Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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7 de outubro de 2006

A bela adormecida


Era uma vez um rei e uma rainha que todos os dias repetiam:

_ Ah, se tivéssemos uma criança!

E nunca a tiveram. Certa vez, quando a rainha se banhava, um sapo surgiu da água e lhe disse:

_ Seu desejo será atendido; antes que este ano termine, você terá uma filha.

O que o sapo tinha dito aconteceu, e a rainha ganhou uma linda menina. O rei ficou tão feliz que organizou uma grande festa. Convidou seus parentes, amigos e conhecidos e também as mulheres sábias do seu reino, para que elas ajudassem a menina na sua vida. No seu reino, havia treze mulheres sábias, mas o rei tinha só doze pratos dourados para servi-las, por isso uma delas não recebeu convite.

A festa foi comemorada com todo o esplendor e, quando acabou, as sábias apresentaram a crinça com seus dotes maravilhosos: uma com a virtude; outra com a beleza; a terceira com a riqueza e assim com tudo que se possa desejar.

Quando onze delas tinham pronunciado seus desejos, de repente, entrou na sala uma décima terceira. Ela queria se vingar por não ter sido convidada e, sem olhar ao redor nem cumprimentar ninguém, falou em voz alta:

_ Quando a princesa completar quinze anos, espetará o dedo numa agulha de fiar e cairá morta!

E, sem mais uma única palavra, virou-se e deixou a sala.

Todos ficaram assustados. Então, a décima segunda, que ainda não tinha se pronunciado e não podia anular o feitiço, apenas amenizá-lo, falou:

_ A princesa não morrerá, mas dormirá um sono profundo por cem anos.

O rei, para proteger sua amada filha dessa infelicidade, ordenou que todas as agulhas de fiar do seu reino fossem queimadas. Todos os dons das sábias se concretizaram na menina. Ela se tornou bela, inteligente, meiga e educada, de modo que todos a adoravam.

No dia em que completou quinze anos, o rei e a rainha saíram, e a menina ficou sozinha no palácio. Ela andou por todos os lugares, explorou todos os quartos e peças, conforme sua vontade, até que finalmente, chegou à velha torre. Subiu pela escada e chegou a uma pequena porta. Na fechadura havia uma chave enferrujada, ela girou e a porta se abriu. Num pequeno quarto estava sentada uma velha com uma agulha de fiar; fiava sem parar.

_ Bom dia, vovozinha, disse a princesa. O que a senhora está fazendo?

_ Estou fiando, disse a velha e balançou a cabeça.

_ Que coisa é essa que parece ser tão divertida? Perguntou a menina pegando agulha, para também fiar. Mal tinha tocado a agulha, o feitiço se concretizou, pois a princesa espetou seu dedo nela.

No mesmo instante em que sentiu a picada, caiu num sono profundo sobre uma cama que alli estava. Este sono tomou conta de todos do reino. O rei e a rainha, que já tinham voltado e estavam no salão do palácio, começaram a dormir e, com eles, toda a criadagem. Dormiram também os cavalos na cocheira; os cães no pátio; as pombas no telhado; as moscas na parede e até o fogo que ardia no forno, parou e adormeceu. O assado parou de assar, o cozinheiro que ia puxar os cabelos de seu ajudante, por causa de um erro, interrompeu o gesto e adormeceu. O vento parou, e nenhuma folha se mexeu mais nas árvores diante do palácio.

Ao redor do palácio, começou a crescer um roseiral silvestre que, crescia a cada ano, até que finalmente cobriu todo o palácio, fazendo-o desaparecer totalmente, inclusive a bandeira da torre.

Pelo país se espalhou a lenda da Bela Adormecida, e, de tempos em tempos, jovens príncipes tentavam chegar ao castelo. Mas não conseguiam, pois os espinhos do roseiral, como se tivessem mãos, estavam firmemente ligados e os jovens ficavam presos entre eles, sem conseguir se libertar, e dessa terrível maneira morriam.

Depois de muitos anos, chegou novamente um príncipe ao país e ele ouviu um velho falar sobre o roseiral silvestre e sobre o castelo que havia atrás dele, onde estariam dormindo uma linda princesa, o rei, a rainha e toda a corte. Num sono secular.

O velho sabia também, por intermédio do seu avô, que muitos príncipes já haviam tentado chegar ao palácio, mas morreram tragicamente entre os espinhos.

Então o jovem falou:

_ Eu não tenho medo, eu quero ir lá para ver a bela princesa.

O velho tentou por todos os meios fazê-lo desistir da idéia, mas o príncipe não escutou seus conselhos.

Já haviam transcorrido justamente cem anos, e chegou o dia em que a princesa deveria despertar do seu sono secular. Quando o príncipe se aproximou do castelo, o roseiral tinha lindas e grandes flores que se abriam para deixá-lo passar e atrás dele logo fechavam o caminho. Ele viu, no pátio, os cavalos e os cães malhados deitados, dormindo; no telhado, estavam pombas, que tinham as cabecinhas debaixo das asas.

Quando o príncipe entrou no castelo, as moscas dormiam nas paredes; o cozinheiro, na cozinha, estava com a mão como se quisesse agarrar o ajudante e a criada estava sentada diante de uma galinha preta que ia ser depenada. Ao entrar no salão, viu todos deitados no chão adormecidos, e no trono, dormiam o rei e a rainha. Ele continuou andando, tudo estava tão quieto que ouvia sua própria respiração.

Finalmente chegou à torre e abriu a porta que dava para o pequeno quarto onde a princesa dormia. Lá estava ela tão linda que o príncipe não conseguia parar de admirá-la. Curvou-se e deu-lhe um beijo. Quando ele a tocou com os lábios, a princesa abriu os olhos, e despertando, olhou-o feliz.

