Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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9 de outubro de 2006

Um teatro

OS PÉS DO PAVÃO


Cenário: um jardim
Personagens: um corvo de garras longas
um pavão de cauda colorida e pés irregulares e feios

Corvo:
(humildemente observa em silêncio o Pavão no jardim)


Pavão: (Andando no jardim exibe orgulhosamente o esplendor de sua cauda, imensa e colorida...) (andar todo garboso) Meu Deus como sou lindo! Que cauda linda é a minha! Sou a mais bela ave do jardim. Ninguém vence minha beleza. O corvo então, coitadinho, pretinho ... Há, há, há... Há, há, há...

Corvo: (Falou com voz animada)
- Bela plumagem, hem amigo? Você é muito lindo

Pavão: (Arrogante e orgulhoso)
- Ousa falar comigo, corvo insignificante? Ousa dirigir a palavra a mim, você que é negro, agourento e desprezível?

Corvo: (muito irritado)
- Seu pavão racista, vou denunciá-lo à justiça, você será processado. E fique sabendo que suas penas podem ser bonitas, mas eu não gostaria de ter os pés como os seus. Olhe só para seus pés. Cruá, cruá, cruá... Cruá, cruá, cruá...

Pavão: (preocupado, olhando os próprios pés)
- Meus pés? O que tem eles?

Corvo: (mostrando os pés do pavão)
- São abertos, irregulares. Não servem para agarrar, mal lhe dão apoio para andar... Não amigo. Fique lá com suas penas, que eu prefiro minhas garras sólidas! Veja só como são fortes!

Pavão: (Saindo de mansinho)- Desculpe amigo Corvo, tenho um compromisso: estou indo a uma sapateiro. Como não me lembrei disso antes. (Sai de cabeça baixa)

Corvo: (Pensativo, balança a cabeça para os lados)
- Acabo de descobrir uma grande verdade: Não existe beleza perfeita! Agora vou caçar com minhas garras potentes! (Sai voando) Cruá, cruá, cruá... Cruá, cruá, cruá, vou à delegacia denunciar o pavão. Quem ri por último ri melhor!

7 de outubro de 2006

Teatro


O CORVO ASTUTO E A SERPENTE

PERSONAGENS:
CORVO: astuto, negro e viajante
SERPENTE
: Má, invejosa e ambiciosa.

CENÁRIO:
O espaço do palco apresenta uma clareira de uma floresta com gramíneas, um rancho, pedras e um jarro com um pouco de água.

SERPENTE: (Entra no palco rebolando. Fala para a platéia) Estou morrendo de fome. Será que encontro algum jantar por aqui? Vou ficar perto daquelas pedras, bem escondidinha, que sabe eu papo um camundongo, hem? Ou um pássaro! (Ri) Há, há, há, há, há!

CORVO: (Entra no palco batendo as asas) Cruá, Cruá, Cruá! Cruá, Cruá, Cruá! (Olha ao redor) Que lugar maravilhoso para se descansar. É uma pena que não tem água!

SERPENTE: (Faz um barulho de guizo e vai para cima do corvo) Ahá! Chegou a minha hora tão esperada! Vou parar você, Seu gostoso!

CORVO: (Dá um pulo para a trás) Para por aí, fique longe, sua cobra peçonhenta!

SERPENTE: (Tem um acesso de soluço) Ic! Ic! Ic! Ic! Eu vou, Ic lhe pegar, Ic! Ic! mas antes, Ic!, Vou tomar água para passar meu soluço! Ic! E depois... Ic! Adeus peninhas!

CORVO: Você disse água?

SERPENTE: Ic! Isso, Isso, Isso!

CORVO: Onde? Fala logo!

SERPENTES: Ic! Naquela jarra ali! Mas não adianta, Ic! você vai morrer com sede. Sou eu quem vou tomá-la. Ic!

CORVO: Nada disso! Eu sou mais rápido. Enquanto você se arrasta, eu vôo sobre você.

(O corvo voa rápido até o jarro)

(A cobra se arrasta lentamente)

CORVO
: Nossa, o jarro está pela metade! Meu bico não alcança (fazer a tentativa) Ah! Já sei, já sei. Vou jogar as pedras dentro do jarro e a água vai subir. (Joga as pedras dentro do jarro)

SERPENTE: Ic! Pensei que eu fosse a mais esperta, Ic! mas você me venceu, Ic!

