qual todas as civilizações reverenciaram a beleza, perseguindo-a com mais ou menos ênfase.

Isso é fato. A diferença é que a beleza nunca foi tão fundamental quanto hoje, e nunca uma indústria valeu-se de modo tão ostensivo do desejo profundo das pessoas em se identificar com o que há de mais belo segundo os padrões vigentes. Ser belo é ter maiores chances de vitória na vida. Seja de que modo for e a qualquer preço.

Recentemente, a promotora de Justiça Luiza Nagib Eluf escreveu artigo apontando para o grande poder dos meios de comunicação globalizados de influenciar pessoas e gerar obsessões coletivas, como a de buscar uma beleza inatingível. "Com a neurose estética, a vida perde sentido. Os neuróticos agem como se a felicidade, o amor, a emoção, tudo dependesse exclusivamente do corpo e de sua adequação aos padrões de beleza impostos globalmente. Mas por mais que se cuide da aparência física, o ser humano reflete o que lhe vai no interior, e não há maquiagem que embeleze uma alma atormentada." A indústria da beleza sabe perfeitamente disso, mas jamais tocará no assunto ao fazer suas propagandas enganosas.

Marco Frenette


SUGESTÕES DE ATIVIDADES EM GRUPO:

1- Distribuir uma parte do texto para cada grupo. Discussão. Um aluno do grupo será indicado para explicar o que leu.

2- Escrever cinco dicas de beleza.

3- Escrever um acróstico com a frase: “A beleza e seus infelizes” (Lembrar que o acróstico é semelhante a uma poesia). O todo deve conter uma mensagem. Não se deve usar frases soltas.

4- Parodiar uma música.

5- Cantar a música, de preferência com algum instrumento musical.


28 de julho de 2007

Epopéia

Meu Galo

Paulo Zenni Araujo
Deus no Pago - Ed. Sulina


Eu tive um galo de rinha
puro sangue, cor prateada,
com uma mancha rajada
cobrindo-lhe todo o espinhaço.
Bico mais forte que o aço,
galo do tiro certeiro,
que nunca deixou rinhedeiro
amargurando fracasso.

Me foi dado já maduro,
calejado de peleias
mas corria em suas veias,
sempre um sangue efervescente,
igual a do tipo valente
que despeito de arrogância,
sempre pronto em vigilância,
para um combate iminente.

Por não ter com quem pelear,
serviu na reprodução,
pra deixa uma geração
que seguisse a sua trilha
qual cerna de coronilha
que não se dobra por nada
e permanece encrustada
no topo de uma coxilha.
Da cruza com uma jacu
preta forte elegante,
nasceu uma pinto gigante,
cor da mãe, sangue do pai.
No lote se sobressai
aquele preto graúdo,
com um porte macanudo
de peledor que cai.

Tornau-se logo um franguito,
cantava batendo as asas,
e, em seguida ensaiava
um avançar impetuoso,
e no correr sinuoso,
via um galo corpulento,
arrojado, violento,
seria também, vitorioso.

Do pai, herdou valentia;
da mãe a serenidade.
Esbanjava agilidade
e altivez permanente.
E eu deduzi, claramente,
que todo o índio agressivo
tem um lado positivo:
é o reagir prontamente.

Bastava estalar os dedos,
pra merecer atenção.
E se lhe estendesse a mão,
ficava mui submisso;
parecia um compromisso
a sua total obediência.
Fazia até referência,
e eu me orgulhava disso.

Foi criado em liberdade
como dono do terreiro,
havia um branco, de raça,
que não queria trapaça
por pretensa hegemonia.
E pra demonstrar valentia,
fazia grande arruaça.

Por entre ripas da cerca,
os dois galos se toreavam.
E se nunca se puavam.
foi por não ter condição.
Mas numa desatenção,
o pacato galinheiro
transformou-se em rinhadeiro,
e resolveu-se a questão.

Meu galo agüentara muito
deboche, provocação.
Fiel a mim seu patrão,
mostrava nada entender.
Mas chega um dia que o ser
perde a calma, vira bicho,
esquece norma e capricho,
nem que tenha que morrer.

Foi tal a carnificina.
Meu frango com menos peso,
batoque, sem pua, mas teso,
largou o branco correndo.
E depois cantou dezendo:
- foi só pra te ensinar!
Eu sei, não devo matar
quem está quase morrendo.

Que te sirva de lição,
de um modo de ensinamento;
grave bem no pensamento
que minha raça tem brio,
tem fibra; jamais caiu.
Por isso de hoje em diante,
neste terreiro não cantes,
nem quero que dês mais um pio.

Meu pai me dera o direito,
mas me fora sentenciado.
Ele havia concordado
que o frango fino eu criasse.
Mas que também eu cuidasse,
pois mandaria matá-lo
se algum dia este meu galo
com o seu branco brigasse.


Cumpriu-se então a sentença,
o pacto foi encerrado.
Meu galo sacrificado
por ter vencido sua rinha.
A tradição se mantinha,
milenar, inflexível,
desta estirpe imbatível
que desde a origem vinha.


Foste a página virada

do livro da minha vida.
A sentença foi cumprida
em toda a sua versão.
Se manteve a tradição,
só um galo, companheiro!
cantou no nosso terreiro,
foi meu pai Velho João.

