Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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30 de setembro de 2015

Red Hot Chili Peppers - Otherside]




Este é o clipe da Música “Otherside”  do grupo de Rock americano Red Hot Chili Peppers. A estética desse video se inspirou nas características do conflitos interiores e estado emocional do Expressionismo Alemão.

Algumas características comprovam a presença do Expressionismo Alemão:
- Clima psicológico, como se fosse um sonho, ambiente surreal;
- Evocações fúnebres com a morte da personagem, luta consigo mesmo (conflito);
- Poucos personagens, desproporcionais (cão e pássaro grandes);
- Figuras escuras, distorcidas, contraste de luz e sombra, planos inclinados;
- Elementos cubistas: casas, ambulância, galhos de árvores, perspectiva distorcida;
- Formas geométricas, uso de linhas retas, obliquas, profundidade, corredores longos e estreitos, longas escadas;
- Close no rosto e nos olhos da personagens;
- Movimentos repetidos, como o de uma máquina trabalhando
- Inversão de planos 

O Gabinete do Dr. Caligari




O gabinete do Dr. Caligari (1920)


            O Expressionismo Alemão é reflexo da profunda crise espiritual originada nos campos de batalha da Primeira Guerra Mundial. Segundo as características desse movimento, o expressionismo escapa à lógica, pois é subjetivo. Numa breve explanação, é bom lembrar que Dr. Caligari é um médico louco, que usando uma capa negra e uma cartola, vive alucinações faz mau uso de seus poderes mentais, hipnotiza um jovem e o induz a matar várias pessoas, sem ter consciência daquilo que faz. O filme ganha destaque quando o jovem se recusa a assassinar uma bela jovem. Para desenvolver o enredo tem necessidade de imagens distorcidas e deformadas, que dão sentido à trama e narram a tragédia.
            O Gabinete do Dr. Caligari  é um clássico do terror, lançado em 1919. Apresenta um visual um tanto surrealista. Foi uma das primeiras obras do expressionismo alemão e privilegia o tom escuro,  os estranhos efeitos de forte contraste entre luz e sombra, de cenários e ângulos de câmera distorcidos, além de climas psicológicos, para expressar os delírios de um louco, de forma irreal, abstrata, como as imagens de um sonho. Lida com temas como a demência, o controle mental e obsessão pelo poder, é uma alegoria sobre a situação política e social da Alemanha do pós-guerra, o militarismo e as imposições das autoridades do sistema. Seu roteiro foi escrito com um sentimento de aversão a esse sistema. É um questionamento a respeito da obediência cega à autoridade.
            O cenário é criado com pedaços de madeira e pano pintados com imagens distorcidas e com predomínio de linhas geométricas retas, obliquas e agressivas.  O uso de luz e sombras são típicos do expressionismo. Cenas de telhados, caminhos, pontes, florestas tornam-se surreais e ameaçadores, para expressar visualmente os sentimentos das personagens.  A casa do Dr. Caligari parece pequena e apertada por fora, o que causa uma sensação de incômodo.
            Por se tratar de um filme do início do século XX, quando o cinema estava em seu início e ainda era mudo, a trilha sonora é um elemento primordial, pois conduz o telespectador e mostra sua trama conforme as intenções do expressionismo: suspense, medo, enigma, terror fantasmagórico  estão presentes o tempo todo, conferindo uma atmosfera de pesadelo, sugerindo algo assustador

            O protagonista, bastante convincente, usa forte maquiagem, dirige um olhar perturbador, forte, de ameaça ao telespectador, um visual bastante sombrio. Sua interpretação, por Werner Krauss, o misterioso e cruel médico, Doutor Caligari é bastante exagerada e enigmática. Apresenta movimentos pouco naturais, uma qualidade irreal, fantasiosa, mórbida. O mesmo pode-se dizer do sonâmbulo César. A expressão facial e corporal também provocam medo. O exagero nas expressões buscam externar os sentimentos das personagens. Os figurinos se adéquam às atuações das personagens.


