Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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1 de março de 2007

Furto de flor


Carlos Drumond de Andrade

Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava e eu furtei a flor.

Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.

Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.

Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la ao jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.

Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me:

_ Que idéia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!

(Contos Plausíveis. RJ, José Olympio)

SUGESTÃO DE ATIVIDADES:

INTERPRETAÇÃO:

1- Leitura oral

2- Dar os sinônimos de – furtar – restituir – contemplar;

3- Quais as personagens do texto?

4- Quando e onde o fato aconteceu?

5- O que aconteceu?

6- Numerar as linhas do textos e destacar equilíbrio, desequilíbrio e novamente equilíbrio;

7- Destacar do texto: situação – complicação – clímax – desfecho;

8- Comentar as atitudes do porteiro e de quem depositou a flor no jardim.

9- O autor do furto arrependeu-se? Exemplifique.

10- Qual a cor da morte?

11- Como uma flor demonstra sua felicidade?

12- De que forma uma flor pode agradecer?

13- Que novidades você pode encontrar numa flor?

GRAMÁTICA:

1- Conjugue os verbos furtar, assumir e desabrochar no pretérito mais-que-perfeito;

2- No presente do indicativo os verbos: haver – sentir – temer

3- Os verbos: colocar – ir – cochilar no pretérito perfeito do indicativo;

IDENTIFIQUE PESSOA, TEMPO E MODO VERBAL:

1- Eu a furtara.

2- O porteiro estava atento e repreendeu-me.

3- Que idéia a sua de jogar lixo de sua casa neste jardim?

4- Passei-a para o vaso.

ANALISE AS FUNÇÕES SINTÁTICAS DAS PALAVRAS DESTACADAS:

1- Notei que ela me agradecia.

2- Passei-a para o vaso.

3- Ela não estava feliz.

4- O porteiro estava atento.

IDENTIFIQUE A METONÍMIA DA FRASE:

1- O copo destina-se a beber.

PRODUÇÃO DE TEXTO:

1- Transformar o texto numa história em quadrinhos:

3 comentários:

  1. Fiquei muito feliz por ter encontrado o seu blog, professora. Esteja certa de que a acompanharei sempre a partir de agora...
    Desejo-lhe tudo de bom!

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  2. Professora...
    Qual a moral dessa crônica de Drummond?

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    Respostas
    1. Penso este texto é riquíssimo de significados
      Poderíamos dizer que a importância das coisas variam entre as pessoas, de acordo com seu mundo interior e com seu encantamento.
      A flor foi furtada e levada para casa. O autor a tratou bem, a flor agradecia, mas assim mesmo ela morreu. Essa morte causou sofrimento e arrependimento. Depois de morta, não foi abandonada, foi devolvida ao seu origem.
      Para o porteiro não foi a mesma coisa. Ele não a vigiou, adormeceu, e ela foi roubada. Ele não a reconheceu, não sofreu por ela. Para ele, uma flor morta não tinha beleza e era vista como um lixo, sem valor algum, nem como adubo.

      Outro ponto de vista é: devemos sempre ser responsáveis por nossos atos.
      O poeta assumiu a culpa, ele disse “Furtei uma flor daquele jardim;
      O porteiro não cumpriu com seu dever de cuidar, estava ali para isso e fracassou, só que não se apontou como culpado de sua morte. Se tivesse cuidado, a flor talvez não tivesse morrido.

      Uma outra possibilidade ainda poderia ser a finitude e a transitoriedade de todo ser vivo. A pesar do nosso amor, depois da morte não há mais o que fazer, não importa amor que sentimos e a intimidade que temos.

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A humanidade é um oceano. Se algumas gotas estão sujas, isso não significa que ele todo ficará sujo. (Mahatma Gandhi)