Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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17 de maio de 2015

Tendências Contemporâneas



ESCOLAS LITERÁRIAS
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS
PERÍODO
1960
MARCO INICIAL
Movimento Concretista
PANORAMA DA ÉPOCA
  • Renúncia de Jânio Quadros
  • Ditadura Militar
  • Greves operárias
  • Movimento pelas eleições diretas
  • Morte de Tancredo Neves
  • Eleições diretas para presidente da República
GÊNEROS
Prosa (urbana, regionalista, intimista, realismo fantástico, prosa política
Poesia (concretismo, práxis, poema processo, poesia marginal)                         
CARACTERÍSTICAS
  • Permanência das conquistas estéticas do Modernismo
  • Exploração da camada visual do poema
  • Aprimoramento formal do conto
SÍNTESE
Ausência de padrões regulares
REPRESENTANTES
João Ubaldo Ribeiro
Mário Palmerio
Antônio Callado
Dalton Trevisan
Lygia Fagundes Telles
Rubem Fonseca
Ignácio de |Loyola Brandão
Marcio Souza
Murilo Rubião
Moacyr Scliar
Fernando Sabino
Ferreira Gullar
Augusto de Campus
Paulo Leminsky

10 de maio de 2015

Marcel Duchamp



 É o observador quem faz o quadro - Marcel Duchamp
O Dadaísmo surgiu numa época de caos, a Primeira Guerra Mundial, quando a humanidade já não encontrava sentido na arte, na ciência, na religião e na filosofia. Foi criado com a finalidade de mostrar esse descontentamento geral, denunciar injustiças e escandalizar. Para isso usou do absurdo. Seu principal representante foi Marcel Duchamp, para quem a obra de arte não precisava ser feita pelas mãos do artista, o que importava era o resultado final. Duchamp queria mostrar que tudo que possui uma forma é uma obra de arte. Numa exposição, levou um urinol. A respeito do objeto disse: se o sr. Mutt fez ou não a fonte com suas próprias mãos, não importa. Ele a escolheu... criou uma nova idéia para esse objeto.”

            Duchamp propôs um novo olhar para a arte, usando objetos comuns. Foi um convite para uma reflexão. Com isso ele valoriza a criação intelectual e física do objeto exposto, era o local que e a forma que era visto que o valorizava. Fora dali o objeto se tornava comum. Foi a forma que encontrou de romper com padrões. Sua arte desafiadora perturbou e escandalizou, pois Duchamp não tinha preocupação em agradar.
A libertação da Arte de seus clássicos padrões de beleza foi, sem dúvida, a maior contribuição para a humanidade do francês Marcel Duchamp. Sua irreverência influenciou e mudou o pensamento de sua geração e de gerações posteriores quando afirmou que é o observador quem faz o quadro. A partir de então, o que importa é a emoção despertada em cada um.
A arte sempre existiu. O homem pré-histórico mostrou isso nas pinturas rupestres. De lá para cá, o conceito de arte nunca foi instável, mudou em todos os tempos e em todas as culturas. Surgiram movimentos artísticos com características filosóficas e foram substituídos por outros, sempre se adequando ao momento histórico.
Duchamp foi um precursor. Pensou a arte fora dos padrões de sua época. Irreverente, revolucionário e transgressor, rompeu com esses padrões por não concordar com os critérios de avaliação e seleção de obras de arte. A exposição de um urinol chocou o público e gerou uma polêmica entre os críticos, mas com essa atitude ele expandiu os horizontes da arte. A partir de então, qualquer objeto fabricado industrialmente tornou-se uma obra de arte em potencial, bastava vê-lo como tal.
Depois dessa exposição, a arte desceu de seu pedestal e se popularizou. Assim, todas as pessoas, de qualquer idade, em qualquer lugar, passaram a ter contato com ela e adquiriram o poder de criticar, porque para essa nova visão o que importa é a emoção que a arte desperta. Sua finalidade é levar cada espectador a refletir individualmente, com total liberdade,  sobre o que vê. Agora, segundo o artista, “É o observador quem faz o quadro”, isto é, cada um tem plena liberdade de classificar o que é uma obra de arte, sem estar preso a antigos padrões, com os quais Duchamp não concordava.