Gênero épico: quando temos uma narrativa de fundo histórico; são os feitos heróicos e os grandes ideais de um povo o tema das epopéias. O narrador mantém um distanciamento em relação aos acontecimentos (esse distanciamento é reforçado, naturalmente, pelo aspecto temporal: (os fatos narrados situam-se no passado). Temos um Poeta-observador voltado, portanto, para o mundo exterior, tornando a narrativa objetiva. A objetividade é característica marcante do gênero épico. A épica já foi definida como a poesia da "terceira pessoa do tempo passado".



SUGESTÃO DE ATIVIDADE:

1- Transformar o texto numa epopéia em prosa.

2- Ilustrar a figura do galo usando diferentes materiais, por exemplo: linha, lã, barbante, tecido, recortes de revistas ou jornais, sementes, serragens, flores, penas, cascas de ovos, folhas secas, areia...


3- Exposição dos textos e da ilustração do galo.

Disparate


Escreva cada uma das perguntas num papel com linhas. Distribua uma pergunta para cada aluno. Um aluno não deve saber a pergunta do outro. Os alunos deverão escrever uma resposta, limitando-se ao que foi perguntado. O professor poderá fazer dois jogos de perguntas, no caso de uma turma de trinta alunos, ou acrecscentar algumas perguntas extras, para igualar as perguntas ao número de aluno. Também poderá trabalhar acomodar os alunos em duplas. Especificar um tempo para escrever.


Quem é ele? (escreva o nome de alguém conhecido)

Quem é ela? (escreva o nome de alguém conhecido)

Como ele estava? (Imagine como – descreva-o)

Como ela estava? (Imagine como - descreva-a)

Onde eles estavam? (Imagine o lugar – descreva-o)

Quem chegou? (Diga o nome de alguém conhecido)

O que ele disse: (Imagine - Seja criativo)

O que disse o último que chegou? (Imagine - Seja criativo)

O que ele fez? (Imagine – Seja criativo)

O que ela fez? (Imagine) – Seja criativo)

O que aconteceu com ele? (Imagine algumas ações) (Obs: Não vale dizer que morreu)

O que fez o último que chegou? (Imagine) – Seja criativo)

O que aconteceu com ela? (Imagine algumas ações) (Obs: Não vale dizer que morreu)

14- O que aconteceu com o último que chegou? (Imagine algumas ações) (Obs: Não vale dizer que morreu)


Após a escrita, os alunos poderão ler os textos ou colar o texto em mural ou papel craft, seguindo a ordem das perguntas.

10 de julho de 2007

Paráfrase


O AÇÚCAR
Ferreira Gullar

O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro
a afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolveu na boca. Mas este a açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira,
dona da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale

Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.


DISTINÇÃO:

PARÁFRASE: É o Desenvolvimento do texto conservando-se as suas características

PARÓDIA: É a imitação cômica de uma composição literária.


SUGESTÕES DE ATIVIDADES

Leitura do poema

Produção de texto:
Paráfrase.
Sugestões:
O vestido
A camiseta
O jeans

O café
O pão
O queijo
O sorvete...

Regionalismo

Oração do Gaúcho


Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
e com licença patrão celestial
Vou chegando, enquanto cevo o amargo de minhas confidências
porque ao romper da madrugada e ao descambar do sol
preciso camperear por outras invernadas e respontar do céu a
força e a coragem para o entrevero do dia que passa.

Eu bem sei que qualquer guasca bem pilchado, de faca,
rebenque e espora, não se afirma nos arreios da vida
se não se estriba na proteção do céu.

Ouve patrão celeste a oração que te faço
ao romper da madrugada e ao descambar do sol.
Tomara que todo mundo seja como irmão,
ajuda-me a perdoar as afrontas e não fazer
aos outros o que não quero para mim

Perdoa-me Senhor, porque rengueando pelas canhadas
da fraqueza humana, de quando em vez, quase sem querer,
eu me solto porteira a fora...
êta potrilho chucro, renegado e caborteiro.

Mas eu te garanto meu Senhor, quero ser bom e direito!
Ajuda-me Virgem Maria, primeira prenda do céu,
socorre-me São Pedro, capataz da estância gaúcha.

Pra fim de conversa vou te dizer meu Deus,
mas somente pra ti, que tua vontade leve
a minha de cabrestro pra todo o sempre
e até a querência do céu, amém.

Dom Luís Felipe de Nadal

VOCABULÁRIO:

cevar

1. Alimentar, nutrir:

2. Tornar gordo; engordar:

3. Satisfazer, saciar, fartar:

camperear – regionalismo – procurar no campo

respontar – regionalismo – reaparecer, surgir outra vez

guasca – tira ou correia de couro cru

pilchado – adornado, enfeitado

rebenque – pequeno chicote

rengueando - mancando

canhadas

1. A parte baixa entre colinas ou coxilhas. baixadas

2. Vala profunda aberta por chuvas fortes em ladeiras muito

2. Vala profunda aberta por chuvas fortes em ladeiras muito íngremes.

potrilho – potranco (não se usa no feminino)

chucro – regionalismo – não foi domado

caborteiro - cavalo arisco, falso, velhaqueador, cheio de manhas.

prenda – regionalismo - dama

capataz - Administrador de fazenda

estância - fazenda

SUGESTÃO DE ATIVIDADE:

1- Reescrever o poema substituindo palavras do poema por palavras do vocabulário

2-Produção de texto em equipe: Escrever a oração:

do paranaense, do cearense, do baiano ... , procurando usar os regionalismos dos respecitivos Estados.