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24 de agosto de 2010

O burro pede passagem


O mínimo que se pode dizer do burro é que ele é um injustiçado. A ele se atribuem a ignorância e a teimosia.. A fama acaba contagiando os sinônimos. Assim  como existe a burrice, existe o asno e a asneira. O máximo que lhe é concedido: o trabalho. Por vezes, as pessoas admitem: trabalhei como um burro. Trata-se de uma avaliação preconceituosa. Na realidade, o burro não é burro. E nada tem a ver com a burrice dos humanos.

Bernardino Leers, um frade franciscano holandês, que há cinquenta anos trabalhava no Brasil, escreveu um livro apontando as muitas qualidades do animal. Título do livro: A moral do burro. Vindo da Europa para as montanhas de Minas Gerais, o religioso começou a visitar as comunidades no lombo de um burro: "Fiel companheiro, era um burro manso, que teve muita paciência, ensinando o frade novato". O burro também foi elogiado no Prêmio Nobel de Literatura de 1956, o espanhol Juan Ramon Jiménez. É dele a obra prima: Platero e eu. Platero é um asno bom, que come flores com o pasto e bebe estrelas, refletidas no balde de água.

Algumas lições que o burro nos ensina: ele caminha com segurança, descendo ladeiras íngremes, escolhendo o melhor lugar para atravessar um rio, coisas que nem sempre o cavalo sabe fazer com segurança. Ele conhece o caminho para retornar à casa e não se deixa impressionar com a pressa de seu dono. O burro presta serviços de maneira digna, é manso com todos, sabendo ser compreensivo com as crianças e idosos. O burro não é vaidoso, não se assusta com foguetes ou grandes multidões. Come apenas o necessário e não escolhe o que comer. Qualquer coisa serve.

O burro ............, sabe onde pisa, usa sempre a calma, contorna obstáculos. Ele não tem pressa e não perde de vista seu destino. É leal ao seu dono, mesmo pobre, idoso ou doente. Não se queixa do trabalho e da fadiga. E todas as dificuldades não o fazem perder a ternura.

Ele poderia ser vaidos, mas não é. Muitas vezes tem ocupado lugares importantes na história do homem. No primeiro Natal, quando não havia lugar para o menino, o burro o acolheu em sua pobre casa, uma estrebaria. Foi ainda ele quem o ajudou na fuga para o Egito e que carregou Jesus na entrada triunfal em Jerusalém. O burro foi amigo de Santo Antônio, ........... E Francisco de Assis chamou-o com o doce nome de irmão.

Na realidade, o burro não é tão burro como imaginamos. Nem teimoso. Ele parece entender muito de amor, pois faz de sua vida um serviço. Não é vaidoso, não espera aplausos, não se irrita com críticas, mesmo injustas. Ele é competente e sabe o seu lugar. O mundo seria melhor se os homens imitassem suas atitudes, fazendo menos burrice.

Aldo Colombo
CORREIO RIOGRANDENSE, 11/08/2010



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2 comentários:

  1. Texto maravilhoso, bastante profundo! Eu também sempre pensei o burro como um animal injustiçado.

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  2. Aprendamos com os burros!
    Estamos montando uma peça teatral a partir de passagens do livro "A moral do burro" e a apresentação será dia 15.09.2010, aqui em Divinópolis, na Capela dos Franciscanos. A peça tem direção de Osvaldo André e conta com um elenco de 12 atores. Os personagens são pessoas que fizeram parte da vida do Frei lá no norte de Minas, dentre elas uma carmelita(que sou eu), um doente, lavadeiras de roupas, loucas e lavradores.
    E viva a sabedoria do burro!
    Denise Arantes

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