Portanto, esse novo pensamento, que influenciou os movimentos artísticos posteriores, despertou no espectador, maior sensibilidade e respeito pela arte. Ele passou a enxergá-la ao seu redor e a interagir com ela em toda a parte.

3 de maio de 2015

127 Horas


O texto abaixo foi extraído do Capítulo Quinze, páginas 359, 360 e 361 do livro "127 Horas", de Aron Ralston, publicado pela Editora Seoman. Aron Ralston, alpinista experiente, em uma caminhada sozinho pelo deserto de Utah, nos Estados Unidos, num desfiladeiro estreito sofreu um grave acidente, quando deslocou uma rocha de quase meia tonelada e teve sua mão direita presa. Tentou se soltar de inúmeras formas, usando seus equipamentos de alpinista. Com pouca água e comida, consumiu aos poucos seus suprimentos até acabarem, passando a beber sua urina. Após vários dias, quando se viu sem chance alguma de sobreviver, pois não disse a ninguém para onde ia, num ato de desespero e coragem, quebrou seu braço e com canivete o amputou. Livre, continuou sua batalha para sobreviver.
O texto em primeira pessoa é narrativo descritivo, com riqueza de detalhes que emocionam e nos transportam ao local onde o alpinista encontrou água e bebeu, até podemos nos colocar no lugar da personagem, sentir sua coragem, sua alegria, sua dor e, principalmente sua sede.




..........................................................................................................................
O ar escaldante seca  os meus poros e eu sou torturado por três minutos enquanto faço uma série prolongada de ajustes e manobras infinitesimais para manter o meu corpo embaixo da plataforma. Finalmente, solto um pouco mais a corda através do ATC, os meus pés descendo soltos pela borda inferior da plataforma e estou pendurado livre da parede na minha corda, a cerca de 18 metros do chão. Um momento de deleite vertiginoso substitui a minha ansiedade enquanto giro sobre mim mesmo para ficar de frente para o anfiteatro, flutuando à vontade no ar. Deslizando a corda para baixo, indo mais rápido à medida que me aproximo do solo, observo o eco das minhas cordas cantando enquanto elas deslizam pelo ATC.

Tocando o chão, puxo o chicote de seis metros de comprimento das minhas cordas através do aparelho de rapel e imediatamento arremeto para a poça aureolada de lama. Saio do sol para a sombra fria, soltando bruscamente a mochila do lado esquerdo e depois mais delicadamente por cima do braço direito, e de novo retiro a Nalgene. Quando abro a tampa desta vez, arremesso o conteúdo na areia pelo lado lado esquerdo e encho-a na poça, afastando folhas e insetos mortos ao longo da água aromática. Estou tão ressecado que saboreio a umidade elevada ao redor da piscina e isso aguça minha sede. Chocalho o líquido para enxaguar a garrafa e depois esvazio de novo o conteúdo para o lado.

Passando a garrafa pela piscina duas vezes, encho-a de novo com a água marrom. No tempo que demora para levar o bocal da Nalgene aos meus lábios, discuto se devo beber devagar ou engolir de uma vez, e decido provar e depois engolir de uma vez. As primeiras gotas encontram a minha língua e, em algum lugar no céu, um coro principia a cantar. A água está fria e, melhor de tudo, é adocicada, como um vinho do porto de alta qualidade depois do jantar. Bebo o litro inteiro em quatro goles encadeados, afogando-me no prazer, e depois estendo a mão para tornar a encher a garrafa. (Tem tanto para beber.) O segundo litro segue do mesmo modo e torno a encher a garrafa uma vez mais. Imagino se a água teria esse gosto maravilhosamente adocicado para uma pessoa normalmente hidratada. Se  a água realmente é assim tão deliciosa, o que a deixa dessa maneira? Será que as folhas mortas fermentam o líquido em algum tipo de chá do deserto?