CORVO: Isso mesmo! (Bebe da água) Ah! Até parece um delicioso jantar!

SERPENTE: Ic! Deixe um pouquinho pra mim, Ic! Tenho de curar o meu soluço!

CORVO: Falou tarde, Cascavel! Já tomei tudo. Agora vou continuar minha viagem. Boa sorte. Tomara que encontre água para curar o seu soluço, se não, não vai conseguir nenhuma presa. Elas vão se assustar com o barulho desse seu soluço. Passe muito bem! (Sai do palco batendo as asas) Cruá, Cruá, Cruá! Cruá, Cruá, Cruá!

SERPENTE: (Sai do palco se retorcendo) Ic! Ic! Ic! Ic! Ic! Ic! Ic! Ic!

6 de outubro de 2006

O corvo astuto e o urubu

TEATRO:

PERSONAGENS:
CORVO:
Esperto e inteligente
URUBU: Preguiçoso, fedido e nojento

CENÁRIO:
O O espaço do palco apresenta pedras, galhos secos, um fundo representando uma paisagem e um jarro com um pouco de água.
(O urubu entra batendo as asas e tapando o nariz)
(O corvo também entra batendo as asas.)
(Ficam de costas um para o outro)

Urubu: Que fedor! Meus Deus, hoje estou usando o meu perfume predileto, “gambazê carnissê”
Corvo: Mas carniça! (olha para a sola do sapato) Ué?
Urubu: (Vira-se para o corvo) Oi! Sou eu que estou usando perfume de carniça francesa. Gostou?
Corvo: (Vira-se para o urubu) Não. Sou alérgico a carniça. fique longe de mim. (Fala olhando para a platéia) Que sede! Também, voei tanto! Essa história de procurar milho me chateia. Eu tenho saudades do tempo em que minha mãe me tratava no bico. Naquele tempo eu não passava fome, nem sede... muito menos calor. Ufa! (O corvo se abana) .
Urubu: Pois eu não tenho esse problema. Sempre me alimentei muito bem. Por isso sou saudável, vôo muito alto, tenho bons olhos e um faro excelente. Nunca me falta carniça. Agora pouco saboreei um apetitoso gambá ao sol. Sede eu também não passo, pois todos os dias bebo a água do esgoto do frigorífico. Que vidão!
Corvo: (Olhando ao redor- Fala bem alto) Nossa, Olha, olha! Que delícia. Uma jarra com água no fundo. Parece estar bem fresquinha. Eu vou tomá-la!
Urubu: Foram os caçadores que a esqueceram. Mas desista. Não para bebê-la. Nosso pescoço não alcança o fundo. Bem que eu já tentei, mas eu não consegui.
Corvo: Pois eu vou conseguir. Quer ver só?
Urubu: Duvido. Vamos comigo o esgoto é aqui perto!
Corvo: Poluída eu não quero! Mas eu já sei o que vou fazer. Vou colocar aquelas pedras ali dentro do jarro. Assim a água vai subir e eu poderei bebê-la.
Urubu: Ah! A do esgoto é muito melhor. Þem mais sabor! Tem mais cheiro!
Corvo: Não quero. Prefiro esta. (Coloca as pedras dentro do jarro e bebe a água) Uhm! Que delícia. Até parece um delicioso jantar!
Urubu: (Olhando a platéia) Que nojo! Eco! Mas é porco mesmo!
Corvo: Bem amigo, vou continuar minha viagem. Tenho que chegar ainda hoje numa lavoura de milho cortada por um riacho e tomar um bom banho!. Foi um prazer conhecê-lo! Adeus!
Urubu: Adeus! Boa viagem!
(O corvo sai do palco batendo as asas!)

Urubu: (Sozinho no palco canta)
Eu como carniça
Porque gosto muito.
Eu sou fedido
E muito papudo!