Desceram juntos. O rei, a rainha e toda a corte acordaram. Todos se olhavam admirados.

No pátio, os cavalos levantaram e se sacudiam, os cães pulavam e abanavam a cauda, as pombas em cima do telhado retiravam ao cabecinhas debaixo das asas, olhavam ao redor e voavam em direção ao campo, as moscas nas paredes foram adiante, o fogo na cozinha aumentou, flamejou e cozinhou a comida, o assado continuou assando, o cozinheiro deu uma bofetada no ajudante que gritou e a criada continuou a depenar a galinha. Foi, então, comemorado o casamento do príncipe e da Bela Adormecida, com muito luxo e alegria, e eles viveram felizes para sempre.

COMENTANDO A HISTÓRIA

Não é por acaso que A Bela Adormecida agrada às crianças do mundo inteiro, contada e recontada por gerações e gerações. O interesse permanente por essa história justifica-se por ela apresentar, como tema central, o próprio desenvolvimento humano, configurado magicamente, de forma acessível ao pensamento infantil. No conto, estão presentes todas as etapas da vida de um indivíduo, do nascimento à maturidade, que se sucedem naturalmente, sem que haja possibilidade de interferência no seu curso normal.

A história conta a vida de uma princesa cujo nascimento se dá em condições as mais favoráveis, já que esse era esperado pelos pais como concretização de seu maior desejo. Amada e protegida, recebe dotes maravilhosos de virtude, beleza, riqueza, inteligência e meiguice. Está, desde a infância, predestinada a ser feliz. Contudo, não pode evitar as dificuldades que, fatalmente, surgirão no futuro. Esse caráter de inevitabilidade dos fatos configura-se nas previsões das treze sábias e nem mesmo a superproteção dos pais pode afastar os perigos que ela deve enfrentar.

A infância d’A Bela Adormecida transcorre de maneira tranqüila e alegre, protegida que está pelos cuidados da família. É ao completar quinze anos, quando ingressa na puberdade que a menina se depara com situações novas e inusitadas. Pela primeira vez, seus pais deixam-na a sós e ela passa a explorar o ambiente que a rodeia. É assim que descobre os recantos do palácio, chegando ao quarto da torre, o espaço desconhecido que impulsiona sua curiosidade. Ë ali que ela descortina o mundo adulto na figura da velha a exercer a milenar atividade de fiar. Precipitadamente, a jovem parte para a ação, na tentativa de imitar a velha senhora. E sua pressa provoca a picada da agulha. O conto mostra assim, que não se passa abruptamente da adolescência à idade adulta. É preciso um longo período, representado pelos cem anos de sono, para que se possa chegar à maturidade. O tempo a que a história se refere é o tempo interior de cada um, o tempo necessário ao amadurecimento, num clima de serenidade e concentração.

Quando alguém se fecha em si mesmo, a desvendar sua interioridade, isola-se do mundo exterior. Por isso, enquanto a princesa dorme, todos os elementos do reino simbolicamente param e um denso roseiral crescem em torno a protegê-la em seu sono. As tentativas de acordá-la redundam em fracasso. Isto significa que nada pode apressar seu tempo, pois é nesse período que ela empreende a descoberta de si. No momento certo, quando todo seu processo de crescimento interior já está elaborado, a jovem desperta com o beijo do príncipe. É por que o tempo é propício que os caminhos se abrem para o príncipe, levando-o até a Bela Adormecida. Como a personagem acorda para o mundo e passa a vislumbrá-lo com novos olhos, tudo ao redor adquire vida e desabrocha. Na realidade, é somente quando a princesa conhece-se a si mesma que ela vê o mundo com sentido renovado, ingressando definitivamente na idade adulta.

Como outros tantos contos de fada, aqui a personagem principal não tem um nome próprio, o que leva perceber a importância da denominação a ela atribuída. Essa denominação não se refere a caraterísticas físicas ou psicológicas da princesa, mas a um determinado estado por ela vivido. A nomeação de A Bela Adormecida concedida à jovem fornece indicações sobre a concepção dos autores da história Quanto à adolescência como fase intermediária da existência, época de recolhimento interior, bela e rica em significações. Essa mensagem de valorização de uma importante etapa da vida humana torna-o um preferido pelas crianças de todos os tempos.


SUGESTÃO:

IDENTIFICAÇÃO

Nome do autor.

Nome da obra

2- ESTRUTURA DA OBRA

Como é o enredo?

Qual o assunto do conto?

Quanto tempo durou o acontecimento?

Em que pessoa o conto é narrado?

3- PERSONAGENS:

Personagem protagonista.

Personagem antagonista.

Personagens secundárias.

4- ESPAÇO

Onde aconteceram os fatos?

5- CARACTERÍSTICAS DAS PERSONAGENS

a- A Bela Adormecida:

Características físicas

Características psicológicas

b- Treze sábias

Características psicológicas

c- Rei e rainha

Características psicológicas.

6- AÇÕES DA PERSONAGENS:

Na sua opinião, como foi a infância da Bela Adormecida?

b- Responda o que representa

- Subir à torre no dia do aniversário?

- Imitar a velha que estava fiando?

- O sono de cem anos?

- Tudo dormir enquanto a princesa dorme?

- Crescer um roseiral ao redor do palácio?

- O velho tentar impedir o príncipe de ir ao palácio?

- Despertar ao ser beijada pelo príncipe?

- Os caminhos se abrirem para o príncipe?

7- OPINIÃO

Como você explica o título do conto?

A que conclusões você chegou?

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A humanidade é um oceano. Se algumas gotas estão sujas, isso não significa que ele todo ficará sujo. (Mahatma Gandhi)