Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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19 de novembro de 2007

O segredo da felicidade


"Certo mercador enviou o filho para aprender o Segredo da Felicidade com o mais sábio de todos os homens. O rapaz andou durante quarenta dias pelo deserto, até chegar a um belo castelo, no alto de uma montanha. Lá vivia o Sábio que o rapaz procurava.

Ao invés de encontrar um homem santo, porém, o nosso herói entrou numa sala e viu uma atividade imensa; mercadores entravam e saíam, pessoas conversavam pelos cantos, uma pequena orquestra tocava melodias suaves, e havia uma farta mesa com os mais deliciosos pratos daquela região do mundo. O Sábio conversava com todos, e o rapaz teve que esperar duas horas até chegar sua vez de ser atendido.

O sábio escutou atentamente o motivo da visita do rapaz, mas disse-lhe que naquele momento não tinha tempo para lhe revelar o Segredo da Felicidade. Sugeriu que o rapaz desse um passeio pelo seu palácio, e voltasse daí duas horas.

Entretanto, quero pedir-te um favor completou o Sábio, entregando ao rapaz uma colher de chá, onde pôs duas gotas de óleo. Enquanto estiveres caminhando, segura esta colher na mão sem deixares que o óleo seja derramado.

O rapaz começou a subir e a descer escadarias do palácio, mantendo sempre os olhos fixos na colher. Ao fim de duas horas, voltou à presença do Sábio.

Então perguntou o Sábio viste as tapeçarias da Pérsia que estão na minha sala de jantar? Viste o jardim que o mestre dos jardineiros levou dez anos para criar? Reparaste nos belos pergaminhos da minha biblioteca?

O rapaz, envergonhado, confessou que não tinha visto nada. A sua única preocupação fora a de não derramar as gotas de óleo que o Sábio lhe tinha confiado.

Pois então volta e conhece as maravilhas do meu mundo disse o Sábio. Não podes confiar num homem se não conheceres a sua casa.

Já mais tranqüilo, o rapaz pegou na colher e voltou a passear pelo palácio, desta vez reparando em todas as obras de arte que pendiam do teto e das paredes. Viu os jardins, as montanhas ao redor, a delicadeza das flores, o requinte que com que cada obra de arte estava colocada no seu lugar. De volta à presença do Sábio relatou pormenorizadamente tudo o que tinha visto.

Mas onde estão as duas gotas de óleo que te confiei? perguntou o Sábio.

Olhando para a colher, o rapaz percebeu que as tinha derramado.

Pois é o único conselho que tenho para te dar disse o mais Sábio dos Sábios. O Segredo da Felicidade está em olhar todas as maravilhas do mundo, e nunca esquecer as duas gotas de óleo na colher.”

Paulo Coelho - do livro O Alquimista

17 de novembro de 2007

Olavo Bilac


Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac nasceu a 16 de dezembro de 1865, no Rio de Janeiro. Faleceu em 28 de dezembro de 1918, na mesma cidade. Fez o Curso de Humanidades no Colégio do Padre Belmonte. Cursou a contra-gosto a Faculdade de Medicina, que abandonou no 5º ano, para matricular-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde esteve somente um ano.

Foi jornalista, poeta, crítico, orador, ocupando ainda o honroso cargo de secretário do Congresso Pan-Americano, em Buenos Aires. Durante toda sua vida foi um boêmio inveterado, não se responsabilizando de forma alguma pelos encargos fixos que conseguia. Como poeta é que se notabilizou pois, filiando-se à Escola Parnasiana que então começava a se esboçar, soube se tornar um de seus principais expoentes, dada a impecabilidade da forma de seus versos, aliada à "efusiva comoção da sensualidade tropical" (Afrânio Peixoto). Versejou por necessidade de alma e espírito, saindo suas composições literárias expontaneamente de sua pena. Todos os críticos são acordes de que Bilac é o verdadeiro poeta da raça, e dele, disse Saul de Navarro : " - A graça sensual de um satírico, cantando na selva lírica de nossa alma de gigante adolescente. Pássaro do idioma. Gorgeio da raça. Príncipe dos Poetas".

Além de poesias, escreveu cantos, crônicas e críticas para revistas e jornais. Foi, ainda, professor, tendo lecionado por algum tempo no Pedagogium, do Distrito Federal. Consagrou os últimos anos da vida à propaganda do serviço militar obrigatório, realizando uma série de conferências em várias capitais do país. Quando a morte se aproximava, exclamou agonizante :

"- Amanhece... Vou escrever!"


ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo

Perdeste o senso” E eu vos direi,

no entanto,

Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto

E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto

A via láctea, como um pálio aberto,

Cintila. E, ao vir do sol,

saudoso e em pranto,

Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido

Tem o que dizem, quando estão

contigo?”

Eu vos direi: “Amai para entende-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido

Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

Olavo Bilac


HINO À BANDEIRA

Letra de Olavo Bilac
Música de Francisco Braga


I

Salve, lindo pendão da esperança,
Salve, símbolo augusto da paz !
Tua nobre presença lembrança
A grandeza da Pátria nos traz

Recebe o afeto que se encerra

Em nosso peito juvenil

Querido símbolo da terra,

Da amada terra do Brasil !


II

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul;
A verdura sem par destas matas
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil !


III

Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever;
E o Brasil por seus filhos amado,
Poderoso e feliz há de ser

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil !


IV

Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momento de festa ou de dor,
Paira sempre a sagrada Bandeira,
Pavilhão da justiça e do amor.

Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil !