A
literatura de cordel nordestina é proveniente da Península Ibérica, onde
imperou o trovadorismo. Até 1808, não se permitia a impressão de obras
literárias no Brasil, mas isso não foi um problema, pois ela já existia na
forma oral ou manuscrita. Essa literatura adquiriu características brasileira,
principalmente nordestina. Escrita em versos de cinco, sete e dez sílabas,
destaca-se por sua qualidade, sua sátira e sua crítica social. O poeta
cordelista, antes de mais nada, precisa ser um observador sensível da vida
pública, da política e necessita de uma imaginação inesgotável, pois seus
versos influenciam outras gerações de poetas sucessores. Eles também exercem um
grande fascínio popular. Além da irreverência da linguagem coloquial e dos
temas que chamam a atenção do leitor, o cordel está junto do seu leitor. Ele é
vendido em formato de livrinhos nas feiras livres e praças no nordeste.
Segundo
Isaias Gomes da Silva, cordelista, o que caracteriza a literatura de cordel é o
gênero literário e não o fato dos livrinhos serem expostos em cordas ou
cordéis. Isaias afirma que antes do nome cordel esse tipo de literatura já
existia. Esse nome era usado em Portugal no Século XVII. No Brasil, essa
nomenclatura só se popularizou na década de 60. Foi um nome dado aos romances e
folhetos que se vendiam na feiras livres do Nordeste sobre malas, mesas ou no
chão, e não pendurados em barbantes ou cordas, conforme afirmam alguns
historiadores. Os folhetos só passaram a ser pendurados em cordéis na década de
70 pelos vendedores, dentro dos estabelecimentos comerciais.
Uma
curiosidade é que esse tipo de literatura popular também tem suas raízes
fixadas em outros países: México, Chile, Nicarágua e Argentina. Até a gravura
que ilustrava os textos mexicanos e chilenos apresentam características parecidas
com a do cordel brasileiro.
O
cordel brasileiro não ficou limitado ao Nordeste. No Estado do Pará ele também
se desenvolveu. Cordelistas nordestinos, fugindo da seca e com o desejo de
enriquecimento, em pleno auge da borracha, ali se estabelece. Junto com eles veio
as tradições e valores culturais do Nordeste, mas ali no Pará os cordelistas
usam pseudônimos, O razão é que o cordel está ligado à classe popular e os
cordelistas exercem outras profissões e não querem se associar a pessoas de uma
cultura mais simples.
O
Brasil tem grandes cordelistas: O precursor foi Leandro Gomes de Barro, que
chegou ser comparado a Olavo Bilac.
Isaias
Gomes da Silva também afirma que a xilogravura não é o único meio de ilustração
do cordel. Ela se tornou popular a partir dos anos 40, e que até 1920 o cordel
era publicado com capa sem ilustração alguma. Aos poucos começaram a surgir
cordéis com capas ilustradas com fotos de artistas do cinema, ou de seus
autores, e até de alguns personagens do folheto.
Antes
da popularização das xerocadoras, os cordéis eram impressos em papel jornal
para baratear os custos. A partir das máquinas de xérox, das pequenas gráficas,
das impressoras a jato de tinta, o papel ofício e A4 foram substituindo o papel
jornal, mas o poeta cordelista vive da renda de seus folhetos, para ele não
importa o papel.
A
xilografia se popularizou a partir de 1940. Começou a ser usada para baratear
os custos dos livretos, uma vez que o poeta não mais precisava se deslocar de
sua cidade para fazer a capa. Ele mesmo poderia confeccioná-la. No início elas
não eram muito bem feitas, mas com a prática do artista, elas foram sendo
aperfeiçoadas. Surgiram então grandes artistas da xilogravura. Eles passaram a
divulgar suas xilogravuras junto com os folhetos e a defender a xilogravura
como única forma válida para ilustrar a literatura de cordel, porém nem todos
os artistas acataram a idéia.
Portanto,
a literatura de cordel e a xilogravura nasceram e trilharam caminhos
diferentes, até se encontrarem. A xilogravura nunca foi muito aceita no meio popular,
mas, por decisão da Academia ficou estabelecido que ela deve fazer parte da
ilustração do cordel, apesar de não ser ela quem determina o que é ou deixa de
ser cordel, mas o seu texto.
REFERÊNCIAS
CORDEL DA COPA 2014
NAS ONDAS DO HUMOR
Autor:
Antonio Barreto- Santa Bárbara/BA
A respeito dessa Copa
Já foi tudo comentado
Não podemos contestar
O sucesso alcançado
Mas agora o que importa
É humor pra todo lado!
Já foi tudo comentado
Não podemos contestar
O sucesso alcançado
Mas agora o que importa
É humor pra todo lado!
2
A torcida foi chamada
Para dar sua opinião
A respeito do Brasil
Treinado por Felipão,
Então veja a voz do povo
Dessa sofrida Nação:
Para dar sua opinião
A respeito do Brasil
Treinado por Felipão,
Então veja a voz do povo
Dessa sofrida Nação:
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https://barretocordel.wordpress.com/2014/07/29/cordel-sobre-a-copa-do-mundo-2014-nas-ondas-do-humor/
Xilogravura feita com isopor(tampa de marmitex) e tinta guache.