Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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1 de março de 2007

Luís Fernando Veríssimo


No início da manhã liguei a TV e vi o início do Programa Mais Você, da apresentadora Ana Maria Braga. Como todos os dias, para dar as boas vindas a seus telespectadores, Ana lê uma mensagem. Ouvi o texto de hoje e achei muito engraçado. Foi escrito por Luís Fernando Veríssimo. Leia e veja quantas coisas nos são recomendas para fazermos diariamente.


O TEMPO


Quem agüenta tudo isso??
Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C.
Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).

Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também.
Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso.
Um copo de cerveja, para... não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra.
Muita, muitíssima fibra.
Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia.
E não esqueça de escovar os dentes depois de comer.
Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma.
Sobram três, desde que você não pegue trânsito.
As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo. Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo e nem estou falando de sexo tântrico. Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.
Na minha conta são 29 horas por dia.
A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo!!!
Tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes. Chame os amigos e seus pais.
Beba o vinho, coma a macã e dê a banana na boca da sua mulher. Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal...
Tcháu....
Se sobrar um tempinho, me manda um e-mail.

Luís Fernando Veríssimo

A Raposa e as uvas



(Esopo)

Uma raposa entrou faminta num terreno onde havia uma parreira, cheia de uvas maduras,cujos cachos se penduravam, muito alto,em cima de sua cabeça. A raposa não podia resistir à tentação de chupar aquelas uvas, mas, por mais que pulasse, não conseguia abocanhá-las. Cansada de pular, olhou mais uma vez os apetitosos cachos e disse:
_ Estão verdes...

Moral: É fácil desdenhar daquilo que não se alcança.


A Raposa e as uvas

Millôr Fernandes

De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que descia por um precipício a perder de vista. Olhou e viu, além de tudo, à altura de um salto, cachos de uvas maravilhosos, uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o corpo, saltou, o focinho passou a um palmo das uvas. Caiu, tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu, dizendo entre dentes, com raiva: "Ah, também, não tem importância. Estão muito verdes." E foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme. Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular e havia o risco de despencar, esticou a pata e. . . conseguiu ! Com avidez colocou na boca quase o cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito verdes !

MORAL: A FRUSTRAÇÃO É UMA FORMA DE JULGAMENTO TÃO BOA COMO QUALQUER OUTRA


A Raposa e as uvas

LaFontaine

Certa raposa astuta, normanda ou gascã, quase morta de fome, sem eira nem beira, andando à caça, de manhã, passou por uma alta parreira carregada de cachos de uvas bem maduras.

Altas demais - não houve impasse:

"Estão verdes. . . já vi que são azedas, duras. . ."

Adiantaria se chorasse?


Fábulas de LA FONTAINE
Século XVII

''A RAPOSA E AS UVAS''


Raposa matreira Foi-se pôr-se debaixo D'erguida parreira. Cos olhos num cacho Das uvas mais belas, Contando com elas; Armou-lhes três pulos, Porém autos nulos, Que não lhes chegou: De novo saltou, Mas teve igual sorte; Buscando outro norte, Num ar de desdém, Torcendo o nariz, Com gestos de quem Por más não as quis, Foi pernas metendo Com lépido passo, E disse entendendo, Qu'as outras a ouviam: Estão em agraço, Nem cães as comiam. Há muitos humanos Que seguem tais planos, Por coisas se empenham Que sôfregos querem, E delas desdenham Se não lhas conferem.


A Raposa e as uvas

Monteiro Lobato

Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisa de fazer vir água à boca. Mas tão altos que nem pulando.

O matreiro bicho torceu o focinho.

- Estão verdes - murmurou. - Uvas verdes, só para cachorro.

E foi-se.

Nisto deu o vento e uma folha caiu.

A raposa ouvindo o barulhinho voltou depressa e pôs-se a farejar. . .

Moral: Quem desdenha quer comprar.


Sugestão de Atividades:

Comparar os textos da fábula "A Raposa e as uvas", identificando as semelhanças e diferenças.
Explicar a moral de cada fábula


Produção de texto:

Ampliar e modificar a fábula "A barata e os filhos";
Ilustrar a fábula com desenhos;
Exposição dos textos


Como Trabalhar a fábula "A Raposa e as Uvas" em séries iniciais.



A barata e os filhos



A barata saiu debaixo de umas pedras com os filhos e disse-lhes, enquanto eles ainda estavam ao sol:
_ Passeai, flores! Passeai, flores!


Daqui vem o ditado: "Quem o feio ama, bonito lhe parece".


(Ilha de São Miguel)