SUGESTÕES PARA SE TRABALHAR O TEATRO

um horário ( meia noite, meio dia, três da tarde)

um local ( praça, cinema, praia)

um tema ( encontro, separação, briga)

um personagem ( criança, mecânico, avó)

um objeto ( guarda-chuva, mala, lenço)

uma frase (“Isto não podia acontecer”)

um animal ( gato, pulga, cobra)

um personagem imaginário ( fantasma, anjo, fada)

um clima ( tédio, alegria, desespero)

uma peça de vestuário (meia, boné, capa de chuva)

um tipo ( avarento, fofoqueira, pessimista)

uma característica (maldade, beleza, orgulho)

ESBOÇO:

quem são os personagens?

como é o cenário?

em que época se passa?

como se inicia ação?

o que provoca o conflito?

como ele se resolve?

4 de outubro de 2006

O rato do campo e o rato da cidade

TEATRO

PERSONAGENS:

Rato do campo – vestir-se como caipira: sapatão, chapéu de palha, roupa velha – usar máscara ou pintura no rosto, orelhas e rabo de rato, cigarro de palha na orelha...
Rato da cidade – usar roupas e calçados finos, óculos de sol, gravata, gel nos cabelos...
Gato: Máscara ou pintura no rosto, orelhas e rabo de gato, gravata borboleta. Vestir-se de preto ou branco ou pintar uma camiseta velha como um gato rajado.
Unhas compridas de papel, ou luvas ...

Pintura no rosto
ou máscara
. Orelhas e rabos do gato e do rato

CENÁRIO:
Montar no palco duas casas, a do gato e a do rato.
Casa do rato
– Uma mesa simples. Sobre a mesa, milho, caneca de alumínio, caldeirão velho, moringa com água. Como fundo musical,.
Casa do Gato
_ Mesa com toalha nova, queijo, prato bonito, castiçal com vela, garrafa de shampagne, taças, bolo.


DESENVOLVIMENTO:

Gato – (Entra no palco Miando) – Miauuuuu, miauuuuu. Hoje é meu grande dia. Vou tirar a barriga da miséria. Fiquei sabendo que o Rato da Cidade convidou seu compadre Rato do Campo para um jantar à luz de velas. Vou pegar os dois. Vejam as minhas unhas: estão afiadíssimas (mostrar as unhas para o público). Miauuuuuu, vou me esconder. Com licença pessoal. (esconder-se atrás da mesa, ou cortina).

Rato da Cidade – (Entra no palco com ares de superioridade, vai para sua casa) _ Oh! Que saudade do meu compadre. Hoje vou lhe oferecer um jantar a luz de velas. Quero mostrar para ele como eu vivo na fartura. Isto sim é que é vida, não aquela da roça. Meu compadre é um bobo. Poderia muito bem viver no luxo, freqüentar festas, comer presunto e pão-de-ló todos os dias. Eu é que sou feliz, quer dizer, mais o menos feliz. (Pega um jornal cruza as pernas e fica lendo, enquanto isso...)

Rato do Campo – (Entra vagarosamente no palco e cantando, vai para sua casa): _ “Não há ó gente, ó não, luar como este do sertão”... É, pois é. Hoje vô visita meu cumpade Rato da Cidade. Ele mi cunvidô prum janta a luis de vela. Já ta na hora di ir.Quero vê cum meus próprio zói si é verdade u qui ele dis: Qui vivi num luxo danado, isso i aquilo outro, etc e tar. Inté vô leva uma ispiga de miio di presente. Bem, já to ino lá, qui vô dia pé. Num tenho dinhero mais sô feliz aqui nu sertão. (Vai para a casa do rato da cidade. Bate palmas) Ô di casa! Ô di casa!

Rato da Cidade – Entra compadre do campo. ( dois se abraçam)

Rato do Campo –Óia aqui cumpadi, um presente pro ocê. Miiu deste ano. Nossa, cumpadi, qui luxo, qui fartura. Quanta coisa linda i gostosa. Que belezura sô.

Gato –(O gato, sem aparecer mia ao longe)

Rato da Cidade – (Treme de medo)

Rato do Campo – (Treme de medo e diz) Que arripiu na ispinha e no bigodi. Que chero forte.

Rato da Cidade – Amigo, por favor, sente-se. (Acende a vela)

Gato –(O gato mia outra vez)

Rato da Cidade – (Esconde-se embaixo da mesa depois sai) Num é nada não compadre. Por favor sente-se, vamos continuar o jantar. ( Serve o champanhe) Os estão bebendo

Gato –(O gato mia mais alto)

Rato do Campo – (Esconde-se embaixo da mesa) Cuidado compadre!