Sento-me na borda da poça e, por um momento, estou feliz comigo mesmo, como se minha sede fosse tudo o que realmente importasse, e agora que cuidei dela, estou totalmente a vontade. Tudo desaparece. Até mesmo de notar a dor do meu braço. Eu fantasio que estou num piquenique, sentado à sombra depois de um lanche prolongado, sem nada a fazer a não ser observar as nuvens passarem.

Mas sei que o alívio terá vida curta. Relaxo como estou, tenho 13 quilômetros de caminhada pela frente para chegar até minha caminhonete e preciso me preparar para isso. Observo vários conjuntos de pegadas de cascos de cavalo na areia à minha direita. Alguém ou um grupo de pessoas, andou cavalgando por essa parte do cânion desde a última tempestade. O meu coração salta ao pensar que poderia cruzar com um grupo de caubóis em algum ponto da minha caminhada, mas não me deixo enganar a ponto de alegrar ou manter muitas esperanças. As pegadas ressecadas em forma de maçã, pontuando o caminho pelo leito seco por uns 50 metros cânion abaixo, dizem-me que faz mais de um dia que aqueles cavalos passaram por aqui.

Bebo o terceiro litro de maneira mais conservadora .......................................................................................................................... seguro a câmera na mão esquerda para um autorretrato com a poça de água ao fundo. 
.......................................................................................................................... encho o recipiente com dois litros de água adocicada.



ATC: Air Traffic Controller, marca comercial de um aparelho de freio/descensor de rapel. 
NALGENE: marca comercial de uma empresa que fabrica garrafas de água para esportes radicais e de aventura. 


Sugestões de atividades:

1- Leitura do texto.
2- Comentário
3- Levar os alunos a um local para beberem água.
4- Encenação
5- Desenhos.
6- Exposição dos desenhos
6- Pesquisa sobre a água potável no Planeta Terra.



26 de abril de 2015

Pinturas de Festas Populares




As três pinturas a seguir foram feitas por três pintores brasileiros contemporâneos. Elas foram produzidas em lugares distintos e têm diferenças e semelhanças.


ALFREDO VOLPI  nasceu na Itália em 1896 e veio para o Brasil com apenas um ano. Faleceu em São Paulo em 1988. Volpi pertenceu à segunda Geração Modernista. Sua primeira pintura foi a fachada de um casario. Ocupa toda a tela. È uma pintura geométrica, na qual Volpi  utiliza poucas cores, mas fortes e contrastantes e bem definidas.

ALBERTO DA VEIGA GUIGNARD é natural do Rio de Janeiro. Nasceu em 1896 e faleceu em Belo horizonte em minas gerais em 1962.  Sua pintura tem características expressionistas, usa a cor para gerar um estado de espírito no espectador.

HEITOR DOS PRAZERES viveu no Rio de Janeiro. Nasceu em 1898 e faleceu em 1966. Desde criança teve contato com as artes. Foi músico, compositor e pintor. Perder o pai na infância foi um fator marcante em sua vida. 

Alfredo Volpi

Nesta pintura de Volpi aparece apenas a fachada de um casario. A presença das bandeirinhas coloridas remete a uma festa junina. Em sua pintura não há pessoas. O fato de as portas e janelas estarem cerradas, supõe que as pessoas se recolheram, apagaram a luzes e adormeceram. Isto está visível na parte superior das portas. A cor preta sugere luz apagada. Há luz externa e escuridão interna. Isso pode evidenciar um sentimento de angústia do pintor e despertar o mesmo sentimento no espectador.

