Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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7 de outubro de 2006

Conto tradicional do brasil

A FESTA NO CÉU
Luís Câmara Cascudo


Entre todas as aves, espalhou-se a notícia de uma festa no Céu. Todas as aves compareceriam e começaram a fazer inveja aos animais e outros bichos da terra incapazes de voar.
Imaginem quem foi dizer que também ia à festa... O Sapo! Logo ele, pesadão e não sabendo sequer correr, seria capaz de subir àquelas alturas! Pois o Sapo disse que tinha sido convidado e que ia sem dúvida nenhuma. Os bichos morriam de tanto rir. Os pássaros, então, nem se fala!
Mas o Sapo tinha um plano. Na véspera, procurou o Urubu e ficou bastante tempo conversando com ele, divertindo-o muito. Depois disse:
_ Bem, camarada Urubu, quem é coxo parte cedo e eu vou indo, porque o caminho é comprido.
O Urubu respondeu:
_ você vai mesmo?
_ se vou? Claro que sim, lá nos encontraremos!
Em vez de sair, o Sapo deu meia volta, entrou no quarto do Urubu e, vendo a viola em cima da cama, entrou lá dentro, encolhendo-se todo.
O Urubu, mais tarde, pegou na viola, amarrou-a a tiracolo e bateu asas para o céu, rru-rru-rru...
Chegando ao céu, o Urubu arrumou a viola num canto e foi à procura das outras aves. O Sapo espreitou por uma fresta e, vendo que estava sozinho, deu um pulo e veio para a rua, todo satisfeito.
Nem queiram saber o espanto que as aves tiveram, ao verem o Sapo pulando no céu! Perguntaram, perguntaram, mas o Sapo fazia-se desentendido e não adiantava nada.
A festa começou e o Sapo saltitou de um lado para o outro, divertindo-se muito. Pela madrugada, sabendo que só podia voltar da mesma forma que tinha vindo, mestre Sapo foi-se esgueirando e correu para onde o Urubu se havia hospedado. Procurou a viola e acomodou-se, como da outra vez.
Ao pôr-do-sol acabou-se a festa e os convidados foram-se embora voando, cada qual para seu destino. O Urubu agarrou a viola e rumou para a Terra, rru-rru-rru...
Ia a meio caminho quando, numa curva, o Sapo se mexeu e o Urubu, olhando para dentro do instrumento, viu o bicho lá no escuro, todo curvado, feito uma bola.
_ Ah! camarada Sapo! É assim que você vai à festa no Céu? Deixe de ser xico esperto...!
E, àquela altitude, virou a viola. O Sapo começou a cair, acelerando de tal forma que até zunia. E dizia, na queda:
_ Béu-Béu!
Se eu desta escapar...
Nunca mais festas no céu!...
E vendo as serras lá embaixo:
_ Afastem-se pedras, se não eu parto-as todas!
Bateu em cima das pedras como um figo maduro, espedaçando-se todo. Ficou em pedaços. Nossa Senhora, com pena do sapo, juntou todos os pedaços e fê-lo reviver.
Por isso o sapo tem a pele assim cheia de remendos.

Sugestão:

Trabalhar:
_ Leitura

_ As características do Urubu e do sapo: esperteza, decisão, coragem, ousadia, teimosia, inconseqüência

_ A reprodução oral

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