Rato do Campo – (Esconde-se embaixo da mesa) O que é isso Cumpadre da Cidade? È o Demo?

Rato da Cidade – Não, Compadre do Campo. É o Gato, que mora aqui também. É preciso muito cuidado para não cair em suas garras. Ele é muito traiçoeiro. Você tem que ficar sempre atento. Cuidado, mas cuidado mesmo.

Gato – (O gato mia)

Rato do Campo – Qui que é isso? Isso lá é vida de rato? Sabi di uma coisa? Pra que te todo esse conforto, essa luxuria i essa fartura? Aqui num tem pais. Vô mimbora agora memo. Fique aí cum seu luxu i seus quituti. Isso tudu pode sê bunito, mais num mi servi.Adeus cumpadi, qui aqui num vorto nunca mais.

Rato da Cidade – Espera um pouco amigo, não terminamos nosso jantar a luz de vela!

Gato – (O gato vem se aproximando dos dois de mansinho)

Rato do Campo – Num terminamo nem vamo termina. Adeus. Sai correndo (Sai do palco)

Gato – Agarra o Rato da Cidade

Rato da Cidade – (Grita) _ Não pelo amor de Deus, Tenho esposa e filhos.

Gato – Arrasta o rato ( Os dois saem do palco)

TODOS VOLTAM AO PALCO, CURVAM-SE PARA OS APLAUSOS.
Fábula de Monteiro Lobato
Adaptação para teatro infantil- Terezinha Bordignon

teatro - a coruja e a águia

(Fábula de Monteiro Lobato)
Adaptação: Prof. Terezinha Bordignon

PERSONAGENS:
Um Narrador
Coruja mãe
Águia Real
Urubu rei
Filhote Nº1
Filhote Nº2
Filhote Nº3

(Escolher alunos menores para este papel. Maquiagem ou máscara bem feias. Colocar uma plaquinha nas camisetas, identificando os filhotes com plaquinhas. Também podem ser substituídas por nomes

CENÁRIO: A gosto da equipe
SONOPLASTIA: Música alegre e triste, conforme o momento.
FIGURINO: Roupas comuns
PERSONAGENS: Caracterizados com pinturas no rosto, máscaras ou óculos.

CONFECCIONAR:
Uma maletinha. Dentro dela uma caneta e um papel escrito com letras bem grandes: “CONTRATO DE PAZ”
Um ninho para os filhotes da coruja, pode ser uma caixa grande de papelão, um amontoado de pano no chão, uma bacia ou tacho grande com pano velho ou palha de bananeira seca no fundo.





INÍCIO


NARRADOR:
Vamos conhecer um pouco sobre esta peça teatral. Ela é uma adaptação da fábula “A Coruja e a Águia, do escritor brasileiro Monteiro Lobato. Está dividida em quatro atos. Será encenada por seis personagens. Vejamos as características de cada um deles.
ÁGUIA REAL – (Aquela, que foi criada por uma galinha, tem medo de altura) É insegura, um tanto insensível, mas quando é provocada não tem medo de briga.
CORUJA – Alegre, cheia de vida. Mãe amorosa. Faz o que pode para defender seus filhos, que nunca sobrevivem.
URUBU – Aventureiro. Gosta de viajar à procura de novas carniças. Não é muito pacífico, gosta mesmo é de morte. Mas nesse peça vai dar uma ajudazinha para construir a paz.
OS TRÊS FILHOTES DA CORUJA – Bebezinhos Indefesos, famintos ao extremo.




1º ATO

NARRADOR:
Num reino bem distante do mundo em que vivemos havia uma linda floresta que ainda não tinha sido devasta por homens gananciosos. Era habitada por milhares de animais de todas as espécies. Dentre esses, moravam lá também os personagens de nossa história: a Coruja e a Águia.
Mas o reino já não andava lá essas coisas. Era conversa pra lá, conversa pra cá, conversa pra todo lado. As duas não estavam se entendendo. Viviam em pé de guerra. Tudo porque, sempre que chocavam uma ninhada, sumiam os filhotes. Que mistério era esse? Preste atenção que você vai entender.