Alberto da Veiga Guignard

            Esta pintura de Guignard mostra uma pequena cidade no início do anoitecer. A noite, encontra resistência e não consegue impor suas trevas: A cidade está em festa, totalmente iluminada. Nas rua, as pessoas estão mergulhadas na luz. Esta luz está por toda a parte: ruas, praças, calçadas, escadarias e até no interior dos casarios. Complementando a claridade estão os balões no céu. Os telhados das casas ainda não foram cobertos pela noite. As montanhas ao redor, lembram o período do ouro abundante em Minas Gerais, Estado onde o pintor viveu. Não há preocupação em retratar as casas e as pessoas de forma real. O importante é o estado de espírito que se quer passar e o pintor conseguiu demonstrar um ambiente alegre.

Heitor dos Prazeres

            A pintura de Heitor dos Prazeres, feita em cores vibrantes, retrata uma cena, possivelmente urbana, parece se tratar de uma ponte. O fundo mostra um céu nublado e no centro um balão colorido. Não é possível ver mais nada, isso lembra um rio fundo, do contrário seria visível. É como se a ponte estivesse subido ao céu, de encontro ao balão.  Ela está protegida lateralmente e tem um espaço reservado ao pedestre. Sobre a ponte estão crianças brincando, elas têm características afro. A pintura de Heitor dos Prazeres também não tem preocupação com as formas reais. As crianças não são reais. As meninas vestem roupas com modelos idênticos, divergindo apenas nas cores. Vestir roupas de modelos únicos evidencia igualdade social. E é um costume que na África ainda perdura. O pintor também retratou um período de festas juninas, isto a presença do balão confirma. As crianças estão brincando. Além de pintor, Heitor era músico. A forma como as crianças estão dispostas é a mesma de uma brincadeira de cantiga de roda. É como se elas estivessem cantando a música “Cai cai balão”, disputando quem consegue pegá-lo, pois elas estão com os braços estendidos em sua direção. Heitor dos Prazeres retrata um ambiente festivo.

Comparando as três pinturas,  nota-se que existem semelhanças e diferenças:

            Guignard e Heitor dos Prazeres retratam um momento festivo próprio do Brasil: O período das Festas Juninas. Na pintura de ambos há denúncia social: a presença de pessoas simples, da classe pobre. Eles mostram um cotidiano feliz, sem deixar de apresentar o que aconteceu na História do Brasil: a escravidão, as minas de ouro de Minas Gerais, as festas juninas herdadas dos portugueses, a religião católica. Na cidade, todas as pessoas comemoram a festa, ninguém fica de fora. Quem não está na rua, comera dentro de casa. As duas pinturas evidenciam sentimentos de amizade, alegria, espontaneidade. Nelas há luzes, cores, contrastes e sugerem ao espectador a presença de outros elementos como burburinhos, musicalidade.

            Volpi também retratou o Brasil na fachada do casario, residência com características colonial, habitada por pessoas simples, do povo, enfeitada com bandeirolas coloridas, típicas das festas juninas. Em sua pintura as portas das casas estão cerradas, como se a festa tivesse acabado e as pessoas tivessem recolhidas em seus aposentos. Não há luzes dentro das casa. Sobre cada porta há janelinhas pretas, como se ali um vidro mostrasse  que todas as pessoas haviam apagado as luzes. Volpi delimitou a paisagem. O fundo é o próprio casario. A cena de Volpi é quase estática, a não ser pelas bandeirolas que na imaginação podem se movimentar. Fica a cargo do espectador, imaginar o ambiente ao redor. A pintura de Volpi, ao contrário de Guignard e de Heitor dos Prazeres, sugere melancolia e silêncio.

            Portanto, apesar dos três pintores serem contemporâneos, habitarem o mesmo país,  retratarem suas pinturas com o mesmo tema, mostrarem o mesmo contexto social, cada um deles tem características específicas que os diferencia.: Guignard e Heitor dos Prazeres tem pinturas alegres e Volpi tem uma pintura melancólica.



