(Cada aluno deve trazer um espelho para a sala de aula)
ATIVIDADES:
1- Leitura do poema
Mulher ao Espelho, de Cecília Meireles
Mulher ao espelho
Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seu
se morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
Hoje que seja esta ou aquela,
pouco me importa.
Quero apenas parecer bela,
pois, seja qual for, estou morta.
Já fui loura, já fui morena,
já fui Margarida e Beatriz.
Já fui Maria e Madalena.
Só não pude ser como quis.
Que mal faz, esta cor fingida
do meu cabelo, e do meu rosto,
se tudo é tinta: o mundo, a vida,
o contentamento, o desgosto?
Por fora, serei como queira
a moda, que me vai matando.
Que me levem pele e caveira
ao nada, não me importa quando.
Mas quem viu, tão dilacerados,
olhos, braços e sonhos seu
se morreu pelos seus pecados,
falará com Deus.
Falará, coberta de luzes,
do alto penteado ao rubro artelho.
Porque uns expiram sobre cruzes,
outros, buscando-se no espelho.
Cecília Meireles
Pablo Picasso: Mulher em frente ao
espelho (1932),
Nova Iorque, Museu de Arte Moderna
Ao observarmos
a pintura de Pablo Picasso, vemos a imagem de duas mulheres: uma dentro de um
espelho oval e outra fora. A mulher que está fora e tem sua imagem refletida no
espelho não foi retratada igual, ela desvia seu olhar dele. Seu rosto está
sereno. Foi pintada com cores claras. A
mulher refletida no espelho é sombria, foi pintada com cores mais fortes. Seu
olhar é firme, mas expressa sofrimento. Ela está com a cabeça coberta e
enrolada num manto azul, uma forma de ver a si mesma. Ambas se tocam, para
mostrar que são a mesma pessoa.
Para
construir a imagem, Picasso utilizou círculos de diferentes tamanho e outra
formas, com linhas curvas e retas, características cubistas.
O
artista nos faz ver que também somos como aquela mulher. Somos duas pessoas
quando nos convém. Quando convivemos com outras pessoas procuramos nos mostrar agradável, gentil, preocupamo-nos
com nossa aparência, com o que as pessoas poderão pensar, no dia a dia, às
vezes deixamos transparecer nosso lado sombrio, onde estão nossos sentimentos.
Comparando
a pintura de Picasso com a poesia de Cecília Meireles podemos constatar que os dois artistas, embora cada um
na sua modalidade, descrevem a mulher à sua maneira. Mas existem similaridades.
Picasso e Cecília mostram uma mulher descaracterizada, que se olha no espelho e
enxerga o seu interior: isto é os seus sentimentos.
Em
Picasso, a mulher que está fora do espelho representa a mulher vista pela
sociedade, bonita, alegre, feliz. A que está diante do espelho é como ela se
enxerga, não se olha, como se não tivesse coragem de enfrentar suas angustias,
seus verdadeiros sentimentos. A que está fora se esconde por trás de uma
máscara feliz e vive uma mentira, ao passo que a mulher refletida no espelho
não usa disfarce, ela não desvia o olhar, pelo contrário, apesar de mostrar uma
fisionomia abatida, consegue encarar a mulher que está fora com frieza e com firmeza,
ali está a verdadeira mulher.
Em
Cecília, a mulher também está dividida. Por fora ela usa disfarces para não
mostrar sua insatisfação de nunca ter sido o que sempre desejou ser: muda a cor
dos cabelos, muda de nome para esconder o desgosto, mas ela não acredita no
disfarce, pois sabe que é só tinta, por baixo da tinta está a verdadeira
mulher, a caveira. Essa mulher sofrida, apesar de ter sido santa como Maria e
pecadora como Madalena, só vê uma solução: a morte. Para ela não importa a
forma de morrer, pois sua fé lhe diz que ao morrer encontrará a paz ao falar
com Deus.
Portanto,
tanto Picasso quanto Cecília apresentam essa mulher de forma universal. Ela
representa a raça humana que vive esses dois episódios: o bem e o mal, a
alegria e a tristeza, a verdade e o erro, a vida e a morte.
2- Comentário sobre a tela Mulher em frente ao espelho, de Pablo Picasso
3- Leitura dos poemas: Versos de Natal, de Manuel Bandeira, Retrato, de Cecília Meireles e Espelho de Mário Quintana
Versos de Natal
–
Espelho, amigo
verdadeiro,
Tu refletes as minhas
rugas,
Os meus cabelos
brancos,
Os meus olhos míopes
e cansados.
Espelho, amigo
verdadeiro,
Mestre do
realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!
–
Mas se fosses mágico,
Penetrarias até o
fundo desse homem triste,
Descobririas o menino
que sustenta esse homem,
O menino que não quer
morrer,
Que não morrerá senão
comigo,
O menino que todos os
anos na véspera do Natal
Pensa ainda em por
seus chinelinhos atrás da porta.
–
Manuel Bandeira - 1939
Em: Antologia Poética, Manuel Bandeira, Rio de
Janeiro, Sabiá: 1961, 5ª edição
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo,
assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos, sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?
tão simples, tão certa, tão fácil:
– Em que espelho ficou perdida
a minha face?
Cecília Meireles
Espelho
Por acaso, surpreendo-me no espelho: quem é
esse
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto… é cada vez menos estranho…
Meu Deus, meu Deus…
Parece Meu velho pai – que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Nosso olhar – duro – interroga:
“O que fizeste de mim?! Eu, Pai?! Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga… Que importa! Eu sou, ainda,
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra.
Mas sei que vi, um dia – a longa, a inútil guerra!
– Vi sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste…
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto… é cada vez menos estranho…
Meu Deus, meu Deus…
Parece Meu velho pai – que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Nosso olhar – duro – interroga:
“O que fizeste de mim?! Eu, Pai?! Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga… Que importa! Eu sou, ainda,
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra.
Mas sei que vi, um dia – a longa, a inútil guerra!
– Vi sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste…
(Mário Quintana)
4- Produção de texto: O Aluno deve se olhar
no espelho e escrever sobre si.
5- Quem quiser, poderá ler o texto para os
colegas.
6- Olhar no espelho e se desenhar.
7- Exposição dos desenhos.
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