CORUJA: (Aos gritos) Chegaaaa! Eu não agüento mais. Sua águia medrosa.

ÁGUIA: (Insegura) Eu? Medrosa, eu? Pois fique sabendo que sou uma águia real. Não tenho medo de nada!

CORUJA: (Rindo) Ah, ah, ah, há. Não me faça rir! Você uma águia real? È isso mesmo. Águia real: real-mente medrosa!

ÁGUIA: (nervosa) É tudo mentira!

CORUJA: (ironicamente) Pensa que eu não sei que você tem medo da altura dos penhascos? Por isso vive nessa floresta. Seu lugar é lá, naquela montanha.

ÁGUIA: ( com o dedo levantado) Como cidadã, eu tenho o direito de morar onde eu quiser. ( apontando o dedo para o nariz da coruja) Entendeu?

CORUJA: Mas que é medrosa, é.

ÁGUIA: Eu sou apenas insegura. Fui criada por uma galinha. Ela me fez Ter medo de altura. Dizia que eu era galinha também. Que eu nunca iria voar. Ainda bem que não acreditei.

CORUJA: Sua devoradora de anjinhos. Sua galinha!

ÁGUIA: Mas do que você está me acusando? Fique sabendo que sou uma águia muito boazinha!

CORUJA: Boazinha? Com esse bico e com essas garras. Pensa que eu não sei que é você que sempre come os meus filhotinhos.

ÁGUIA: A culpa é do seu marido, que não cuida deles quando você sai de casa!

CORUJA: Fique sabendo que eu não tenho marido!

ÁGUIA: E depois, eu é que sou galinha, né? Corujosa!

CORUJA: Epa! Alto lá! Não fale assim comigo não!

ÁGUIA: Falo sim, pois eu também sou mãe. Eu também sofro. Meus filhotinhos também somem todas as vezes que eu choco. Eu sei que foi você.

CORUJA: (gritando) Nunca! Nunquinha! Isso é fruto da sua imaginação!

ÁGUIA: Eu ainda te pego! Você não perde por esperar!
(Entra voando o Urubu, carregando uma maletinha )

URUBU: (Muito animado) Boa tarde, belas jovens

ÁGUIA: (Triste) Boa tarde Urubu Rei.

CORUJA: (Triste) Boa tarde Urubu Rei.

URUBU: Mas o que é isso? Morreu alguém?
(Águia e coruja falam juntas)
ÁGUIA: Morreu.
CORUJA: Morreu.

URUBU: ( Animado) Quem morreu? Quem morreu? Me fala logo que eu adoro velório.
(Águia e coruja falam juntas outra vez, apontando uma para a outra:)

ÁGUIA: Foi você!

CORUJA: Foi você!

(As duas abando as mãos dando a entender o mau cheiro)
ÁGUIA: Eu! ? Você é que está podre!

CORUJA: Foi você! Sua fedida!

URUBU: Não estou entendo nada. Vocês podem me explicar o que está acontecendo?

ÁGUIA: (Apontando para a coruja) Foi ela que soltou esse pum insuportável! Que carniça!

CORUJA: Eco, que nojo!

URUBU: (Falando com autoridade) Calma! Não briguem! Não foi nenhuma das duas. Fui eu.
(Águia e coruja falam juntas, admiradas:)

ÁGUIA: Foi você? Seu urubu podre!

CORUJA: Foi você? Seu urubu podre!

URUBU: (Falando devagar) Vocês estão muito estressadas! Esse cheiro é do perfume francês “urubuzê carinicê” . Esse é meu perfume predileto.

CORUJA: Ah é? E quando você volta pra França.

URUBU: Eu vim para ficar. Vou morar nesta floresta também. Eu Gosto de ordem.. Quando eu cheguei vocês estavam discutindo.

CORUJA: (lamentando-se) Sabe o que é, Seu Urubu Rei? È que todas as vezes que eu choco uma ninhada, a Águia come os meus bebezinhos. Tenho três bebezinhos novos. Aposto que ela deve estar de olho neles para devorá-los na primeira oportunidade!

ÁGUIA: Ela também devora os meus!

(Águia e coruja se xingam, apontando o dedo uma para a outra:)
CORUJA: Sua comilona!

