Quando eu ainda vivia num ninho, com meus pais, fui seqüestrada. Passei a morar num cativeiro pequeno na cidade, junto com minhas irmãs e primas. Ali não aprendi muita coisa, recebia uma ração, não tinha alimento com sabor variado de bichinhos e frutas. Perdi o contato com meus pais. Após denúncia ao IBAMA fui solta repentinamente. Sofri muito, pois não sabia como me alimentar sozinha e não tinha mais onde dormir. Passei frio à noite e sede de dia. Por sorte, conservei meu instinto de sobrevivência e assim não morri. Aos pouco fui me adaptando à vida solitária. Agora vivo só e livre. Sou muito mansinha e deixo que me fotografem. Visito vários quintais e telhados, fujo dos cães e gatos e meninos maldosos. Muitas pessoas me acham bonita e adoram meu canto, também ficam admirados quando me vêem na cidade tão perto das pessoas. O que fazer se aprendi a viver livre depois de grande? Às vezes pergunto: Por que teve que ser assim? E eu mesma me dou a respostas: foi um caçador. Tenho consciência de que ele mudou o meu destino. Sou como aquelas pessoas que migram para as cidades e nunca mais se adaptam mais à vida do campo.
TB
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A humanidade é um oceano. Se algumas gotas estão sujas, isso não significa que ele todo ficará sujo. (Mahatma Gandhi)