Há tempos deixei de abastecer este Blog, mesmo assim ele continua ativo, servindo de inspiração para muitos professores. Se você chegou até aqui, saiba que os conteúdos aqui postados são aulas que preparei para mim. Eu não quis guardar minhas experiências, pois sei que a maioria dos professores não têm muito tempo. Aproveite. Blog criado em 18/09/2006

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1 de fevereiro de 2008

Origem das palavras

DE ONDE VÊM AS PALAVRAS


LEVOU UM PUXÃO DE ORELHA

A origem desta frase, expressão que significa repreender, está ligada a antigas tradições populares, que a recolheram de usos e costumes nem sempre vagos, já que inspirados também em documentos jurídicos. As Ordenações Afonsinas prescrevem que os ladrões tenham as orelhas cortadas. O grande navegador português Vasco da Gama (1469-1524) relatou o corte de 800 delas. E Gomes Freire de Andrade, o conde de Borbadela (1685-1763), governador e capitão-geral do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, personagem do filme Xica da Silva, de Carlos Diegues, recebeu 7800 delas. Depois as orelhas deixaram de ser cortadas e foram somente puxadas. Por fim, tudo virou apenas metáfora de admoestação.

A CASA DA MÃE JOANA

A expressão ‘casa da mãe joana’ alude a um lugar em que se pode fazer de tudo, onde ninguém manda. A mulher que deu o nome a tal casa viveu no século XIV. Chamava-se, obviamente, Joana e era condessa de Provença e rainha de Nápoles. Teve vida cheia de muitas confusões. Em 1347, aos 21 anos, regulamentou os bordéis da cidade de Avignon, onde vivia refugiada. Uma das normas dizia: “o lugar terá uma porta por onde todos possam entrar”. ‘Casa da mãe joana’ virou sinônimo de prostíbulo, de lugar onde impera a bagunça, mas a alcunha é injusta. Escritores como Jean Paul Sartre, em A prostituta respeitosa, e Josué Guimarães, em Dona Anja, mostraram como o poder, o respeito e outros quesitos de domínio conexo são nítidos nos bordéis.

ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA

Utilizada para designar a pertinácia como virtude que vence qualquer dificuldade, por maior que seja, esta frase perde-se nas brumas do tempo, mas um de seus primeiros registros literários foi feito pelo escritor latino Ovídio (43 a.C.-18 d.C.), autor de célebres livros como A arte de amar e Metamorfoses, que foi exilado sem que soubesse o motivo. Escreveu o poeta: “A água mole que cava a pedra dura”. É tradição das culturas dos países em que a escrita não é muito difundida formar rimas nesse tipo de frase para que sua memorização seja facilitada. Foi o que fizeram com os provérbios portugueses e brasileiros.

SER SURDO COMO UMA PORTA

A pesquisa sobre a origem desta frase toma um caminho que logo se bifurca. Para alguns deve-se a costumes religiosos da Roma antiga, segundo os quais algumas portas eram consideradas deusas a quem muitas pessoas, especialmente os namorados, faziam suas súplicas. Quando os pedidos eram atendidos, a porta recebia agradecimentos em forma de palavras, abraços, beijos, lágrimas de alegria. Quando, porém a porta se mostrava surda Às solicitações, era ofendida com diversos impropérios que visavam castigar a sua surdez. O costume foi registrado pelo escritor latino Festus, que viveu no século quarto. O filósofo João Ribeiro (1860-1934) tem, porém, outra explicação. Surda era a porta que não abria por ter seus fechos emperrados e por conseguinte não emitia som algum.

TAL PAI, TAL FILHO

Esta frase sintetiza a sabedoria popular de que os filhos reproduzem qualidades e defeitos dos pais. Muito antiga, já aparece no canto III de Os Lusíadas, de Luís az de Camões. Ao inserir a frase nos seus verso, o poeta quis dizer que Dom Afonso Henriques (1110-1185), o primeiro rei de Portugal, herdara a coragem de seu pai, que participara da Primeira Cruzada, cujo fim era retomar o Santo Sepulcro das mãos do turco.

3 comentários:

A humanidade é um oceano. Se algumas gotas estão sujas, isso não significa que ele todo ficará sujo. (Mahatma Gandhi)