Os Retirantes _ Cândido Portinari – 1944 - Óleo s/ Tela. 190 x 180 cm
Museu de Arte de São Paulo Assis
Chateaubriand.
OS RETIRANTES
Cândido
Portinari nasceu em 1903 em Brodosqui, Estado de São Paulo. Desde criança
trabalhou na lavou de café, fato que influenciou sua obra. Aos 9 anos entrou em
contato com a pintura, auxiliando na restauração da Igreja Matriz local. Aos 15
foi sozinho para o Rio de Janeiro onde trabalhou durante o dia e estudou Artes à noite. Começou a expor seu trabalho e
em 1925, com 23 anos, atraiu a atenção
dos críticos. Tornou se uma artista admirado no Brasil e na Europa, onde
conheceu vários países e obras de pintores famosos. Voltou para o Brasil e encontrou sua maneira
de pintar. O café passou a ser seu tema favorito. Pintou grandes painéis em
locais públicos e passou a expressar a realidade vivida pelos trabalhadores:
Cansaço, sofrimento e temas políticos. Numa viagem a Nova York visitou o museu
de Arte Moderna e conheceu a pintura cubista de Picasso, Guernica e se
Surpreendeu. Neste momento de sua vida era grande admirador do Partido
Comunista, o que fez com que suas obras fossem rejeitadas até pela Igreja e assim ele o
passou ele passa a ser visto como um perigo à sociedade. Naquele momento
histórico, a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto aconteciam na Europa, No
Brasil, o nordeste é dizimado pela seca, e Getúlio Vargas é o Presidente da
República.
Portinari pintou “Os Retirantes” sob esses acontecimentos.
Numa análise estética percebe-se que sua
obra recebeu influências de Pablo Picasso, pois tem traços do cubismo, algumas
roupas têm formas geométricas. Não existe perspectiva, é com se fosse uma
escultura. O fundo distante tem umas poucas montanhas bem claras. As cores são
escuras e dão um ar pesado à tela.
Portinari empenhou-se em
mostrar a falta de uma política sem preocupação com a situação do nordestino
brasileiro. Mostrou a situação de trabalhadores rurais que eram penalizados
sempre que a miséria atingia, como acontecia no país naquele momento. A pintura “Os Retirantes”, acentua as
desigualdades sociais: a pobreza e consequentemente a fome. São nove personagens que olham para o
expectador. A tela mostra a necessidade que o nordestino tem de abandonar sua
terra em busca de uma vida melhor em outra parte do país. Duas famílias, duas
gerações. Analisando dessa forma, é possível perceber que Portinari foi realmente
um homem voltado para as questões sociais, pelo fato de ter presenciado isso no
Brasil, um pintor que procurou retratar pessoas reais, famílias numerosas, o
homem, preso ao campo e o Brasil, essencialmente rural, e isso o incomodava.
Esses
argumentos são imprescindíveis quando se
quer observar a obra do ponto de vista poético. Portinari foi influenciado
desde pequeno pelo que presenciou. Para atingir seu objetivo de atrair a
atenção da situação brasileira, Portinari lançou mão da dramatização. Procurou criticar
o sistema de governo para chamar a atenção e provocar uma mudança. Mostrou-os
paupérrimos e em pleno êxodo, tudo o que
têm, cabe numa pequena trouxa: A pé, descalços,sem o mínimo de segurança e bem
estar, duas famílias com filhos pequenos fogem da seca. A miséria e o perigo
iminente de morte. os igualou. Todos são mostrados desfigurados, cadavéricos, com
ar de tristeza e solidão, esfarrapados, nus ou seminus buscando apoio encontrando
proteção uns nos outros, já que não podem contar com ninguém mais, como
Portinari estava habituado a ver. Usou
cores escuras, como se as pessoas estivessem sujas. Portinari também mostrou um grave problema de
saúde: uma criança seminua com aparência de portadora de esquistossomose, uma
doença acarretada geralmente quando há falta de saneamento básico. Não há
nenhuma vegetação. Avista-se ao longe o cume de algumas montanhas. O céu também
foi pintado para chamar a atenção. Além de escuro, muitos pássaros negros,
abutres, esperando o momento em que o grupo não resistir mais e sucumbir. O
cajado do senhor mais idoso e uma ave formam uma imagem que lembram o cajado da
personagem morte. O sofrimento desta família mostra a situação de inúmeras
famílias brasileira. Portinari não poupou esforços para fazer uma crítica
social.