21 de setembro de 2015

Taumatrópio


  



Taumatrópio é um brinquedo que foi popular na Era Vitoriana. Uma obra de arte original bidimensional.
Há duas narrativas para a sua origem.
A pimeira afirma que foi Inventado em 1824, por Peter Mark Roget que apresentou um artigo à Royal Society de Londres, onde abordava e discutia uma certa sensação ilusória de se enxergar uma roda (de carruagem) rodar ao contrário, durante seu movimento normal de rotação.
            A outra diz que foi inventado em 1924 por Jonh Ayron, médico e fisíco inglês, como objetivo de provar o fenômeno ocular da “persistência retiniana”. 
            O Traumatrópio consiste de Um disco de papelão com uma imagem em cada lado, preso a dois pedaços de barbante. Quando as cordas são torcidas rapidamente entre os dedos as imagens dos dois lados parecem se combinar em uma. Por exemplo, se for desenhado num lado do disco uma gaiola e no outro um passarinho, ao rodar o fio esticado as duas imagens fundem-se dando a impressão de que o pássaro está dentro da gaiola.
            A palavra ‘Taumatrópio’ vem do grego thaûma (maravilha) + tropos (virar, transformar) que significa "que se transforma em algo maravilhoso". Esse efeito ou ilusão de óptica é dado pelo fenômeno da "persistência retiniana".
            Persistência Retiniana é a capacidade que o olho humano tem de reter a imagem, ou seja, as imagens permanecem por um determinado tempo em nossa retina - cérebro - de aproximadamente 1/16, dezesseis frames por segundo, qualquer imagem que fique mais tempo que esse dará impressão de movimento.  Esse efeito ou ilusão de óptica é dado pelo fenômeno da "persistência retiniana".
            Quando se olha fixamente para uma luz e depois se fecha os olhos, fica-se com a impressão de continuar a ver essa luz mesmo com os olhos fechados. Este fenómeno chama-se Efeito Phi ou Efeito de Persistência Retiniana das Imagens.



Sequência da confecção de um Taumatrópio:


Fig. 1 – Risco em A4



Fig. 2 - Contorno com caneta hidrográfica

Fig. 3 – Pintura com lápis de cor

Fig. 4 – Pintura do fundo com giz pastel seco

Fig. 5 – Papel cartão e reforço da borda


Fig 6 – Desenho colado no papel cartão 

Fig. 7 – Figura recortada com furo nas bordas

Fig. 8 - Figura recortada com furo nas bordas


Fig 9 – Figura com elástico -  Frente  


Fig 10 – Figura com elástico -  Verso 

  
Exemplos de Taumatrópios:


15 de setembro de 2015

Cidadão Kane




Título original: Citizen Kane.
Ano: 1941.                                   
Direção: Orson Welles.                       
Elenco: Orson Welles, Agnes Moorehead, Joseph Cotten, Paul Stewart, George Coulouris.
Gênero: Drama.
Nacionalidade: EUA. 

Sinopse:
O filme é supostamente baseado na vida do magnata das comunicações William Randolph Hearst, Na trama conhecemos a história de Charles Foster Kane a partir de sua morte. Um jornalista recebe a tarefa de investigar qual era afinal o significado de sua última palavra, "Rosebud". 


Prêmios:
Venceu o Oscar de 1942 na categoria de melhor roteiro original. Foi indicado nas categorias de melhor ator protagonista (Orson Welles), melhor direção de arte preto-e-branco, melhor fotografia preto-e-branco, melhor diretor, melhor montagem, melhor trilha sonora, melhor filme e melhor som. Venceu o Prêmio NYFCC 1941 (New York Film Critics Circle Awards, EUA) na categoria de melhor filme.

