Antes de se iniciar a análise de uma
obra de arte, é extremamente importante sua identificação, pois são esses
elementos identificados que irão contribuem com detalhes enriquecedores e facilitar
a sua compreensão.
Numa breve leitura e análise
comparativa de duas pinturas produzidas no século XX, uma, produzida entre 1900
e 1950 e a outra de 1951 a
2001 vamos ver a principal diferença entre as duas obras.
Esta obra, com o título de Marguerite, foi realizada pelo pintor
francês Willian Adolph Bouguereau, que tinha preferência por temas mitológicos,
crianças e mães. Foi executada em óleo sobre lona e concluída no ano de 1903.
Mede 117,5 X 73,7 cm .
e pertence a um colecionador particular. Seu fundo superior, situado num plano
mais elevado e distante, é composto por luzes e sombras, dando a impressão de
árvores. Um pouco mais próximo do
espectador, na parte interna de uma construção, esta uma escada aparentemente
de pedras. Sobre os degraus estão espalhadas algumas pequenas flores colhidas.
Do lado esquerdo do observador entra a luz tanto do ambiente interno quanto do
externo. Mais próximo ainda do espectador, no centro da tela, sentada num dos
degraus está uma criança. É uma menina vestindo blusa branca e saia azul
escuro. Seu contorno é bem nítido, sua pela é clara, seus cabelos longos estão
amarrados no alto da cabeça com um laço azul escuro também. Pela simplicidade
no vestir e por estar descalça, parece ser de classe social menos abastada. Ela
tem a fisionomia serena, aparentado estar em paz. A criança, de pernas cruzadas e pés
descalços, segura duas pequeninas flores na mão esquerda, como se as estivesse
mostrando. Com o braço direito ela cobre o rosto, fazendo sombra sobre os
olhos. A impressão que se tem é que ela observa seu espectador, fazendo com ele
uma troca de olhar.
Comparando-se
as duas pinturas, observa-se que:
A pintura
de Bouguereau traduz a realidade, a perfeição das formas, tanto do cenário quanto
da figura da criança, como se fosse uma fotografia. Suas cores são harmônicas,
os gestos são delicados, a natureza se faz presente e o ambiente é de
serenidade. A criança interage com espectador, mostrando as flores e trocando
olhar, portanto ela não está só.
Em
Botero, a imagem da mulher encontra-se sozinha, isolada num quarto, não há
cumplicidade com o espectador. Observa-se melancolia, solidão. Tanto o ambiente
quanto a imagem não são reais. Em Botero o espaço é apertado, pois foi inundado
pela figura da mulher.
Portanto
a principal diferença está nas características de cada pintor. Cada um tem seu
tempo, seu estilo, suas características, e suas pinturas retratam isso.
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