21 de abril de 2015

Análise e comparação de obras de arte




            Antes de se iniciar a análise de uma obra de arte, é extremamente importante sua identificação, pois são esses elementos identificados que irão contribuem com detalhes enriquecedores e facilitar a sua compreensão.
            Numa breve leitura e análise comparativa de duas pinturas produzidas no século XX, uma, produzida entre 1900 e 1950 e a outra de 1951 a 2001 vamos ver a principal diferença entre as duas obras.   



            Esta obra, com o título de Marguerite, foi realizada pelo pintor francês Willian Adolph Bouguereau, que tinha preferência por temas mitológicos, crianças e mães. Foi executada em óleo sobre lona e concluída no ano de 1903. Mede 117,5 X 73,7 cm. e pertence a um colecionador particular. Seu fundo superior, situado num plano mais elevado e distante, é composto por luzes e sombras, dando a impressão de árvores.  Um pouco mais próximo do espectador, na parte interna de uma construção, esta uma escada aparentemente de pedras. Sobre os degraus estão espalhadas algumas pequenas flores colhidas. Do lado esquerdo do observador entra a luz tanto do ambiente interno quanto do externo. Mais próximo ainda do espectador, no centro da tela, sentada num dos degraus está uma criança. É uma menina vestindo blusa branca e saia azul escuro. Seu contorno é bem nítido, sua pela é clara, seus cabelos longos estão amarrados no alto da cabeça com um laço azul escuro também. Pela simplicidade no vestir e por estar descalça, parece ser de classe social menos abastada. Ela tem a fisionomia serena, aparentado estar em paz. A criança, de pernas cruzadas e pés descalços, segura duas pequeninas flores na mão esquerda, como se as estivesse mostrando. Com o braço direito ela cobre o rosto, fazendo sombra sobre os olhos. A impressão que se tem é que ela observa seu espectador, fazendo com ele uma troca de olhar.



La Carta é uma pintura feita por Fernando Botero, pintor colombiano, cuja característica marcante é a pintura de figuras com proporções maiores e características de gordas. Concluída no ano de 1976, La carta encontra-se no Museu Botero, em Bogotá, Colômbia. Mede 149 X 194 cm.  e foi pintada em óleo sobre tela. Ao fundo, no centro, vê-se uma parede azul clara. Trata-se de um quarto pequeno, suas duas paredes laterais são visíveis. Na parte superior desta parede, está o fundo de uma tela pendurada, mas não se vê figura alguma, deixando um enigma para o observador. Apesar da parede clara, nota-se que a luz vem do canto superior esquerdo do observador, supostamente uma janela aberta. No centro do quarto fica a cama de madeira, com a cabeceira revestida de tecido, formando um encosto macio. Os lençóis e o travesseiro harmonizam com o tecido que recobre a cabeceira. Sobre uma parte da cama, em colorido contrastante, está estendida uma coberta vermelha com bordas de cor amarelo ouro. Do lado oposto, estendido também, um outro tecido, de cor verde, aparentando ser uma peça de roupa. Sobre esses elementos, no centro do quadro, destaca-se a imagem desproporcional de uma mulher gorda, nua. Ela encontra-se deitada e com uma das mãos apoiada no rosto, segura a cabeça, com a outra, segura um papel, a carta. A luz que penetra no ambiente ilumina todo o seu corpo. Sua pele é clara e seus longos cabelos ondulados são ruivos, combinando com seu tom de pele. Os olhos, contrastando com o rosto, são pequenos e estão olhando o vazio, como se ela não estivesse enxergando nada concreto, apenas as imagens que passam em seu pensamento. Apesar de seu tamanho ser de uma pessoa gorda e grande, sua boca e seus seios são pequenos, o que deixa a impressão de uma mulher solitária, sem uma vida sexual ativa. Os pelos pubianos à mostra são poucos e discretos, pois são cobertos por sua perna direita que se dobra sobre a outra perna. À sua frente estão a metade de uma laranja madura e alguns pedaços espalhados. Nenhum deles foi degustado pela mulher.
Comparando-se as duas pinturas, observa-se que:
A pintura de Bouguereau traduz a realidade, a perfeição das formas, tanto do cenário quanto da figura da criança, como se fosse uma fotografia. Suas cores são harmônicas, os gestos são delicados, a natureza se faz presente e o ambiente é de serenidade. A criança interage com espectador, mostrando as flores e trocando olhar, portanto ela não está só.
Em Botero, a imagem da mulher encontra-se sozinha, isolada num quarto, não há cumplicidade com o espectador. Observa-se melancolia, solidão. Tanto o ambiente quanto a imagem não são reais. Em Botero o espaço é apertado, pois foi inundado pela figura da mulher.
Portanto a principal diferença está nas características de cada pintor. Cada um tem seu tempo, seu estilo, suas características, e suas pinturas retratam isso.