ÁGUIA: Sua gulosa!

CORUJA: Sua pecadora!

ÁGUIA: Sua criminosa!

CORUJA: Sua filha de uma coruja!

ÁGUIA: (Mais nervosa ainda) Não fale mal de minha mãe que eu fico macha!

URUBU: Parem com isso! Chega! Era só o que faltava, guerra ! Que belo exemplo para seus filhos!

ÁGUIA: Não é isso que desejo para minhas aguiazinhas reais!

CORUJA: Não quero que meus filhos cresçam neste clima de guerra! O mundo é tão grande. Tem tanta caça por aí. Que tolice nós duas comermos os filhos uma da outra!

ÁGUIA: Perfeitamente. Eu também não quero outra coisa. Só quero paz.

CORUJA: Então façamos um trato:

ÁGUIA: Um trato? Que trato? Olha lá heim? Você não tem cara de quem cumpre trato. Com esses olhos enormes, não sei não, não sei não!

URUBU: (alterando a voz) Calma gente! Vocês vão começar tudo outra vez!

ÁGUIA: Vamos fazer esse trato logo! (interrompe a respiração) Ô carniça fedorenta!

CORUJA: Vamos sim. Então fica combinado. Desse momento em diante não vamos mais comer os filhotes uma da outra. Certo?

ÁGUIA: Certo! Senhor Urubu Rei, poderia ser testemunha deste ato de paz?

URUBU: Com todo o prazer. (abre a malinha e tira um papel e uma caneta) Assinem aqui.

ÁGUIA: (faz um risco rapidinho) Pronto! Assinei.

URUBU: Agora a senhora, dona coruja.

CORUJA: (faz um risco rapidinho) Eu também já assinei

URUBU: (Guardando o papel na malinha, diz bem alto:) finalmente, Paz!



ÁGUIA: É isso aí, dona coruja. Mas me diga uma coisa: Como é que eu vou saber se são os seus filhos ou não?

CORUJA: Isso é moleza. Sabe como? Quando você encontrar um ninho com filhotes feios, pode comer, porque não são os meus filhos. ( animada, falando alto) Os meus amados filhotes sãos os mais alegres, mais cheios de graça, os mais lindos da face da terra.

ÁGUIA: Nossa, Dona coruja! São tão lindos assim?

CORUJA: Claro. Eu nunca vi bebês tão maravilhosos!

ÁGUIA: Nesse caso, fique tranqüila. Seus filhos não correm o menor perigo. Vou observar bem antes de papar uma ninhada!

CORUJA: Você merece um beijo.
(As duas se abraçam e se beijam)

(Final do Primeiro ato. Todos
saem do palco.)



2º ATO


NARRADOR:

E, neste reino distante do mundo dos homens a vida continuava. Os filhinhos da coruja cresciam, já tinham nascidos suas primeiras peninhas. Haviam abrido os olhos e balbuciavam alguns pios, principalmente na hora que estavam com fome. Mamãe coruja estava orgulhosa de seus rebentos. A paz reinava, até que numa linda tarde aconteceu o seguinte...


(No palco, o ninho com três filhotes dentro, todos dormindo. A coruja se aproxima e eles imediatamente começam a piar)


FILHOTE Nº 1: (Abre a boca e faz sinal para a mãe colocar comida, bem alto)

Piu, piu, piu, piu! Comidinha pro bebê!


FILHOTE Nº 2: (Abre a boca e faz sinal para a mãe colocar comida, bem alto)

Piu, piu, piu, piu! Papinha no meu biquinho, mamãe!


FILHOTE Nº 3: (Abre a boca e faz sinal para a mãe colocar comida, bem alto)

Piu, piu, piu, piu! Nenê quer comer ranguinho!


CORUJA: (Olhando para os filhotes) calma, meus amores! A mamãe vai providenciar o jantar. Só estou terminando de me arrumar. Não sair daqui neste estado. (Molha as pontas dos dedos e passa nas sobrancelhas e atrás das orelhas. Molha outra vez e passa nas axilas.) Tchau queridinhos. Mamãe não vai demorar


(Os Filhotes piam todos ao mesmo tempo:)

Piu, piu, piu, piu! Piu, piu, piu, piu! Piu, piu, piu, piu!