Curiosidades:

O filme ainda é considerado, por boa parte da crítica, como o maior filme da história até o momento, figurando em primeiro lugar na lista do American Film Institute (AFI). Cidadão Kane foi o primeiro filme longa metragem dirigido por Orson Welles, o filme encontrou forte oposição por parte de William Randolph Hearst, pois ele julgava que a obra denegria sua imagem. Em realidade, havia mesmo muitos pontos coincidentes das biografias de Hearst e de Kane, embora publicamente Orson Welles sempre negasse essa relação. Cidadão Kane marcou sua época devido às inovações, sobretudo nas técnicas narrativas e nos enquadramentos cinematográficos. O filme começa com o protagonista já morto, mudando-se a cronologia dos fatos.


Fonte:http://vejasp.abril.com.br/blogs/miguel-barbieri/2015/06/19/cinemark-classicos-temporada-julho/

http://cinemalivre.net/filme_cidadao_kane.php

  Comentário:

O filme Cidadão Kane, no desenvolver das cenas, retrata a importância das virtudes. O protagonista Charles Foster Kane, quando adulto, herdou grande fortuna e passa a construir um império, que por falta da virtude do dever nasce condenado a se desfazer.

Kane é um homem que se dedica a conhecer o que faz. Em tudo o que escolhe fazer o faz através de uma ligação sensível. Gostava do que fazia. Tinha compromisso com suas escolhas, desde que servissem à sua pessoa. Gostava de suntuosidade. Estava sempre comprando e cumulando bens, obras de arte, dominava a arte de comprar e de escolher. Identificava-se com o que fazia, aquilo era natural para ele.  Tudo o que comprava era guardado, sentia grande estímulo nisso. Nada era imposto, fazia porque desejava fazer, e suas atitudes estavam de acordo com sua consciência e não sentia que estava violando a ética. No caso de Kane, a utilidade das coisas eram apenas para si. Anualmente, havia um prejuízo de um milhão de dólares, quantia que era gasta provavelmente com os objetos que acumulava. Quando fazia algo, dedicava-se extremamente. Foi o que fez com que investisse no canto lírico da esposa, a ponto de construir um teatro, pagar um professor para que ela cantasse com perfeição.

Apesar de dominar a arte dos negócios, era  fraudador, desonesto, aproveitador, vingativo. Tudo o que fazia influenciava a vida das pessoas e com isso atingia o nível moral e seu relacionamento com essas pessoas. As atitudes de Kane eram praticadas pensando exclusivamente em si. O resultado foi o afastamento dos amigos e da segunda esposa. Amargurado, deixou de ter domínio sobre seu império e sua pessoa, deixou de inspirar confiança e admiração. O triste final de Kane foi consequência de não ter praticado a virtude dos deveres. Kane não fez o propósito de alcançar o bem social. Tudo o que restou da fortuna de Kanes foram cinzas. 

O ser humano precisa fazer escolhas durante a durante a vida. Procura sempre escolher o melhor, algo que lhe dê estímulo e prazer. Essas escolhas passam por sua consciência. É preciso firmar um compromisso com essa escolha e com o trabalho: fazê-lo sempre de forma prazerosa, buscar conhecimento, e domínio, atualização constante e com perfeição, fazer de forma parcial ou desconhecer uma parte fere os preceitos da moral. A ineficácia leva à culpa. Nada justifica um trabalho ineficaz. O dever envolve a posse do saber. Essa eleição deve ser natural para que a tarefa seja feita de forma prazerosa, para que haja há harmonia sem causar prejuízo para alguém, sem cometer infração contra a ética. Nem sempre pode escolher de acordo com sua vocação, mas por critério de seleção, por identificar-se com o trabalho. Não se pode excluir do trabalho o seu caráter utilitário. O dever precisa ser algo que trás benefício e bem estar, uma vontade espontânea e não uma imposição ou obrigação. Essa é uma regra que vale para a vida toda. O dever da qualidade da execução depende de escolhas práticas, úteis, causadoras de benefícios. A origem do dever está em escolher e firmar um compromisso e cumprir esse compromisso com prazer, por iniciativa própria.

