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Já faz tempo que eu não escrevo. Esta semana, após receber uma foto, senti vontade escrever sobre as circunstância em que ela foi feita.
Há algum tempo eu viajava até uma cidade vizinha para fazer companhia para minha mãe que estava hospitalizada. Era um daqueles dias com tudo para nos deixar de mal com a vida. O sentimento de ir para o hospital quando estamos com saúde não é agradável. Neste dia a temperatura havia caído e um friozinho chato se manifestou. No Oeste o tempo estava chuvoso, no Leste o Sol teimava em mostrar a cara.
Peguei uma carona com uma pessoa da família que ia visitar minha mãe e trazer minha irmã, troca de sentinela. Logo que saímos da cidade, notamos um arco-íris, fiquei imaginando a Arca de Noé. Não me recordo de ter visto um arco-íris mais lindo que esse. Suas cores eram vivas e era possível vê-lo inteirinho, enorme, majestoso. Fiquei encantada. Na saída da cidade meu parente parou o carro e o fotografou. Durante meia hora tivemos sua companhia. À medida em que o carro avançava, ele também se deslocava na mesma velocidade do carro.
A vida é um enigma. Ao mesmo tempo em que nos deixa tristes com uma doença, nos mostra sua beleza num belo arco-íris. O que me encanta é saber que cada segundo é único. Ás vezes fico admirada observando um pôr-do-sol e pensando: “O pôr-do-sol de amanhã será diferente”. Apesar de contemplá-lo do mesmo local, as nuvens terão outras cores e tamanhos, o ar outra temperatura, o vento terá outra direção e sua velocidade certamente será diferente, as árvores já terão perdido algumas folhas velhas e terão novas folhas, os pássaros estarão pousados em outros galhos. Eu também não serei mais a mesma: já terei adquirido mais algumas horas de vida, mais um pouco de experiência, também já terei envelhecido um pouquinho mais...
Gosto de caminhar à tarde. Vou com uma amiga. Temos o hábito de passar sempre pelas mesmas ruas, mas para mim isso não é uma rotina. As pessoas, os carros, as crianças que jogam bola ou brincam de bicicleta nas calçadas não são sempre as mesmas. Um dia sinto o cheiro saboroso do jantar sendo preparado, outro, o perfume do cafezinho que floresceu (uma espécie de jasmim). Os assuntos da conversa com a pessoa que me acompanha são sempre outros: sobre a mulher que está com câncer de mama, sobre a fulano, que tem traído a esposa, sobre o neto que balbuciou as primeiras palavras, sem falar da receita de bolo fácil de fazer, do ...
Que coisa bem feita! Na realidade, a rotina não existe. Nós é que a fazemos quando não observamos o que acontece a nossa volta. É uma pena! Por distração, muitas vezes deixamos a vida passar sem desfrutarmos de sua beleza! Fiquemos atentos a esses momentos únicos.
A propósito, minha mãe se recuperou e voltou para casa.
Vinte e cinco de Julho é dia do aniversário do Município de Alto Piquiri. Pensei em escrever brevemente sua história, mas eu teria que pesquisar, aí mudei de idéia. Decidi escrever sobre o mocotó. Por causa da política, não vou entrar em detalhes, apenas que, como em qualquer cidade do interior, dois partidos disputam voto por voto as eleiçõe: são denominados popularmente por "Mocotó" e "Tiririca". A disputa fica acirrada, e as pessoas, muitas vezes, olham-se com uma certa rivalidade, que após às eleições ficam adormecidas até a próxima campanha política. É um assunto complicado que já causou muita discórdia, e não é este meu objetivo. Vou falar do mocotó de boi, para quem não sabe o significado, é o pé do boi, no sentido literal. No município há muitas fazendas de criação de gado para o abate, o que acontece num frigorífico local, propriedade do Prefeito Municipal.
O mocotó de boi tornou-se uma iguaria local muito apreciada. As pessoas de baixa renda o procuram nos mercados por ser de ótimo sabor, alto valor nutritivo e barato. Pelas mesmas razões, o caldo de mocotó também é servido em bares e na feira local. Durante as campanhas políticas é servido em reuniões populares.
Outra forma muito boa de se apreciar o mocotó é, principalmente no inverno, servindo um caldo bem temperado para reunir os amigos e celebrar a fraternidade. O interessante é que essas reuniões também recebem o nome de mocotó. Por exemplo: quando alguém quer convidar um amigo para uma dessas reuniões diz: - Vamos no mocotó hoje à noite na casa do fulano de tal?
É igualmente saborosa a geléia feita do mocotó, não aquela industrializada, mas a caseira, vendida de porta em porta, nos mercados e na feira-livre.
Faça o uso das RECEITAS DE MOCOTÓ e não se esqueça de convidar os amigos para saborearem juntos essas delícias.
Se um dia, você visitar esta cidade, não perca tempo, aprecie este prato local e coma de nossa geléia, você não vai se arrepender. Pela seu alto valor nutritivo, seu sabor exótico e seu preço popular, o mocotó bem que poderia ser considerado o prato típico de Alto Piquiri.