CORUJA: Não se preocupem. A águia não vai lhes fazer nenhum mal. Nós temos um tratado de paz!


FILHOTE Nº 1: Então vai logo, que eu estou varado de fome!


FILHOTE Nº 2: Buáaaaaa, Buáaaaaa, Buáaaaaa!


FILHOTE Nº 3: Buáaaaaa, Buáaaaaa, Buáaaaaa!


CORUJA: (Carinhosa) Não chorem meus bebezinhos lindos, a mamãe volta num instante com ovinhos frescos para o jantar! (a coruja sai do palco dizendo) Meus filhos são os mais lindos do mundo!


(Os filhotes se encolhem e adormecem)


(Final do segundo ato. Os bebês ficam no ninho)




3º ATO


NARRADOR:

Pois é meus amigos, vocês nem imaginam o que aconteceu. Os filhos da coruja já espertinhos, ficaram sozinhos enquanto a mãe providenciava o jantar. Mas, eis que acontece um imprevisto. Enquanto eles dormiam, silenciosamente chega a águia. Ela também providenciava seu jantar. Estava faminta. Muito faminta! Precisava de comida com urgência. De muita comida. E comida da boa, suculenta! Vejam só o que aconteceu...


(Os filhotes estão dormindo no ninho. Entra no palco a Águia)


ÁGUIA: (Fazendo sinal psiu, silêncio, pé ante pé. Fala alto, olhando para o relógio.) Seis horas? Que tarde. Tenho que ser rápida. (Com admiração) Oh! Um ninho de filhotinhos!


( Os filhotes acordam assustados e falam todos ao mesmo tempo:)


FILHOTE Nº 1: É a águia! E agora? O que será de nós?


FILHOTE Nº 2: É a águia! E agora? O que será de nós?


FILHOTE Nº 3: É a águia! E agora? O que será de nós?


ÁGUIA: Que horrorosos! Esses não podem ser os filhos da Coruja! Ela me garantiu que os filhos dela são lindos. Vocês são muito feios!


FILHOTE Nº 1: Somos filhos da coruja sim! Pelo amor de Deus, piedade!


FILHOTE Nº 2: Eu tenho gosto de cobra!


ÁGUIA: eu adoro cobra.


FILHOTE Nº 3: Socorro!


ÁGUIA: Não adianta reclamar não. Vocês parecem que saíram do inferno!


( Todos os filhotes gritam ao mesmo tempo:)


FILHOTE Nº 1: Socorro! Socorro! Socorro! Socorro!


FILHOTE Nº 2: Socorro! Socorro! Socorro! Socorro!


FILHOTE Nº 3: Socorro! Socorro! Socorro! Socorro!


(A águia bica todos eles. Eles deitam. Estão mortos) (Marcha fúnebre como som de fundo)


(Final do terceiro ato. A águia e os bebês saem e o ninho fica vazio.)





4º ATO


NARRADOR:

É pessoal, esta é uma história muito triste. Imaginem vocês que tragédia para aquela mãe. Dá até vontade de chorar quando me lembro do final da história. Vamos ver o que aconteceu:


(Ninho vazio. Águia com a barriga grande, entra e fica ao lado do ninho)


ÁGUIA: (Com a mão na barriga) Ah! Que delicia! Aqueles filhotes estavam bem suculentos!


(A coruja entra aos berros)


CORUJA: Oh, não! Meu Deus, os meus filhinhos! Todos mortos! Por quê, meus Deus, eu tenho que passar por isso toda vez? Por quê?


ÁGUIA: Filhos? Que filhos?


CORUJA: Aqueles que estavam nesse ninho. Sua tratante!


ÁGUIA: Aqueles bichinhos horrorosos eram seus filhos? Eu sinto muito, mas você me garantiu que eram bonitos.


CORUJA: Mas eram bonitos. Quem ama não vê defeito. Para mim eles eram os filhos mais lindos do mundo! Quem ama o feio, bonito lhe parece.


ÁGUIA: Agora, não adianta se lamentar! Da próxima vez, prometo que não farei mais isso. Perdão.


CORUJA: Está bem. Eu te perdôo


(Coruja e águia saem do palco abraçadas.)


(Todos os atores voltam ao palco para os aplausos)