12 de abril de 2015

Etapas da descrição de uma obra de arte





            São quatro as etapas da descrição de uma obra de arte:
          A primeira delas é buscar os dados referenciais a respeito do artista: seu nome, obras que o artista já realizou; a data, que permite contextualizar suas obras na História da Arte. Outro dado referencial é o tamanho, pois quanto maior, maior será o envolvimento da obra com o expectador; e a localização da obra, para posterior confronto e esclarecimento de dúvidas.
            Uma segunda etapa é a descrição do material, pois cada técnica tem sua forma de construção, isto é, meios para obter efeitos e recursos de composição: planos sobrepostos, variações de tamanho, posição das figuras, perspectiva linear e aérea, mudança de cor. Essa etapa não é tão difícil quando são obras com objetos bem definidos, em contrapartida, quando se trata de arte contemporânea faz-se necessário uma pesquisa sobre a biografia do artista e a classificação de sua obra. Esses elementos podem ser confrontados com o contexto histórico.
            A terceira etapa é a da interpretação. Neste momento é preciso considerar seu contexto de produção. Quanto ao estilo, deve-se identificar se os elementos conhecidos são notados em outra pintura do mesmo estilo. É importante reforçar que cada obra tem o seu estilo e pede uma identificação diferente.
            A síntese é a última etapa. É quando se chega a uma conclusão, quando se contestam hipóteses ou se comparam elementos.

Arte Postal



A Arte Postal surgiu nos anos 60, em Nova York, Estados Unidos, quando o mundo estava divido em capitalismo e socialismo. Neste período, muitos países eram controlados por ditadores, que proibiam a liberdade de expressão. Teve por fundador Ray Johnson, que por irreverência, costumava escrever do lado de fora do envelope, assim a carta perdia sua privacidade. Outros artistas passaram a customizar envelopes com colagens, fotografias, escritas ou pinturas para enviar suas obras, ou ainda a postarem envelopes vazios. Neste período, os artistas plásticos trocaram correspondências entre si através dos Correios.
Esta arte foi uma forma de correspondência muito utilizada durante a Guerra Fria, quando no Brasil, acontecia a Ditadura Militar, período de muita censura. Foi uma forma dos artistas se comunicarem ludibriando as autoridades. Em 1975, no Estado de Pernambuco, aconteceu a I Exposição Internacional de Arte Postal, organizada pelo artista, mas foi fechada pela censura por apresentar um trabalho criticando o Regime Militar, quando não aconteciam eleições.
Na década de 80, essa arte ficou adormecida, retornando nos anos 90, de outra forma: através de e-mails e de sistemas de compartilhamento de opiniões na internet.
A característica principal desta arte é a liberdade de expressão. O movimento está ligado às vanguardas instauradas no século XX. Os artistas futuristas e dadaísta foram os primeiros a usarem cartões postais de forma artística. Dentre eles, destaca-se Marcel Duchamp, que acreditava que qualquer pessoa poderia intervir numa criação artísticas. É isso que a arte postal faz, ela permite a participação de várias pessoas. Kurt Schwitters introduziu a idéia da não comercialização de obras de arte. O surrealismo colabora com essa arte através do coletivismo e do intercâmbio quando usa colagem de carimbos e selos em suas obras.
Desses elementos dos anos 60 e 70 surgem criações artísticas que privilegiam a arte como um produto de comunicação e produção coletiva. Os artistas são co-autores e a obra de arte é modificada, privilegiando o intercâmbio político e cultural. É uma arte que foi usada para protesto político.
Atualmente nas redes são virtuais, todos podem interagir em tempo real, quebrando barreiras físicas, espaciais e tecnológicas. Apesar de ser revolucionária, a Arte Postal é  quase desconhecida.

