Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:
_ Que idéia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
(Contos Plausíveis. RJ, José Olympio)
SUGESTÃO DE ATIVIDADES:
INTERPRETAÇÃO:
1- Leitura oral
2- Dar os sinônimos de – furtar – restituir – contemplar;
3- Quais as personagens do texto?
4- Quando e onde o fato aconteceu?
5- O que aconteceu?
6- Numerar as linhas do textos e destacar equilíbrio, desequilíbrio e novamente equilíbrio;
7- Destacar do texto: situação – complicação – clímax – desfecho;
8- Comentar as atitudes do porteiro e de quem depositou a flor no jardim.
9- O autor do furto arrependeu-se? Exemplifique.
10- Qual a cor da morte?
11- Como uma flor demonstra sua felicidade?
12- De que forma uma flor pode agradecer?
13- Que novidades você pode encontrar numa flor?
GRAMÁTICA:
1- Conjugue os verbos furtar, assumir e desabrochar no pretérito mais-que-perfeito;
2- No presente do indicativo os verbos: haver – sentir – temer
3- Os verbos: colocar – ir – cochilar no pretérito perfeito do indicativo;
IDENTIFIQUE PESSOA, TEMPO E MODO VERBAL:
1- Eu a furtara.
2- O porteiro estava atento e repreendeu-me.
3- Que idéia a sua de jogar lixo de sua casa neste jardim?
4- Passei-a para o vaso.
ANALISE AS FUNÇÕES SINTÁTICAS DAS PALAVRAS DESTACADAS:
1- Notei que ela me agradecia.
2- Passei-a para o vaso.
3- Ela não estava feliz.
4- O porteiro estava atento.
IDENTIFIQUE A METONÍMIA DA FRASE:
1- O copo destina-se a beber.
PRODUÇÃO DE TEXTO:
1- Transformar o texto numa história em quadrinhos:
Fiquei muito feliz por ter encontrado o seu blog, professora. Esteja certa de que a acompanharei sempre a partir de agora...
ResponderExcluirDesejo-lhe tudo de bom!
Professora...
ResponderExcluirQual a moral dessa crônica de Drummond?
Penso este texto é riquíssimo de significados
ExcluirPoderíamos dizer que a importância das coisas variam entre as pessoas, de acordo com seu mundo interior e com seu encantamento.
A flor foi furtada e levada para casa. O autor a tratou bem, a flor agradecia, mas assim mesmo ela morreu. Essa morte causou sofrimento e arrependimento. Depois de morta, não foi abandonada, foi devolvida ao seu origem.
Para o porteiro não foi a mesma coisa. Ele não a vigiou, adormeceu, e ela foi roubada. Ele não a reconheceu, não sofreu por ela. Para ele, uma flor morta não tinha beleza e era vista como um lixo, sem valor algum, nem como adubo.
Outro ponto de vista é: devemos sempre ser responsáveis por nossos atos.
O poeta assumiu a culpa, ele disse “Furtei uma flor daquele jardim;
O porteiro não cumpriu com seu dever de cuidar, estava ali para isso e fracassou, só que não se apontou como culpado de sua morte. Se tivesse cuidado, a flor talvez não tivesse morrido.
Uma outra possibilidade ainda poderia ser a finitude e a transitoriedade de todo ser vivo. A pesar do nosso amor, depois da morte não há mais o que fazer, não importa amor que sentimos e a intimidade que temos.