A profissão Eleva o nível moral do indivíduo mas também exige dele uma prática correta, baseada na virtude . Saber não é suficiente, ter competências  científicas, tecnológicas e artísticas também não é suficiente. Para que o dever profissional seja autêntico, é necessário. É preciso que a virtude e a excelência sejam aplicadas no relacionamento com as pessoas. Não só uma virtude, mas todas elas. Isso é chamado de lealdade ao cliente. Deve receber toda atenção. Há relatividade quando se aprecia a virtude, elas são variáveis. No exercício da profissão o social é mais importante que o individual. Os profissionais líderes e notórios são os que estimularam suas virtudes, cumprem seus deveres. São verdadeiros, respeitam seus semelhantes, procuram ter uma conduta justa, equilibrada, passar confiança, pensar no social.  

Todo profissional deveria ter por princípio dominar o conhecimento da profissão que desempenha, de forma utilitária e eficaz. Um trabalho ineficaz, negligente, sem qualidade de execução, não tem excelência. É imprescindível para o profissional buscar atualização constantemente, buscar novas práticas e desempenhá-las de forma responsável. A conduta de um profissional nem sempre corresponde ao ideal que a sociedade espera. Atitudes prejudiciais são corriqueiras em todos os setores da sociedade moderna: abusos, pressões psicológicas, arbitrariedade, traições, corrupção. Tudo isso está resumido numa única palavra: desonestidade. É imprescindível que esse tipo de problema seja solucionado. Uma forma eficaz de eliminá-lo é trabalhar a educação moral, que ensina como cuidar da própria reputação e como agir com as demais pessoas. Vai trabalhar valores que se incorporam ao indivíduo e melhoram seu caráter. 

Um bom profissional norteia suas atitudes em diversas virtudes que auxiliam sua conduta moral. São virtudes indispensáveis para o desenvolvimento da ética. Dentre essas virtudes, a de maior alcance social é o zelo. O zelo ou cuidado, leva o profissional a executar uma tarefa com maior a perfeição possível, com o objetivo de favorecer sua própria imagem. Ele se fundamenta na relação entre o sujeito e o objeto de trabalho. Os maus serviços são indicadores de traições à confiança depositada. Quando não se tem convicção de um bom trabalho, é mais digno recusá-lo. O respeito pela tarefa e por quem dela necessita é prioridade.

23 de agosto de 2015

A saída dos operários da Fábrica




A saída dos operários da fábrica é tido como o primeiro filme da História do cinema. Feito na França, foi dirigido por Louis Lumière. Na realidade é um  documentário curta metragem do cinema mudo, um minuto apenas, que em mostra pessoas saindo de uma fábrica.
            Nota-se que foram gravadas várias cenas com cortes e que posteriormente estas foram adicionadas uma após a outra, formando uma sequência. O filme é real, mas não tão natural. A impressão que se tem é que os trabalhadores foram avisados, pois estão bem arrumados, como se não existisse pobreza, e não olham de forma alguma para a câmera, é com se a câmera estivesse escondida. Os empregados saem todos em ordem e não se esbarram, tudo está muito perfeito.
            O filme nos remete ao século passado, no auge da Revolução industrial. Suas imagens servem para uma reflexão sobre a sociedade e a economia da época, representados nos trabalhadores da fábrica. É visível que a maioria dos trabalhadores eram mulheres ainda jovens. Pela quantidade de pessoas que saem da fábrica, ela deveria ser muito grande. As pessoas se misturam a uma charrete puxada por cavalos e a um carro-de-bois.

            Por se tratar de um filme do início do cinema, com tecnologia muito simples, as imagens mostram as pessoas andando muito rápido, o que provavelmente não interferiu na avaliação das pessoas quando viram o filme.