6 de abril de 2015

Cores primárias e secundárias



Composição a partir de formas geométricas, utilizando cores primárias e secundárias:


Balé de Repetório




Balé O lago dos cisnes

            A palavra repertório originou-se do latim “repertorium”. Segundo o Dicionário Aurélio, significa “um conjunto das obras interpretadas por uma companhia teatral, por um ator, por uma orquestra, por um solista. Esta envolvido com uma história, como se fosse uma peça teatral, só que não tem falas e a encenação é toda feita através de gestos, danças e música, isto é, um conjunto de coreografias contando uma história usando a dança, a música e a mímica.
            Assim como a literatura, o cinema, a música  e o teatro, a dança também tem um caráter narrativo. Os principais elementos narrativos encontrados são:  personagens, espaço, tempo e enredo, porém não há um narrador. A história é contada a partir da performance de cada bailarino ao longo do espetáculo. Os bailarinos principais dançam solos, e juntamente com o corpo de baile, dançam a coreografia em grupo, em um conjunto de passos que deve ser seguido minuciosamente, de maneira a interpretar a história.
            Os balés de repertório foram montados e encenados durante o século XIX, e até hoje são obras montadas e remontadas com as mesmas músicas e suas coreografias de origem, baseados no estilo da escola que vai apresentá-los. Seguem tradicionalmente sua criação. No palco se apresentam os grandes bailarinos. São considerados como patrimônio da Humanidade
            Quem faz ou já fez parte do mundo do balé sabe a emoção que é dançar. Esta é a lista de alguns dos mais  famosos balés: O Quebra Nozes, O Lago dos Cisnes, Giselle, Copéllia, Pássaro de Fogo, Esmeralda, Dom Quixote, La Fille Mal GardéeA Bela AdormecidaLa SylphideLa BayadèreSylvia, Paquita, Chamas de Paris, Talismã, O corsário, a filha do Faraó, Fairy Dol, Petrouchka
            Os principais elementos presentes em um balé de repertório são: figurino, cenário, música, corpo de baile e solistas. Alguns dos balés de repertório que foram e ainda são destaque pela técnica, pela perfeição, originalidade, verdadeiras obras primas, que garantem absoluto sucesso, e desde a estréia os teatros ficam lotados. São adaptações de obras literárias, musicais com integração perfeita entre a música e os movimentos da dança. Balés que impressionam os críticos, que tiveram ensaios muito demorados e em conseqüência, não só prendem a atenção do público, mas o deixam extasiado. São danças clássicas e folclóricas que narram acontecimentos que marcaram a sociedade: desigualdades sociais, lendas, romances, disputas, tragédias, triângulos amorosos, cujas personagens são princesas com roupas esvoaçantes, camponesas belíssimas. Nestas danças, o cenário pode ser um castelo luxuoso ou um local cheio de feno.
            A Bela Adormecida, foi uma grande obra que marcou o apogeu da Rússia dos Czares, além de ser o grande sucesso de Tchaikovsky em vida. Obra, em castelos reais, com personagens grandiosos e fantásticos, marca a força da Rússia na época. A produção da obra foi feita em conjunto pelo coreógrafo, figurinista e o compositor, por isso o resultado é uma integração tão perfeita entre os três elementos. São características especiais da obra as variações muito ricas em técnica.