Eu não podia deixar de escrever este fato. Aconteceu na última quinta-feira (12 de abril de 2007) nos Município de Alto Piquiri e de Brasilândia do Sul. Pode ter se repetido em outros locais vizinhos a estes municípios, porém não é de meu conhecimento. Não citarei nenhum nome para não constranger ninguém, já que não tem investigação científica e baseia-se em relatos.
Havia chovido à tarde, mas no início da noite a chuva parou. A noite chegou. Nas ruas as luzes se acenderam. Tudo ainda estava úmido e o céu estava encoberto por nuvens baixas. Mesmo assim as pessoas se animaram para comprar verduras e alimentos na feira dos produtores rurais que é montada uma vez por semana entre a praça pública e a Igreja Católica. Nas ruas pessoas que voltavam para casa, estudantes atrasados indo para a escola, pessoas nos bares e jovens chegando para o habitual encontro no calçadão da avenida principal, em frente às lanchonetes. Nas casas pessoas terminado seu jantar.
O Telefone tocou. Ela atendeu. Era uma amiga dizendo que saísse de dentro de casa, que fosse para o quintal e olhasse para o céu. A amiga que ligou acabara de chegar da feira onde com outras pessoas havia visto aquele fenômeno: Luzes no céu, que davam a impressão de que estavam sobre o estádio de futebol. Recomendou que apagasse as luzes da casa e que se escondesse atrás de uma árvore ou coluna se por acaso alguma lâmpada de poste atrapalhasse a visão.
Muito curiosa Ela saiu ao quintal, procurou um bom local e avistou o fato extraordinário. Do lugar escuro, viu a novidade: No céu, apesar de nublado, enxergou na direção descrita um grande circulo de luz, não muito claro. O círculo aumentava e diminuía de tamanho. Também emitia raios muito longos e estes raios giravam. Imediatamente argumentou consigo mesma: “Quem afirma ter visto discos voadores teriam visto algo semelhante? Seria aquele circulo enorme um disco voador?” Como estava escuro, a imagem não era nítida, parecia ser algo grandioso. No momento não existia uma explicação. Imediatamente deu alguns telefonemas avisando outras pessoas. Essas pessoas se juntaram a Ela e ficaram observando. Muitas opiniões: “Parece luz de boate. É uma luz de carro. É um holofote aceso no estádio de futebol. É uma luz sinalizando para o avião da usina de álcool que trabalha a todo vapor. Disco voador não é. É um disco voador, ... ”
Enquanto isso, nas ruas e nas casas as pessoas se telefonavam, ligaram até para o Padre. Por todos os lugares havia curiosidade, especulações, suposições, medo: “Chegou o fim do mundo! É uma invasão de extra-terrestre! Isto vai trazer doenças! Isto é um balão! É uma luz que vem do interior da Terra! Todo mundo vai morrer hoje! Isto é um sinal de Deus, que usou um círculo simbolizando um abraço, para que as pessoas entendam que precisam se unir, Deus está pedindo paz! ...” Nas casas houve quem se recolheu para rezar, quem se ajoelhou e pediu perdão dos pecados, quem chorou, criança que se escondeu embaixo da cama. Outras pessoas afirmaram tratar-se de uma luz de refletor! ... Vários corajosos foram de carro até o estádio e não viram nada, as luzes estavam apagadas, não acontecia nenhum jogo. Nas ruas principais muitas pessoas. Quem soube o que estava acontecendo deu um jeito de olhar para o céu.
O espetáculo não se limitou ao estádio de futebol. Num clube local, alguns sócios estavam reunidos e alguém recebeu um telefonema: Havia luzes numa fazenda da região. Entenderam que a fazenda estava sendo invadida por ladrões e que as luzes seriam do carro da polícia. Imediatamente foram para a fazenda e voltaram rindo por não encontrarem nada que justificasse a notícia.
No Município de Brasilândia do Sul parece que muita gente também ficou assustada e até os policiais foram comunicados.
As luzes continuaram no local, não sei até que horas da noite. Não aterrissou nenhuma nave espacial. Ninguém teve a felicidade ou infelicidade de ver um extra-terrestre. Para alívio geral, o mundo não acabou, não aconteceu o armagedon. As pessoas se recolheram. Penso algumas não tiveram uma noite muito tranqüila. Alguém que se levantava de madrugada para trabalhar numa cidade da região faltou ao serviço afirmando que as luzes eram um sinal da proximidade do fim do mundo.
No dia seguinte chegou a explicação: No Município de Iporã, distante aproximadamente vinte quilômetros em linha reta, aconteceu na noite anterior um rodeio de peão boiadeiro. Para que o espetáculo fosse mais atraente e fosse freqüentado por muitos expectadores, foi usado um potente canhão luminoso. Eram luzes que giravam. Somadas às condições climáticas, provocaram o fenômeno que conseguiu atrair a curiosidade e também assustar grande número de habitantes da região. Vejam como um acontecimento físico pode sugerir algo inexplicável.
Terezinha Bordignon