 Balé Dom Quixote

            D. Quixote, a novela de Miguel de Cervantes, inspirou vários balés, ao longo dos tempos. As primeiras versões encenadas não obtiveram sucesso suficiente para se manterem até hoje, mas a versão estreada em 1869, teve um sucesso arrebatador. Essa obra marca a ascensão da Rússia o centro mundial da dança, pois naquela época a Europa Ocidental vivia o mercantilismo, deixando o campo das artes um pouco abandonado. Em conseqüência, os artistas migraram para a Rússia, onde a dança, especialmente, era muito estimulada.
            A Filha do Faraó fez grande sucesso na Rússia pelo menos até cinqüenta anos depois de sua estréia em 1862. Foi retirado dos repertórios por determinação do governo soviético, que, aparentemente, não gostava do poder autocrático dos faraós. A encenação conta com algumas participações pitorescas, como a de um macaco e de uma cobra gigante. Em 2003, A Filha do Faraó foi finalmente levado aos palcos do Ballet Bolshoi 141 anos após sua estréia. A suntuosidade é a principal marca dessa nova produção. Há variadas trocas de cenários, muitíssimos figurantes e um guarda-roupa invejável.
            Nascido no berço da Revolução Francesa, La Fille Mal Gardée, mostra claramente em seu enredo os ideais burgueses que foram estabelecidos desde então. O amor vence no final, permitindo que duas classes se unam, como na revolução. A obra estreou 13 dias antes da tomada da Bastilha, e assim como os ideais de "liberdade, igualdade e fraternidade", prosperou até hoje. Além de ser revolucionário no ponto de vista histórico, La  Fille Mal Gardée inovou, lançando um enredo com personagens reais e não ninfas, fadas e deuses. É o mais antigo dos balés de repertório conhecidos até hoje.

Balé Giselle

            Giselle foi um balé extremamente marcante, por ser um dos mais puros exemplos do Romantismo do século XIX na dança. As características do romantismo mais presentes na obra são a trama, desenvolvida em torno de uma personagem feminina e a aparição de seres sobrenaturais que vêm substituir os Deuses do Olimpo que eram mais utilizados anteriormente. São marcas do Lago dos Cisnes a trama totalmente irreal, construída na época do Romantismo/Realismo.
            O Quebra-Nozes foi um Balé que veio marcar a afirmação da Rússia como o grande centro mundial da dança, ao invés da França. Seu coreógrafo, Lev Ivanov, era russo. Foi a segunda composição de Tchaikóvsky para ballet, e considerada um dos mais perfeitos casamentos entre coreografia e música, pois nenhum dos dois se sobressai em relação ao outro.
            Romeu e Julieta não é um balé, mas sim vários, pois o romance de Shakespeare inspirou mais de cinqüenta produções. As primeiras foram encenadas desde 1785, mas a versão mais conhecida atualmente foi produzida em 1940, quase dois séculos depois. Também muitas músicas foram compostas para representar essa tragédia, e entre elas, versões de compositores famosos como Tchaikovsky e Berlioz.
            La Sylphide foi uma obra que inovou a dança na Europa Ocidental. Na época do florescimento do romantismo, a sociedade européia esperava por uma obra que demonstrasse todo o clima desse tempo, e que inovasse esteticamente, A roupa desenhada para a Sylphide é: branca, longa e transparente, dava um aspecto irreal à personagem. Foi também uma das maiores revoluções teatrais de nossa era, pois era uma roupa simbólica e que nem sequer parecia com as usadas no dia a dia. A maior novidade foi a construção do ballet inteiro usando sapatilhas de ponta. Essa inovação gerou inúmeras mudanças na dança clássica, inclusive a recolocação do homem nas coreografias.


Referências:






30 de março de 2015

Enquadramento de perspectiva


Para obter efeitos de profundidade de campo faça a fotografia de um mesmo objeto alterando somente a distância da câmera. Dessa forma você terá diferentes enquadramentos de perspectiva, isto é, terá grande ou pequena profundidade de campo. Veja o exemplo:






ATIVIDADE:

Coloque em prática o conhecimento adquirido: Realize quatro fotos demonstrando efeitos de profundidade